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domingo, 23 de janeiro de 2011

MEU QUERIDO TOM

Infelizmente não tivemos oportunidade de nos despedir, como fazem os verdadeiros amigos, razão porque desta carta em que rememoro os dias felizes que vivemos nestes últimos meses e as tristezas destes dias finais. Algumas coisas que não foram externadas e ditas na época própria e nunca mais serão ouvidas e compreendidas por você, espero que eu as diga agora e possa de uma certa forma exprimir o quanto sinto não ter feito tudo o que deveria ter feito para salvá-lo e para continuarmos juntos. Nas minhas lembranças, volto aquele, dois de junho e vejo-o no instante mais triste da sua vida. Você ali enjaulado, dentro de uma caixa de fibra bege e marrom, com janelas de arames trançados, em cima de uma pick-up, domingo a noite, sendo levado para uma clínica a fim de ser tratado de uma retenção urinária. Jamais eu poderia imaginar que esta cena seria a última lembrança que eu teria de você, meu querido amigo Tom.....A primeira vez que te vi, você estava no colo de minha futura nora, junto com mais dois irmãos seus, numa praça em Olaria e que ainda dependiam do leite materno de sua mãe Vitória, uma pura gata persa. Logo que colocamos os olhos em você, não tivemos dúvidas quanto a quem queríamos. Meu filho mais novo, apontando para você disse: - É este. Você possuía as cores  cinza escuro, branco e algumas rajadas de amarelo nos seus flancos. Como charme você possuía uma mosca cinza em baixo do lábio inferior, que contrastava com sua boca e queixo branco.Passados alguns dias após este primeiro contato, que foi o período para o seu desmamamento, a minha nora anunciou que poderíamos busca-lo. A princípio fiquei reticente em criar um gato, pois sempre gostei de cães, tendo algumas boas lembranças, como o Balú, a Burica  e o Sheik que partilharam um bom tempo de minha vida. Na verdade eu tinha mesmo preconceitos contra gatos, pois eu sempre ouvira falar de que gatos não são amigos dos donos como os cães e se apegam a casa onde vivem. Para estimular o nosso apego por você, minha nora nos deu uma cesta grande de vime, com uma almofada na cor azul, cheia de desenhos de gatos amarelos e brancos no tecido. Ao vê-lo assim acabaram-se todos os preconceitos e foi uma babação geral. Depois de alguns nomes rejeitados, chegamos ao consenso de que você deveria chamar-se Tom Tom. Você ainda apavorado pela ausência de sua mãe Vitória soltava alguns miados baixinhos. Depois de algumas mudanças, você passou a dormir não só no meu quarto como na minha cama. A princípio era uma coisa estranha, pois antes de dormir você como que ligava um motorzinho e ficava passando de um lado para o outro pela minha cabeça, ligadão. Depois você ia para os meus pés, se acomodava e dormia quietinho. Neste ínterim você crescia e trocava a cor do seu pelo de cinza quase chumbo para um cinza mais claro. A cada dia nos deliciávamos com suas brincadeiras de puxar fios e dar tapinhas em rolos. A casa era uma alegria só. Mais do que sua beleza o que realmente contava era o seu carinho e afeto bem como a sua mansidão. Além disto você era um fiel amigo, que quando me via chegar, corria para o portão e vinha passando entre as minhas pernas e de vez quando rolava no chão para eu fazer um carinho. Quando estávamos com algum problema você parece que percebia no ar alguma coisa diferente e logo começava a passar perto da gente fazendo um carinho com o seu corpo e por conta disto esquecíamos o problema para dar atenção a você. Foram tantos os bons momentos vividos por nós e você neste rápido ano que passou, que não dá para relatar todos nesta carta. Por isto Tom me desculpe pela falha da minha memória e por não estar sendo justo com tudo o que você fez por mim. Hoje eu entendo aquele diretor de cinema americano que morreu num incêndio, tentando salvar o seu gato de estimação. Não há nenhuma estupidez quando se dá a vida para salvar um grande amigo. Infelizmente eu não pude fazer muita coisa para salvá-lo. Aceitei passivamente o diagnóstico de um único veterinário de que você estava com retenção urinária e de que teria colocar uma sonda direta em sua bexiga. Como não deu certo teria de fazer uma cirurgia para tirar as pedras de seus rins. Autorizei tal cirurgia. A operação foi feita e como os seus rins estavam mal formados e cheios de pedras quais cristais, conforme relatado por tal veterinário, ele resolveu sacrifica-lo para não haver mais tanta dor para você. Por tudo isto Tom, eu gostaria de lhe pedir o seu perdão. Eu não lhe dei outra oportunidade. Não houve da minha parte qualquer questionamento ao parecer do aludido veterinário. Você confiou a sua vida totalmente em mim como seu protetor e eu lamentavelmente falhei.  Concluindo Tom, apesar do pouco tempo que você esteve entre nós você nunca será esquecido, pois você foi como um raio de luz em nossas vidas sombrias. Como todo o raio durou pouco mas o suficiente para nos iluminar. Num ano ruim cheio de problemas, você trouxe a alegria e muita felicidade, agora o que resta é uma enorme saudade e um vazio. Só depois da perda é que nos damos conta do quanto você foi especial e será insubstituível nos nossos corações. Um beijo no seu coraçãozinho do seu ...papai!         

