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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A PULSEIRA CRIADORA DE CASO








É muito conhecida a estória do marido que ao chegar em casa encontra sua esposa o traindo no sofá da sala e por conta disto, decide vender tal sofá por ver nele o pomo da discórdia familiar. De vez quando, nós somos partícipes e testemunhas de fatos com uma certa similaridade. Vamos então a minha estória. Na condição de advogado, fui procurado por um cliente que havia apresentado uma queixa-crime contra uma pessoa que havia lhe feito ameaças. Na audiência de conciliação no Juizado Especial Criminal (JECRIM), estavam lá presentes meu cliente (a vítima), o acusado (o marido) e sua esposa (o pivô dos fatos). Indagado, o marido alegou que havia feito tais ameaças a fim de que meu cliente parasse de assediar sua esposa, seja por cartas ou por telefonemas. As partes foram instadas pelo conciliador a agirem de modo civilizado, aconselhando para que meu cliente se abstivesse de dar em cima da mulher do acusado e este parasse de ameaçar meu cliente. Conciliação aceita nestes termos, o marido virou-se para a mulher e disse: - Agora você devolve a pulseira de ouro que ele te deu. Ela, prontamente sacou da bolsa uma pulseirinha e entregou ao seu marido que tentou repassar para o meu cliente, o "Ricardão". Este não quis receber o objeto e disse: - O que eu dei está dado, não quero de volta. Aí ficou um impasse impedindo o acordo e um grande mal-estar pairou no ar. Não vendo outra solução, eu disse: - Me dá esta pulseira e em ato contínuo peguei e coloquei-a  no  bolso, para alegria do conciliador e alívio das partes e o acordo foi firmado. Enquanto assinávamos o acordo do  bom viver, eu remexia o bolso, apalpando a pulseira pra lá e pra cá e falava com os meus botões: - que pulseirinha briguenta e arranjadora de caso, quase que você põe tudo a perder. Depois disto, fui pro escritório e dei a tal pulseira para a  minha secretária, mas a alertei do perigo de ter um objeto "tão perigoso".  É, muitas vezes atribuímos a alguma coisa inanimada a causa da pertubação e da paz quando, na verdade, são os nossos atos ou o que outras pessoas fazem que causam tais problemas e não este ou aquele objeto. Portanto, devemos repensar nossas atitudes antes de agirmos como néscios, culpando algo que não tem nada a ver.

2 comentários:

  1. Foi bom relembrar coisas de um tempo que já se foi. Certamente, para minha alegria, você me ajudou nessa conciliação. Um grande abraço, Ronaldo Barroso ( o conciliador )

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