Certa ocasião da minha juventude, sem nenhum programa melhor num final de semana, eu e uns amigos que trabalhávamos num cartório resolvemos dar um passeio em Santos, para ver como eram as coisas por lá. Assim, de manhã bem cedo, pegamos a Dutra, pois a BR-101 que vai pelo litoral ainda não estava pronta. Chegamos à capital paulista por volta das 10:00 horas. Na Pauliceia depois de alguns bordejos, resolvemos ir a famosa Rua Augusta, para dar uma olhada e conferir a fama dos carros e motos que por lá transitavam. Um verdadeiro desfile de carrões incrementados, fazendo jus a música do Ronni Cord, "entrei na rua Augusta a 120 por hora". Depois disso, partimos para o litoral do Estado pela estrada velha. Assim por volta das 13:00, estávamos na estrada perto de Diadema e resolvemos parar e almoçar numa churrascaria. Por ser um dia chuvoso, a churrascaria estava vazia, só havia nós de clientes. Tal churrascaria possuía música ao vivo à noite, pois havia vários instrumentos musicais. Então depois do almoço e de tomarmos algumas caipirinhas, resolvemos ir até o palco onde havia um piano, bateria e outros instrumentos de percussão. Sentei na bateria, De Bonis no piano, meu primo Luiz Carlos e Arilton Campos nos instrumentos de percussão, pandeiro e maracas. Começamos a tirar um som maneiro, com alguns de nós improvisando no vocal, como foi o caso do Antonio De Bonis, já demonstrando toda a sua versatilidade musical, o que se comprovaria mais tarde, ao tornar-se um consagrado diretor de musicais. O dono da churrascaria, ouvindo-nos tocar, foi logo se aproximando e perguntou-nos se não queríamos voltar à noite para tocar alguma coisa e que além de comermos e bebermos de graça, ainda receberíamos uns bons trocados, dependendo apenas da quantidade de pessoas que fossem até lá. Vimos que não era uma má ideia, pois não tínhamos nada a fazer, a não ser conhecer as praias de Santos que por causa do mau tempo não deveriam estar boas. Quando já estávamos resolvidos a voltar à noite para comermos e bebermos de graça e faturarmos algum din din, vi um grande furo num lado do bumbo central da bateria. Curioso, perguntei ao garçom que nos atendia o que causara aquilo. A princípio ele tentou dar algumas desculpas esfarrapadas, mas depois ele me disse que foi durante uma grande briga, inclusive com troca de tiros que houve lá à noite e um dos tiros acertou na bateria. Pra nós foi a gota d`água na nossa dúvida de voltarmos ou não àquele local. Achamos que era melhor irmos para Santos conforme projeto inicial e depois a São Vicente, o que foi feito mesmo debaixo de chuva copiosa, do que voltar àquele local em que nem músico era respeitado e poderia morrer com uma bala perdida, acertando-lhe as partes baixas!!!
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