5 comentários:

  1. Eu já tinha ouvido falar nessa carta mas nunca tinha lido. Eu tive um gato que morreu de repente e tal qual o Tom era muitíssimo especial e sentimos muito sua falta.
    Obrigado por compartilhar conosco um sentimento que com certeza entendemos.

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  2. É isso aí Vinicius, neste blogg eu apenas fiz um resumo do que o TOM representou para nós.Um dia se quizer eu lhe forneço todo o teor da carta,a sua morte foi muito dolorosa pra mim, Ana Paula e o Lucas.Nós choramos muito. Só quando nós passamos pelo mesmo problema é que compreendemos as outras pessoas. Um abraço!!!

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  3. Nem fala...
    Quando minha gatinha se foi, a Suzi, minha mãe teve que tomar remédios, é uma despedida muito dura...
    Alguns animais especiais bem que poderiam retornar também.

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  4. Pois é Paulo. Hoje levei nosso gato, o Mozart a Pet para seu banho e vacinação. Qual minha surpresa ao retornar algumas horas depois e saber que ele morreu de repente. Um ano e tres meses de convivência. Veio para nossoa apartamento com um mês de idade. O vazio sentido neste momento é muito grande. Ele foi muito especial. Adivinhava quando íamos chegando e corria para a sacada (2º andar), ficava deitado miando, esperando-nos subir ao apto. Jamais imaginava ter um gato no apto. Sempre criei cachorros quando morava numa casa com pátio. Foi o primeiro gato, e este mudou minha opinião sobre os felinos. Por enquanto não penso em ter outro animal. Quem sabe o tempo muda minha opinião. Agora só espero o resultado da necropsia. Acredito que algum problema no coração foi o causador desta ausência. Lendo teu texto fiquei mais tranquilo. Obrigado por partilhar sentimentos.

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  5. Obgdo Priscila por suas palavras e desejos de melhora. Infelizmente o meu querido Cook, que tinha uns doze anos de idade e era um persa show não resistiu a sua grave doença cardíaca e pulmonar, veio a falecer. É uma perda lastimável, que deixa um enorme vazio. Mas o tempo que ele passou sempre do meu lado, como um companheiro inseparável, será inesquecível. Desejo que o seu gato viva bastante e lhe traga as mesmas alegrias que o meu Tom e o Cook me trouxeram. Ainda tenho um outro gato o Nino, que é irmão do Tom, espero que ele ainda viva um bom tempo comigo.

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