sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
VERGONHA, UM SENTIMENTO FORA DE MODA
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
FELIZ FOI O ANO QUE PASSOU !
Toda vez que alguém fala em feliz ano velho, me vem a lembrança a história do Marcelo Rubens Paiva, que de uma hora para outra teve a sua vida completamente revirada entre o fim e o início de um ano. Mas isto acontece com uma enorme frequência e não vira livro e nem filme. Por exemplo, numa recente virada de ano, havia uma linda pousada na Ilha Grande-RJ, um lugar paradisíaco, onde várias pessoas foram curtir as festas de fim de ano. A maioria dos hóspedes tinham acabado de se recolher em seus quartos, depois de uma noite de brindes e confraternizações pela chegada de um ano novo, quando de repente enormes pedras começaram a descer montanha abaixo, carregando com elas árvores e muita terra, atingindo em cheio a pousada, que por conta disto, boa parte foi parar no mar, matando várias pessoas e entre estas estava, a linda e jovem filha do proprietário da pousada e alguns de seus amigos. Todos os que morreram tinham acabado de dar boas vindas ao novo ano que se iniciava e que para eles durou apenas poucas horas. Sim, também o foi para milhares de pessoas no Haiti que pereceram logo nos primeiros dias de janeiro de 2011, após um grande terremoto que atingiu aquela ilha. Um ano que começa é uma incógnita. Não temos qualquer garantia de sucesso ou de permanecermos vivo, junto com os nossos familiares e amigos. Tudo pode acontecer. Há apenas uma expectativa de que algumas coisas que deram errado no ano anterior, possamos ter melhor sucesso no ano que se inicia, com talvez uma nova maneira de agirmos, ou atuarmos, um novo enfoque. Mas nada garante que vá acontecer como planejamos. Tudo pode mudar para bem pior do que aconteceu no ano que se finda. Pode aparecer uma doença grave, a perda do emprego, de uma boa amizade, a perda de um ente querido, o fim de um relacionamento, tudo é possível inclusive a nossa morte. Embora muitas pessoas possam conseguir ter uma melhora bastante significativa em suas vidas no ano novo, e este seja realmente um ano excepcional, não significa que todos vão de uma forma ou outra ter tal sucesso. As coisas que se apresentam no horizonte logo á frente, não são nada agradáveis, são bem sombrias, como um espectro que perturba nosso sonho. Aqui, na região serrana do Rio onde resido, mais de mil pessoas que tinham acabado de entrar no ano novo, vieram a falecer com as chuvas torrenciais que fizeram desmoronar até prédios. Mas não é por causa disto, que vamos nos deixar abater e ser pessimistas, devemos apesar de tudo, achar que no nosso caso podemos ter alguma melhora, o que não devemos é criar expectativas irrealistas, de que tudo vai dar certo no ano novo, pois pode haver muita decepção e a não concretização das coisas desejadas. O ponto que queremos destacar é: se conseguimos chegar ao final deste ano, vivos, com saúde, na companhia de pessoas amadas e bom amigos, tendo um trabalho para nos sustentar, sem grandes perdas, ele pode ser considerado um ano muito feliz. O próximo, a sabedoria prática nos manda ter cautela, reservas, para não festejarmos o desconhecido, o imponderado e imprevisível que pode nos sobrevir, sem nenhum controle de nossa parte.....Faltam alguns momentos... Ufa! conseguimos chegar ao fim deste ano... vivos..., com saúde..., sem grandes perdas e alguns poucos mais sinceros amigos, então pode-se dizer com toda propriedade que o ano que se finda, apesar de tudo foi um ano feliz! Faltaram algumas coisas que havíamos planejado para ele mas tudo bem, não se pode ter todas as coisas mesmo, ainda mais numa época de vacas magras.
Apenas um pequeno lembrete: O ano que está prestes a se iniciar não é o festejado 2016 e sim corretamente o ainda 2015, isto porque os romanos, desconheciam o número zero como início de contagem e já começaram com o ano I, o que matematicamente é incorreto, isto porque tudo começa com zero, o ano I só se concretizaria 12 meses depois, com isto em conta, há um crasso erro na nossa contagem em um ano a mais. Portanto se você acha que ainda deve festejar, que o faça, não ao 2016 que ainda está no futuro e sim ao 2015 que é o que vai se iniciar.
