A bastante tempo atrás estava passando pela Rua do Rosário, no centro do Rio, quando resolvi parar para fazer um lanche no Bob`s que estava completamente vazio naquele horário. Depois de pedir as minhas coisas preferidas, sentei em uma mesa para desfrutar o meu sanduíche de atum. Mal tinha mordido um pedaço, quando fui abordado por um garoto bem novo com uma caixa, que me perguntou se eu gostaria de dar uma graxa em meus sapatos. A princípio, eu relutei alegando uma desculpa qualquer, mas ele foi insistente dizendo que precisava arrumar dinheiro para ajudar a sua mãe. Após a menção de tal fato e como eu tinha um tempo disponível, aquiesci, mas antes perguntei: - Quanto é? Ele me disse: - Três reais, que naquela época era algum dinheiro. Com este valor fixado, eu concordei e ele começou a efetuar o seu trabalho. Terminado o engraxe, muito embora constatasse que não fora muito bom o serviço, abri a minha carteira e tirei três reais entregando ao menino, que se recusou a recebê-lo alegando que era treze reais. Eu estava discutindo sobre o valor acordado e o agora cobrado quando, uns cinco garotos maiores chegaram ao local e começaram a dizer, com ar de deboche: - Paga o trabalho do menor doutor. O garoto trabalhou e tem de receber. Notei que dois deles portavam estiletes e os mostrava de forma audaciosa. A lanchonete continuava vazia e sem segurança. Vi então que não possuía outra saída, senão pagar o que me cobravam, mesmo sabendo que era um golpe. Pouco tempo se passou quando estava eu fazendo outro lanche, agora no subsolo do Edifício Garagem Menezes Cortes e um outro menor me consultou sobre a possibilidade de engraxar meus sapatos. Na mesma hora eu disse: - Nem chega perto dos meus pés. Depois que o menino partiu, o garçom da lanchonete ouvindo isto disse: - Está um caso sério. Há uns dias, um senhor que estava lanchando foi abordado por um desses meninos e concordou em deixá-lo engraxar. Na hora de pagar o menor disse que era vinte e cinco reais, o senhor refutou alegando que era um absurdo, uma graxa daquele jeito não poderia ser mais do que cinco reais. Com esta pendência de valores sendo discutida, outros menores, amigos do menino engraxate, se aproximaram e começaram a ameaçar o senhor. Com isto ele viu que seria mais prudente pagar a extorsão feita. Puxou da carteira os vinte e cinco reais e passou para o menor. Este, ao ver a fragilidade do senhor, disse: - Vinte e cinco reais é para cada pé, os dois são cinquenta reais. O senhor teve de pagar para evitar um mal maior, que poderia até chegar a perda de sua vida, ante a impunidade desses pivetes. O garçom em adição disse: - Eles só não se deram bem com um outro senhor que, quando foi extorquido no valor cobrado, puxou de uma arma e encostando-a na cabeça do menor perguntou: - Quanto é mesmo que você está me cobrando pelo serviço? O menor disse: - Assim não vale doutor e foi embora sem receber nada. São coisas de um país de muitas leis, mas poucos cumpridores, infelizmente a infância anda sendo roubada de diversas maneiras, trabalho escravo as vezes sob a orientação dos próprios pais ou padrastos, que enviam seus filhos para os sinais de transito, vendendo itens para sustentar a família. Outros são adotados pelo tráfico e servem como aviões. Alguns pais, principalmente nas regiões mais pobres vendem suas filhas bem novas, a caminhoneiro e outros homens inescrupulosos. Alguns outros jovens tem a sua infância roubada por pedófilos. Sim, os jovens dos dias de hoje sofrem diversos ataques, que roubam a sua infância e nós temos a obrigação e o dever de defende-los antes que o mal se instale, a fim de evitar que aconteçam casos assim, onde crianças que deveriam estar apenas estudando e brincando, comecem praticando pequenos delitos e antes de entrarem na juventude já praticaram crimes graves, como furtos, assaltos e até mortes, aí já se instalou o mal de forma irreversível, sendo por conta disto, muitos deles mortos quando mal começaram a viver.
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