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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A FEIJOADA MAIS QUE COMPLETA

Comer é uma das boas coisas da vida. Sim, apreciar boa alimentação, degustando com prazer, pratos bem temperados, azeitados e regados com uma boa taça de vinho, nos dá um enorme prazer. O Criador nos brindou com uma variedade de alimentos e sabores, que nunca ficaremos entediados com esta faceta que é comer e ficar satisfeito com o que nos mantém vivos. Poder comer fora de casa num bom restaurante é um prazer a mais. Sempre que as condições o permitem, gosto de me dar ao luxo a esta regalia. Mas nem sempre foi assim. Muitas vezes o comer tinha como objetivo único matar a fome, o que de certa forma é o que nós basicamente precisamos para vivermos. Me lembro de certos fatos que aconteceram neste período, ou seja, comer qualquer coisa para matar a fome. Quando trabalhava num banco, ia almoçar numa lanchonete na Avenida Treze de Maio, perto do Teatro Municipal no Rio, era uma lanchonete simples, mais para "pé sujo". Uma vez fui com um colega de banco, o Orlando, até tal lanchonete. Ao olhar o "menu" vi que o melhor prato era um rosbife, (roast beefe) com fritas e arroz e pedi um para mim. O Orlando me acompanhou no pedido. Quando chegaram os nossos pratos, o Orlando ao ver aquela carne só tostada por fora e apenas rosada por dentro, disse: - A carne está crua, eu não sou cachorro para comer carne crua. Então lhe disse que rosbife era assim mesmo, carne assada, queimada apenas por  fora. Ele me respondeu enfaticamente:  - Não, rosbife que eu conheço é arroz com bife. Não deu para dialogar e ele mandou devolver o prato comendo outra coisa. Numa outra ocasião, trabalhava num cartório com uma escrevente de nome Iara. Um dia ela jogou no bicho e acertou os números de uma centena. Disse então para nós seus colegas: - Hoje o lanche no Bob`s é por minha conta. Partimos assim para um Bob`s e começamos fazer os nossos pedidos. Enquanto isto, Iara olhava para o cardápio colocado acima em uma tela de acrílico. De repente, grita bem alto para o atendente: - Eu quero um SANDAUDEMARSHIMALOVE. Foi um silêncio geral, com todos os olhares voltados para Iara, que achava a sua pronúncia de inglês perfeita. Após isto, nenhum de nós queríamos ficar perto da Iara, mesmo com ela pagando a conta, fingíamos até que não a conhecíamos de tanta vergonha. Numa outra ocasião, fomos até uma pensão que ficava num sobrado na Rua do Rosário. As mesas eram cobertas de pano xadrez vermelho e branco e a maioria estavam com algumas sujeiras de pingo de feijão, deixado pelos clientes anteriores. O prato do dia era uma feijoada. Todos pedimos a tal feijoada, por mais preguiça que tal comida daria na parte da tarde. Quando chegaram as nossas feijoadas, começamos a almoçar, como se viéssemos da Etiópia. Éramos uns cinco e entre estes estava o Celso, que falou após ver os ingredientes: - Opa, fui premiado com um pedaço de uma orelha de porco, item que ele gostava muito. Ficamos com uma baita inveja do Celso. Aí, ele passou a tentar cortar a aludida orelha para comer e nada. Primeiro pensou que sua faca estava cega e pediu uma melhor ao garçom. Mesmo com uma faca nova, Celso não conseguia cortar a "orelha". Falou então que achava que o porco de quem procedia tal "orelha" era velho, talvez um "cachaço" razão da dificuldade em corta-la, que dita orelha esticava como borracha. Desanimado, Celso, resolveu limpar tal "orelha" do caldo de  feijão que a envolvia, para ver o porque da impossibilidade de corta-la, só então descobriu, que dita "orelha" era na verdade um band-aid, deixado por algum cozinheiro, descuidado. Foi uma debandada geral, perda total da fome e com alguns até passando mal. É tal feijoada estava completa até demais. Época de vacas magras e até feridas!!!  .                      

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