Apenas um pequeno lembrete: O ano que está prestes a se iniciar não é o festejado 2016 e sim corretamente o ainda 2015, isto porque os romanos, desconheciam o número zero como início de contagem e já começaram com o ano I, o que matematicamente é incorreto, isto porque tudo começa com zero, o ano I só se concretizaria 12 meses depois, com isto em conta, há um crasso erro na nossa contagem em um ano a mais. Portanto se você acha que ainda deve festejar, que o faça, não ao 2016 que ainda está no futuro e sim ao 2015 que é o que vai se iniciar.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
PROCURANDO ENTENDER O UNIVERSO FEMININO
Há uns dias atrás, uma conhecida me contou que estava lendo um livro cujo título era: "Os homens são de Marte, as mulheres são de Vênus", segundo ela, o autor procura demonstrar que homens e mulheres diferem em todas as áreas de sua vida. De fato, homens e mulheres se diferem em vários campos. Mas é justamente nas diferenças que reside a beleza do ser humano, não importando isto que haja um total conflito de interesses. Elas, as mulheres nos completam como um encaixe perfeito. Naquilo que temos carência, elas se sobrepõe e nos ajudam a ficarmos fortes, completos. Nós homens, precisamos deixar de sermos hipócritas e despertar para a realidade de como devemos enxergar o sexo feminino. Poucos de nós reconhecemos ou damos o devido valor de que sem elas não conseguimos viver. Somos completamente dependentes do seu afeto. Precisamos delas para perpetuar o nosso sobre-nome. O mundo fica mais doce quando elas estão por perto. Muitos de nós homens ainda trazemos o ranço de que lugar de mulher é na cozinha ou cuidando da casa e da família. Quando no trânsito vemos algum "barbeiro" logo dizemos que é alguma mulher que está atrás do volante. Quando constatamos que é um homem o tal mau motorista, dizemos que ele dirige igual a uma mulher. Por estes e outros preconceituosos comentários eu mesmo reconheço a "mea culpa". Sempre imputamos ao sexo chamado de "frágil" as mazelas da vida, quando na verdade e na maioria dos casos nós varões é que somos os vilões. Infelizmente por tantos anos de repressão e tratamento injusto, muitas mulheres foram á luta para desmistificar tais conceitos. Muitas foram ao extremo de quererem ser iguais aos homens, nivelando-se por baixo, naquilo que era a nossa fraqueza ou lado ruim, qual seja de sermos a maioria infiéis, falta de respeito para com as virtudes do casamento, elas não só procuraram copiar mas excederam na sua ânsia de imitarem os homens. Com isto, as mulheres que antes ficavam na defensiva e tinham uma atitude totalmente passiva na relação com os homens, partiram para o ataque, como se fossem caçadoras e não como deviam sempre ser, objetos valiosos a serem conquistados. Ao inverterem-se os papéis, hoje muitos de nós homens as vezes nos sentimos acuados, tendo até de provar que tal atitude não tem nada de "gay", o fato de não aceitarmos tal assédio ou proposta explícita. Com isto sumiu o romantismos que antes existia como parte do jogo da conquista feminina. Também desapareceu ou ficou fora de moda o cavalheirismo. Já vai longe o tempo, em que nós homens nos esmerávamos em atos tais como: abrir a porta do carro, puxar a cadeira em restaurantes, ceder lugar em condução e outros. Hoje, as mulheres que saem com seus acompanhantes masculinos, racham ou pagam toda a despesa coisa impossível de se imaginar a poucas décadas atrás. As mulheres naquele tempo, só levavam as suas bolsas com coisas femininas e nada mais. As mulheres estão se esquecendo da grande arma que possuem que é serem elas os alvos da conquista e da sedução. Gostaria eu, que as mulheres que a cada dia ficam mais bonitas e sedutoras, voltassem a ser como eram antigamente: femininas, delicadas, vasos valiosíssimos de porcelana chinesa, verdadeiras musas inspiradoras de poetas e não como muitas são hoje, com excesso de testosterona em seus corpos másculos e aquela voz áspera. Lembrem-se de que muitas guerras foram travadas por causa de vocês mulheres, muitos reinos foram conquistados por conta vocês, muitas cabeças rolaram por sua causa, por favor continuem a ser este tipo de pessoa tão admiradas e necessária. Não acho que John Gray tenha captado de forma correta a origem tanto de homens como de mulheres. Não me situo como vindo de Marte. Tenho a sensibilidade de estar mais perto de Vênus, embora todos nós, homens e mulheres, somos feitos do mesmo barro aqui da Terra. Procuro compreender o universo feminino, com um olhar benévolo, sabendo das suas enormes dificuldades por conta dos preconceitos e dos seus ciclos mensais em que muitas nesta ocasião, descem ao fundo do poço. Fico quieto, calmo, esperando que elas próprias, com sua garra, tal como uma Fênix, renasçam lindamente e encham nosso mundo de cores exuberantes e da mais pura alegria. Meus parabéns pra vocês, mulheres do meu mundo.
