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quarta-feira, 5 de junho de 2013

DESPEDINDO-SE DE UM GRANDE AMIGO




Uma das coisas mais tristes nas nossas vidas é a despedida de quem se ama. Mesmo que esta despedida seja passageira ela sempre causa muito pesar e a vontade que se tem é de que este momento demore ou nunca chegue. Infelizmente nas nossas vidas vamos acumulando diversas partidas e despedidas que nos ferem profundamente no íntimo, como se nunca fosse cicatrizar. Quando esta despedida é para sempre, sem esperança de retorno aí ela se torna desesperadora pois temos o pleno conhecimento de que nunca mais veremos este ser amado e compartilharemos de sua boa companhia que muita felicidade nos trouxe. Ao longo da vida tenho perdido muitos queridos parentes e amigos na morte mas tenho plena certeza de que os poderei reencontrar, quando o Criador depois de limpar a nossa querida Terra, os trouxer de volta à vida na ressurreição dos mortos. Será um momento emocionante, quando estas queridas pessoas acordarem do sono da morte e voltarmos a conviver juntos para sempre. Mas isto não ocorrerá com os animais que também tanto amamos e prezamos. Na sua morte, não há retorno a vida, assim, quando eles morrem ela se torna uma separação ou despedida para sempre. Isto já aconteceu com os meus amados cachorros, Balú, Burica, Tupi, Laika que tantas alegrias me proporcionaram. Também aos meus queridos gatos que em anos mais recentes, encheram a minha vida de plena felicidade, como o Tom, o Rajá e o último agora falecido, o Cook a quem jamais esquecerei por tantos bons momentos compartilhados. Ele, chegou como um presente de uma amiga para suprir em parte, a dor causada pela morte do querido Tom. Cada ser é diferente dos outros, nem ocupa de fato um lugar deixado e que pertencia a outro mas não posso deixar de registrar que a princípio fui meio reticente no meu comportamento com  relação ao Cook que já era um gato quase adulto, não tendo portanto acompanhado o seu crescimento. Embora fosse um lindo e puro gato persa, minha ex esposa o rejeitou de cara, por que diferente do Tom, ele não fora ensinado a fazer as suas necessidades numa caixa de areia colocada para isto e fazia na casa, quase sempre no box do banheiro. Assim, por diversas vezes fui instado por ela a me livrar deste "gato mal educado". Então no começo não foi uma boa relação de amizade. A minha carência sempre falou mais alto e aí embora ele não pudesse mais dormir dentro de casa o coloquei na varanda, onde permaneceu como seu abrigo até o fim de sua vida. O que lhe faltava de educação neste aspecto, lhe sobrava em fidelidade e amizade. Depois de um certo tempo a nossa amizade se estreitou e a onde eu estivesse, lá estava o meu querido Cook por perto, como se fosse um gato de guarda. Uma das coisas que ele mais gostava quando me  via, era de imediato se deitar, virando-se de um lado para outro, esperando para eu lhe dar palmadinhas em seu traseiro. Embora tivesse uma cara meio sisuda como se estivesse sempre zangado, era muito dócil, as crianças faziam dele sapato, porque gato ele já era. Quando eu saía ele ia para o portão e ficava lá sentado em uma parte do muro esperando até eu chegar de volta. Embora eu não visse esta sua permanência, todos os meus vizinhos comentavam isto, dizendo que podia chover que ele não saía de seu posto de vigília. Aliás, um fato que deve ser registrado, o Cook era um gato que não tinha medo de água de chuva, assim por diversas vezes eu tive de tirá-lo da chuva e enxugá-lo para não pegar uma pneumonia. Pneumonia aliás foi a doença que a princípio pensei tê-lo acometido, por se expor as intempéries do tempo. Infelizmente a sua doença era mais grave e não se pôde reverter o quadro, de seus pulmãozinhos cheios de líquidos, sobrecarregando o seu coração que havia crescido muito e este não suportou tanto esforço para respirar e parou. Embora eu ainda tenha um outro gato também querido, o Nino, irmão do Tom, que minha filha deixou comigo tempos depois, mas são seres diferentes, de comportamentos e personalidades diferentes, um não supre a falta que o outro faz, ele próprio, o Nino, está sentindo muito a falta do Cook, não querendo quase comer e vive miando de forma triste pela casa. Agora, quando eu aponto na rua e ligo os faróis, não vejo mais aqueles dois cintilantes olhos amarelos brilhando, quais duas enormes esmeraldas, adornados por lindo dorso de pelo preto, como se fosse um bicho de pelúcia, abanando devagar pra lá e pra cá o seu peludo rabo, como a me dizer: - Ufa, ...como você demorou, eu fiquei aqui o tempo todo te aguardando, foi bom você ter chegado para eu poder entrar, comer alguma coisa e descansar'. Descanse em paz meu grande e saudoso amigo Cook.      

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