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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

AS INUSITADAS VIAGENS DE TREM SUBURBANO







Antes de existir o metrô, algumas vezes por necessidade ou por ser a melhor opção, eu fiz viagens de trem, quando tive de ir no subúrbio do Rio servido pela Central do Brasil ou pela Leopoldina. Na maioria das vezes aconteceram fatos pitorescos que me vêm a lembrança. Numa ocasião, por causa da greve dos ônibus, eu estava de manhã numa plataforma lotada esperando um trem para ir trabalhar. Depois de um longo período de espera, que só fez aumentar o número de passageiros, chegou aquele bicho comprido de ferro e aço e parou. Só que as suas portas continuavam fechadas, com exceção do vagão que estava a minha frente, que já veio com as portas abertas. Eu era o ponta de lança e fui o primeiro a pisar dentro do trem. A multidão veio logo atrás de mim me empurrando, sem nem me deixar pisar no chão, com isto, não pude me desviar para o interior do trem e acabei entrando de um lado e saindo do outro, vendo o mesmo partir e eu ali na plataforma contrária, com cara de bobo, tão desolado que até desisti de ir trabalhar naquele dia. Em outra ocasião, fui visitar num domingo um amigo que morava em Madureira, então ele me falou que estava pensando em ir ao Estádio Mario Filho assistir  Botafogo e Flamengo, me chamando para ir com ele. Ele falou que a melhor condução era irmos de trem. Fomos  para a plataforma e pegamos o parador que, nos dias de jogos, para na estação Maracanã, bem em frente ao estádio. Quando entramos no trem, embora não houvesse lugar para sentar, ele estava vazio, mas a cada estação entrava uma leva de gente, principalmente de torcedores, que nos fazia parecer sardinhas em lata. Depois de algumas estações, fui empurrado para uma parte em que não tinha onde me segurar, pois a chupeta ou alça de ferro que serve para tanto estava com sua mola virada para cima. Por consequência, eu ficava caindo em cima de uma ou de outra pessoa, que reclamavam. De repente, o trem deu uma freada brusca que fez as pessoas se acomodarem, saindo um pouco de onde estavam. Aproveitei aquela oportunidade do espaço que se abriu, dei um  salto e agarrei a tal chupeta, trazendo-a para baixo. Deu certo na subida, só que aconteceu outro problema: o espaço aberto se fechou. Eu não conseguia fazer meus pés chegarem ao chão por mais que eu tentasse. Assim, durante o trajeto de duas estações, eu viajei a bem dizer no alto, em cima das pernas de um brutamontes que chiou bastante, até que eu consegui colocar os pés no chão. Sim, andar de trem lá no subúrbio sempre foi problemático para mim, nunca foi meu forte, por isso resolvi que só iria andar num deles de novo quando houver o prometido trem bala que levará duas horas do Rio até São Paulo. Fora disto andar de trem  no Rio, nunca mais.     

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