AH! O AMOR...ÊSSE SENTIMENTO INCRÍVEL
Quando eu era hippie, o lema básico era "make love, not war". A frase criada por Gershon Legman ativista contrário a guerra do Vietnam, serviu de slogan para o movimento da contracultura americana dos anos sessenta, bem como a revolução sexual. Sim, a ordem era fazer amor para se opor a guerra. Esta ordem de fazer amor tem uma conotação diferente da de "se ter amor ou amar". Esta mais ligado ao amor "eros" ou romântico, que tem a ver com sexo. Ainda hoje, as pessoas confundem amor, com sexo. São coisas que podem estar diametralmente opostas, ou seja alguém pode fazer sexo sem ter amor ou pode amar, sem fazer sexo. Sendo assim, o que é este tipo de "amor" diferente que pode existir, entre um homem e uma mulher, sem que necessariamente haja sexo? O amor verdadeiro entre um homem e uma mulher é algo muito sublime, envolve os sentimentos mais nobres da pessoa em relação ao objeto do seu amor. A pessoa que está amando tem os seus sentidos voltados para o ser amado. Tudo nela é feito com a intenção de agrada-lo. Os pensamentos, as ações e os sentimentos íntimos são todos carreados para a pessoa a que se ama. Aquele que está amando vive em estado de graça, vendo o mundo de uma forma totalmente diferente, colorida, onde tudo é belo, a vida se transforma num mar de rosas. Se aquele que ama for correspondido no seu amor, atinge-se ao ápice. É a fase do encantamento, do só vou se você for. É muito gratificante quando se ama e é amado. Nada supera em grau de felicidade, quando isto ocorre. Infelizmente em muitos casos quando se chega ao ponto mais elevado da forma do amor romântico, existem nuvens negras que podem até destruir o amor alcançado. São sentimentos negativos que roubam a felicidade. Um desses sentimentos é a perda do equilíbrio do amor por um ou ambos. O amor se torna tão forte que vira uma paixão. Embora muitos casais desejem ficar apaixonados um pelo outro, tal situação pode levar rapidamente ao fim do amor. A paixão é como um fogo que precisa ser consumida e quando isto acontece, o amor acaba. Todas paixões avassaladoras não perduram por muito tempo, logo vem a saturação, porque ninguém aguenta ficar em êxtase o tempo integral, há de haver uma pausa ou descanso. O ser apaixonado fica cego não vendo o óbvio que todos os que estão de fora veem. O amor verdadeiro é equilibrado e enxerga os defeitos que todo o ser humano possui. Não vive fora da realidade, esperando a perfeição de comportamento do ser amado, reconhece que ninguém é perfeito assim como ele próprio não o é. Um outro sentimento negativo que destrói o amor é o ciúme doentio. Ter um ciúme saudável, demonstra preocupação e interesse pelo ser amado e é uma das provas do amor. Agora, o ciúme doentio é destruidor do amor. Este tipo de ciúme demonstra total falta de confiança no ser amado. Não acredita nas suas justificativas por mais que sejam verdadeiras. A pessoa tem que sempre estar tentando provar que não fez isto ou aquilo. Depois desta verdadeira inquisição e comprovada a inocência, vem aquela frase famosa da pessoa arrependida pela desconfiança infundada que é: "mas eu te amo", o que não significa a verdade senão não agiria assim. Promessas feitas de mudanças mas nada muda, a desconfiança só cresce com o passar do tempo. A pessoa ciumenta do tipo obsessivo não respeita os limites naturais de privacidade da outra pessoa tentando controlar todo o seu ser e a sua individualidade. Se pudesse controlaria até os pensamentos da outra pessoa. A pessoa assim, não encontrando falhas no outro, engendra coisas torpes só para justificar o seu comportamento e dizer que estava com razão. É uma pessoa totalmente infeliz e doente, que faz adoecer o ser amado; que não confia em ninguém, vendo coisas ou tirando conclusões que certamente acabam com o amor que um dia existiu, por maior que este tenha sido. Chega a ser um pesadelo aquele que vive tal "amor ciumento". Possuir tal tipo de ciúme é próprio de uma pessoa passional, que pode em nome do "amor" cometer uma loucura que é matar o ser objeto de sua paixão desvairada. Somente o amor verdadeiro, equilibrado, livre destas coisas negativas pode permanecer, fazendo com que os enamorados vivam um romance eterno, tranquilo, o que acontece só num bom casamento, que é a forma correta do envolvimento de duas pessoas que se amam, onde não há dores de consciência por um comportamento errado, que usurpa o direito do outro. Que um dia, eu, você e todos nós possamos viver tal tipo de amor incrível, pois merecemos isso.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
