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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

COMENDO PELAS BEIRADAS

A sopa acabara de sair do fogo e estava muito quente. Mas a fome era muito grande, assim sem nenhuma espera, enchi meu prato fundo e meti a colher no seu meio e a levei a boca. Fiquei um tempão, quase sem ar, com a boca aberta tentando esfriar aquela colherada, mas não houve jeito, a língua e o céu da boca ficaram bastante queimados ao ponto de perderem por uns tempos o sabor das coisas. Sim, eu havia esquecido um ditado antigo de que sopa quente, se começa a comer pelas beiradas e não da forma como fiz. Na maioria das vezes, a vida é tal qual  uma sopa bem quente e não podemos logo meter a nossa colher no seu meio, temos de ir bem devagar, comendo pelas beiradas, até que ela esteja pronta para um lance ou bote final. Temos que ser quais cidadãos de Minas, que devagarinho, sem alarde e sem fazer notar, vamos ajuntando peça por peça e quando se vê já conseguimos tudo. Não adianta ter pressa ou agir avidamente com sofreguidão, querendo comer uma comida que ainda não está no ponto, isto se chama gula. Mas não é somente no caso de comida propriamente dita, que temos de agir assim. Também em outros assuntos, temos de ter a mesma atitude, como diz um adágio popular, a pressa é a inimiga da perfeição. Assim, temos de dar tempo ao tempo e nunca agirmos precipitadamente. Um peixe grande quando é fisgado, não é fácil tira-lo da água, ele na ânsia de se soltar, luta desesperadamente para sair do anzol que o aprisiona, correndo de um lado a outro. Assim, muitos pescadores amadores na pressa de tira-lo da água, cometem um grave erro de puxa-lo rapidamente para o barco ou a margem e quando veem... pronto, ele conseguiu se livrar daquele terrível anzol e foge mar ou rio adentro. Se dessem um tempo e linha, até que ele estivesse bem cansado, a pesca seria bem sucedida. Praticamente em todas as facetas da vida, temos de fazer as coisas devagar, subindo degrau por degrau, até que se chegue ao topo. A maioria das pessoas que conseguiram atingir seus objetivos, o fizeram devagar e não de maneira apressada, como se quisessem da noite para o dia mudar o seu status. Há de se ter muita paciência, esperar a época favorável e oportuna, porque quando as coisas não são feitas assim, se transformam em fracassos e rejeições, pois para tudo existe um tempo certo. Esses apressados que não sabem esperar e que querem subir logo, são como balões pequenos, chamados de "japoneses" vendidos em qualquer papelaria, sobem rápidos mas da mesma forma caem, tem pouca bucha ou parafina para leva-lo mais longe. Já os balões maiores, custam a subir e vão bem devagar,  mas depois que pegam uma corrente de ar favorável, conseguem atravessam estados. Não estamos com isto incentivando uma prática hoje nociva e condenada, que é soltar balões, apenas usando-a como exemplo de como as coisas devagar vão mais longe do que as coisas apressadas. Assim, ao invés de agirmos tolamente, como eu agi ao comer tal sopa, metendo a colher no meio do prato quando ela ainda estava fervente, a melhor opção é comermos devagar, o fazendo pelas beiradas, tanto do prato como da vida, se assim o fizermos seremos bem sucedidos em quaisquer situações.         

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