PONDO O DEDO NA FERIDA
De vez quando nos machucamos, seja por algum descuido, seja por essas coisas que acontecem independente de nossa vontade e quando vemos temos um grande ferimento no corpo.Quase sempre quando temos uma parte lesionada é aí que nossos amigos ou outras pessoas cismam de tocar a mão ou um dedo, agravando a nossa dor. Desculpas pedidas e aceitas, por desconhecerem eles o nosso machucado, mesmo assim por algum tempo padecemos os males daquele toque. De maneira simbólica tanto o nosso eu íntimo como a sociedade em geral sofre de algum ferimento e fica vulnerável a toques, como aquele "calcanhar de aquiles". Só que, longe de ter apenas um grande problema a sociedade sofre de inúmeros males. O nosso planeta tem problemas gravíssimos que colocam a sua sobrevivência em risco. Para ajuda-lo existem várias pessoas e comunidades que se propõe a lutar para minimizar os males, tais como, o Greenpeace, os médicos sem fronteiras, os defensores da Amazônia, das baleias, das tartarugas marinhas, os vigilantes do clima, os ambientalistas e até os defensores dos cachorros abandonados. É muito louvável o trabalho destas pessoas, seja de forma individual, seja através de Ong`s., mas ainda assim os problemas pioram e se agravam a cada ano. O ser humano, pior do que muitos animais é que corre o maior risco de extinção. Isto porque, o que a sociedade humana sofre é de um tipo de doença qual um câncer já com várias metástases espalhadas pelo corpo inteiro. Estas ajudas que muitos fazem, minorizam os sofrimentos de algum setor mas são remédios apenas paliativos, tais como os chazinhos, são de pouco valor já que não extirpam o mal. A cura total está fora de nosso alcance e é necessária uma grande cirurgia para extirpa-la . Isto porque, a sede de todos os males está no nosso íntimo. É lá que está a causa. Precisamos erradicar o mal dos nossos corações e isto não conseguimos sozinhos. Embora anelamos o bem, fazemos coisas que demonstram o contrário. Pregamos moralidade mas no fundo somos imorais. Perdemos a coisa básica que é o senso de VALORES. Já não sabemos o que é certo ou errado, vivemos como que jogados pra lá e pra cá ao sabor de várias filosofias conflitantes. Nós pais, que temos a obrigação de educar os nossos filhos para que eles sejam pessoas de bem e bons cidadãos, não podemos mais disciplina-los mesmo que de maneira equilibrada e correta, pois se assim o fizermos, poderemos sofrer algum processo por abuso de autoridade, acarretando até a perda da sua tutela. Com isto os nosso filhos não tem mais limites e o que estamos vendo é uma geração totalmente alienada com respeito a leis, fazendo coisas absurdas em nome de uma liberdade irrestrita. De vez em quando a sociedade se mobiliza para extirpar algum mal localizado, como foi o caso, da expulsão dos bandidos do Complexo do Alemão e outras comunidades. Foi um espetáculo, com manchetes no mundo todo. Enquanto os holofotes da mídia estavam focados lá, vimos vários capitães ou agora coronéis "nascimentos" transformados em heróis da noite pro dia. Mas vimos também alguns excessos. Alguns bandidos, mesmo tendo se entregado espontaneamente eram humilhados e expostos como que troféus numa atitude de total desrespeito pelo ser humano. Nada justifica tal proceder. A perda de valores faz com que nos igualemos a pessoas do mal, fazendo coisas erradas, do ponto de vista moral. Temos de querer e ansiar pela justiça mas não podemos fazer atos injustos, sob pena de cometermos um crime maior, que é fazer justiça pelas nossas próprias mãos. Temos de recobrar os valores perdidos, sob pena de perecermos como pessoas que não merecem mais viver.
sábado, 25 de dezembro de 2010
PORQUE ALGUNS ESCOLHEM FICAR COM A MENTIRA?
domingo, 19 de dezembro de 2010
VIDAS VAZIAS
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
A PROPAGANDA ENGANOSA
Nasci com cinquenta e dois centímetros. Dizem que, por algum tempo, fui até maior que outros bebês. Mas até onde vai minha memória, eu sempre fui um pouco menor do que as outras crianças. O meu código genético, não sei se no meu caso chega a ser código, devia ter alguma falha nas instruções para as células que tem a ver com a altura e crescimento e, por isso, ficou reduzido a meros rabiscos. A partir de então, foi uma onda de apelidos que eu fingia não dar a mínima para não pegar. Nem vou relatá-los agora nesta altura do campeonato, porque sei lá se algum cola. Aprendi logo cedo a ter aquelas respostas prontas contra os grandões que queriam infernizar a minha vida, como por exemplo: - Você é grande, mas não é dois; quanto maior a árvore maior o tombo; os grandes perfumes estão em pequenos frascos; tamanho não é documento e outras baboseiras que foram feitas para compensar as nossas desvantagens. Havia algumas compensações. Os galalaus, quando vinham brigar comigo, não usavam pedaços de pau, canivete ou outros acessórios brabos, achando que era até covardia. Vinham sempre na mão. Eu como todo pequeno era abusado e partia de porrete ou outra coisa que podia ser usada para cima deles, que quando viam a minha disposição se mandavam. Agora no que eu ganhava mesmo era no grito. Acho que nesta parte meu DNA se excedeu na informação. Como eu berrava alto e grosso. A minha caixa toraxica até hoje tem sido minha melhor arma de defesa. Uns tempos atrás, eu tinha um escritório com uma sócia no Rio, composto de duas salas. Ela ficava na primeira sala e eu na outra, sem visão do público. Certo dia, então, entrou no escritório um bebum corpulento e começou a gritar e xingar, causando o maior tumulto. Ouvindo aquela balbúrdia, eu dei um berro desses de quebrar vidraças: - O QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO AÍ? Quando o ébrio ouviu aquela espécie de trovão, imediatamente se calou e se mandou. A minha sócia foi até a minha sala e disse: - Ainda bem que você não apareceu. O cara além de bêbado era enorme, mas deve ter achado que você era igual ou maior que o Hulk. Se ele visse o seu tamanho te enchia de bolacha... Numa outra vez, eu e um descendente de alemão, com um corpo parecendo um armário de seis portas e com dois metros e dez centímetros, estávamos na tribuna de um salão considerando uma importante revista, a de maior circulação mundial. O quase alemão com aquela vozinha e eu tendo que falar longe do microfone para não dar microfonia. Terminada a nossa parte, descemos e um visitante chegou e me disse categoricamente: - Vocês estão com a instalação trocada. Você está com a voz dele e ele com a sua. Vão tratando de trocar... Como é bem sabido, a comunicação é a alma do negócio. Por isto, os marqueteiros se especializam em vender um produto, por potencializar certas coisas e omitir outras. Nem todos se utilizam da propaganda enganosa ou que induza alguém ao erro, mas outros o fazem. Nós mesmos, às vezes, fazemos isto, por exemplo, quando temos de fornecer a nossa data de nascimento e queremos omitir a nossa idade, relatamos apenas o dia e o mês, o ano que é a peça fundamental, silenciamos. Eu me lembro que, alguns anos atrás, certo jornal vendia horrores só por causa da manchete. Por exemplo, uma das manchetes marcantes escrita em letras garrafais era: "Cachorro faz mal a moça". Muita gente comprou aquela edição só para ver a notícia do cachorro tarado que havia atacado a jovem. Lá dentro do jornal, em letras bem reduzidas, havia a informação completa de que uma moça passara mal ao comer um cachorro quente. Sim, a propaganda enganosa vende e muito. No meu caso, uma das inúmeras propagandas enganosas que vendo é a minha voz que, por telefone, dá uma falsa informação de quem eu sou de verdade.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
OS DESAFIOS DE UM RÁBULA
O famoso escritor Norman Mailer disse certa vez, que se tornara jornalista e escritor porque não era tão esperto para ser advogado. De fato, para ser um bom advogado é necessário ter uma grande sagacidade para, em momentos desfavoráveis em que não há nada para apoiar sua tese, encontrar meios para tanto. Sim, é preciso às vezes tirar um coelho da cartola para virar o jogo. O bom advogado é aquele que em causas perdidas, ganha. Então, como eu que nunca fui esperto nem mágico poderia sobreviver numa profissão de águias, onde qualquer descuido poderia trazer a derrota para o meu patrocinado? Pensando nestas dificuldades, ao me formar continuei trabalhando num cartório e no banco por algum tempo. Ainda mais que eu não havia praticado como solicitador (hoje estagiário), portanto era um rábula. De vez em quando, alguém me cobrava os esforços que eu fizera para me formar e nada, pois eu continuava exercendo uma função burocrática. Assim, com os brios feridos, resolvi de uma hora para outra me demitir dos dois empregos e encarar os desafios da profissão. Depois de pegar a minha carteira na OAB-RJ passei a advogar, ou mais precisamente a ficar na expectativa de advogar, pois não possuía escritório, clientes e nem prática do ofício. Se com estas coisas já é difícil sobreviver, imagine sem elas e com uma família já constituída para sustentar. Pra não morrer de fome teria de matar um leão todo dia, mesmo quando não houvesse leão pra ser morto. Não ter a segurança dos emprego formais me fez ficar ousado para encarar quaisquer desafios. Não havia caso que me apresentassem que eu não estivesse disposto a resolver, desde que não fossem anti-éticos ou que ferissem a boa moral. Hoje, com a Internet, é fácil fazer consultas e ver como agir neste ou naquele caso, mas há décadas atrás não havia tal ajuda, nem alguém disposto a dar luz a cego. Desta forma, parti para a batalha lutando como se fosse só no braço, sem qualquer habilidade ou instrumento adequado para sair vencedor. Por mais incrível que possa parecer, ou talvez pela extrema necessidade de conseguir dinheiro para comer, nos primeiros embates processuais que funcionei, graças a confiança de pessoas que desconheciam as minhas limitações, saí vencedor e isto se espalhou. Assim, ganhando aqui, perdendo ali, venho tentando construir um nome, não de fama ou sucesso, mas persigo como objetivo básico na minha profissão, ser uma pessoa confiável, já que a maioria das pessoas por desconhecerem as verdades dos fatos, tem na figura do "advogado" como sendo um ser mentiroso e venal, o que para muitos é uma injustiça. Apesar de todas as coisas negativas que existe em qualquer ofício, não me arrependo da profissão que abracei. Sou advogado e gosto de advogar, não por causa de vantagem financeira que nunca tive, se fosse isto não teria saído do Cartório onde poderia chegar a titular do mesmo e estar vivendo nababescamente, mas antes pela oportunidade de ajudar pessoas e fazer amigos, o que tenho granjeado e muito, ao longo destes anos. Quando encontro algum jovem advogado já desanimado com os vários obstáculos e as dificuldades de um judiciário emperrado, lhe digo que espero trabalhar até morrer ou este velho sistema ser substituído por um outro onde não serei mais necessário. A maioria dos que se formam hoje, pensam logo em um cargo público, como promotor ou Juiz. Tudo bem se esta é a vocação da pessoa, mas a maioria vai por conta da estabilidade. Um certo colega tinha uma frase assim: - JUIZ É O ADVOGADO QUE NÃO DEU CERTO. Nesta profissão há sempre coisas diferentes para você se renovar, se reciclar e aprender. É um eterno aprendizado, pois cada caso é uma experiência única e ímpar. Sei que não sou tão burro, possuo até um pouquinho de inteligência, mas tenho de admitir que existem muitos profissionais mais inteligentes e espertos que eu, por isto não posso me descuidar. Qualquer descuido e toda experiência vai ralo abaixo, numa fragorosa derrota jurídica. Ao me intitular como rábula, não estava pensando em algum nobre como o brilhante Evaristo de Moraes, que antes de ser um advogado legalizado já era um notável prático. Com o termo rábula eu me reportava a alguém inexpressivo e tolo, o que não deixa de ser verdade no meu caso. Mas que isto fique entre nós, pois um dia espero ser do tipo de advogado imaginado por Mailer, um cara bem sagaz.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
A INOCÊNCIA ROUBADA
A bastante tempo atrás estava passando pela Rua do Rosário, no centro do Rio, quando resolvi parar para fazer um lanche no Bob`s que estava completamente vazio naquele horário. Depois de pedir as minhas coisas preferidas, sentei em uma mesa para desfrutar o meu sanduíche de atum. Mal tinha mordido um pedaço, quando fui abordado por um garoto bem novo com uma caixa, que me perguntou se eu gostaria de dar uma graxa em meus sapatos. A princípio, eu relutei alegando uma desculpa qualquer, mas ele foi insistente dizendo que precisava arrumar dinheiro para ajudar a sua mãe. Após a menção de tal fato e como eu tinha um tempo disponível, aquiesci, mas antes perguntei: - Quanto é? Ele me disse: - Três reais, que naquela época era algum dinheiro. Com este valor fixado, eu concordei e ele começou a efetuar o seu trabalho. Terminado o engraxe, muito embora constatasse que não fora muito bom o serviço, abri a minha carteira e tirei três reais entregando ao menino, que se recusou a recebê-lo alegando que era treze reais. Eu estava discutindo sobre o valor acordado e o agora cobrado quando, uns cinco garotos maiores chegaram ao local e começaram a dizer, com ar de deboche: - Paga o trabalho do menor doutor. O garoto trabalhou e tem de receber. Notei que dois deles portavam estiletes e os mostrava de forma audaciosa. A lanchonete continuava vazia e sem segurança. Vi então que não possuía outra saída, senão pagar o que me cobravam, mesmo sabendo que era um golpe. Pouco tempo se passou quando estava eu fazendo outro lanche, agora no subsolo do Edifício Garagem Menezes Cortes e um outro menor me consultou sobre a possibilidade de engraxar meus sapatos. Na mesma hora eu disse: - Nem chega perto dos meus pés. Depois que o menino partiu, o garçom da lanchonete ouvindo isto disse: - Está um caso sério. Há uns dias, um senhor que estava lanchando foi abordado por um desses meninos e concordou em deixá-lo engraxar. Na hora de pagar o menor disse que era vinte e cinco reais, o senhor refutou alegando que era um absurdo, uma graxa daquele jeito não poderia ser mais do que cinco reais. Com esta pendência de valores sendo discutida, outros menores, amigos do menino engraxate, se aproximaram e começaram a ameaçar o senhor. Com isto ele viu que seria mais prudente pagar a extorsão feita. Puxou da carteira os vinte e cinco reais e passou para o menor. Este, ao ver a fragilidade do senhor, disse: - Vinte e cinco reais é para cada pé, os dois são cinquenta reais. O senhor teve de pagar para evitar um mal maior, que poderia até chegar a perda de sua vida, ante a impunidade desses pivetes. O garçom em adição disse: - Eles só não se deram bem com um outro senhor que, quando foi extorquido no valor cobrado, puxou de uma arma e encostando-a na cabeça do menor perguntou: - Quanto é mesmo que você está me cobrando pelo serviço? O menor disse: - Assim não vale doutor e foi embora sem receber nada. São coisas de um país de muitas leis, mas poucos cumpridores, infelizmente a infância anda sendo roubada de diversas maneiras, trabalho escravo as vezes sob a orientação dos próprios pais ou padrastos, que enviam seus filhos para os sinais de transito, vendendo itens para sustentar a família. Outros são adotados pelo tráfico e servem como aviões. Alguns pais, principalmente nas regiões mais pobres vendem suas filhas bem novas, a caminhoneiro e outros homens inescrupulosos. Alguns outros jovens tem a sua infância roubada por pedófilos. Sim, os jovens dos dias de hoje sofrem diversos ataques, que roubam a sua infância e nós temos a obrigação e o dever de defende-los antes que o mal se instale, a fim de evitar que aconteçam casos assim, onde crianças que deveriam estar apenas estudando e brincando, comecem praticando pequenos delitos e antes de entrarem na juventude já praticaram crimes graves, como furtos, assaltos e até mortes, aí já se instalou o mal de forma irreversível, sendo por conta disto, muitos deles mortos quando mal começaram a viver.
sábado, 11 de dezembro de 2010
UMA VIAGEM PRA SANTOS
Certa ocasião da minha juventude, sem nenhum programa melhor num final de semana, eu e uns amigos que trabalhávamos num cartório resolvemos dar um passeio em Santos, para ver como eram as coisas por lá. Assim, de manhã bem cedo, pegamos a Dutra, pois a BR-101 que vai pelo litoral ainda não estava pronta. Chegamos à capital paulista por volta das 10:00 horas. Na Pauliceia depois de alguns bordejos, resolvemos ir a famosa Rua Augusta, para dar uma olhada e conferir a fama dos carros e motos que por lá transitavam. Um verdadeiro desfile de carrões incrementados, fazendo jus a música do Ronni Cord, "entrei na rua Augusta a 120 por hora". Depois disso, partimos para o litoral do Estado pela estrada velha. Assim por volta das 13:00, estávamos na estrada perto de Diadema e resolvemos parar e almoçar numa churrascaria. Por ser um dia chuvoso, a churrascaria estava vazia, só havia nós de clientes. Tal churrascaria possuía música ao vivo à noite, pois havia vários instrumentos musicais. Então depois do almoço e de tomarmos algumas caipirinhas, resolvemos ir até o palco onde havia um piano, bateria e outros instrumentos de percussão. Sentei na bateria, De Bonis no piano, meu primo Luiz Carlos e Arilton Campos nos instrumentos de percussão, pandeiro e maracas. Começamos a tirar um som maneiro, com alguns de nós improvisando no vocal, como foi o caso do Antonio De Bonis, já demonstrando toda a sua versatilidade musical, o que se comprovaria mais tarde, ao tornar-se um consagrado diretor de musicais. O dono da churrascaria, ouvindo-nos tocar, foi logo se aproximando e perguntou-nos se não queríamos voltar à noite para tocar alguma coisa e que além de comermos e bebermos de graça, ainda receberíamos uns bons trocados, dependendo apenas da quantidade de pessoas que fossem até lá. Vimos que não era uma má ideia, pois não tínhamos nada a fazer, a não ser conhecer as praias de Santos que por causa do mau tempo não deveriam estar boas. Quando já estávamos resolvidos a voltar à noite para comermos e bebermos de graça e faturarmos algum din din, vi um grande furo num lado do bumbo central da bateria. Curioso, perguntei ao garçom que nos atendia o que causara aquilo. A princípio ele tentou dar algumas desculpas esfarrapadas, mas depois ele me disse que foi durante uma grande briga, inclusive com troca de tiros que houve lá à noite e um dos tiros acertou na bateria. Pra nós foi a gota d`água na nossa dúvida de voltarmos ou não àquele local. Achamos que era melhor irmos para Santos conforme projeto inicial e depois a São Vicente, o que foi feito mesmo debaixo de chuva copiosa, do que voltar àquele local em que nem músico era respeitado e poderia morrer com uma bala perdida, acertando-lhe as partes baixas!!!
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
MEMÓRIAS DE UM CONVERSÍVEL AMARELO
O cinema estava lotado, não porque o filme era um clássico ou um primor de qualidade. A razão do sucesso é que no papel principal atuava o Rei do Rock. Logo nas primeiras cenas de "A Mulher Que Eu Amo", ele aparece para delírio geral, dirigindo um mini-conversível azul escuro de capota arriada. Aquelas cenas iniciais ficaram indelevelmente marcadas em minha mente, a ponto de ali mesmo, ao sair do cinema, ter decidido que um dia teria um carro daqueles. Alguns anos se passaram desde então, o Rei do Rock fora há tempos substituído pelos quatro garotos de Liverpool, quando um vizinho que estava servindo ao exército me informou que tinha ganho em um sorteio no seu quartel, nada mais nada menos que um MG e como ele necessitava era de dinheiro ofereceu-me para comprar. Fiquei extasiado com a proposta que poderia concretizar aquele meu sonho antigo, pois tal modelo era uma raridade e não se encontrava alguém disposto a vender os poucos existentes no país. No dia seguinte, estávamos no quartel onde ele servia para ver o carro. Foi amor a primeira vista. Aquilo que eu vira no cinema era inferior ao que agora eu constatava ao vivo. Era um belo MG TD 52 amarelo canário, capota e estofamentos pretos e muitas partes bem cromadas, inclusive o radiador e rodas raiadas que cintilavam ao sol. Para maior charme, a sua direção era do lado direito, como eram e ainda são todos os carros ingleses. Procurei não demonstrar todo o entusiasmo que o veículo me causara, para que o seu preço não ficasse além das minhas possibilidades. O meu vizinho soldado havia ganho o veículo por uma ninharia, pois comprara apenas um dos mil bilhetes vendidos pelo antigo dono do mesmo, um capitão, que naquela ocasião estava ali presente e me falou das alegrias que o carro lhe proporcionara, informando-me ainda que adquirira tal veículo da filha do Embaixador da Inglaterra. Vi que, além da beleza, o conversível tinha pedigree. Para minha alegria, o preço pedido pelo soldado fora bem abaixo do que eu estava disposto a pagar para ter aquele carro dos meus sonhos. O negócio foi fechado ali mesmo no quartel. O problema agora era como dirigir um carro com direção do lado contrário e passar as marchas com a mão esquerda. Até me acostumar foi bem difícil, mas depois vi até vantagens, pois eu podia encostar ao máximo no meio-fio sem bater nele. Já ultrapassar outro carro sempre foi um problema, pois tinha de colocar todo o veículo na contramão, para se ter visão do tráfego que vinha em sentido contrário; depois eu peguei o macete, que era ter uma boa distância do veículo que ia à frente. Em qualquer lugar que eu ia, o carro causava uma sensação em especial por ser sua direção do lado contrario e várias modelos famosas tiraram fotos apoiadas e até dentro dele, que foram publicadas em revistas da época, como por exemplo numa vez que eu o havia estacionado na Praia do Arpoador. Foram muitas as histórias vividas com aquele amarelinho, contadas por mim em um livro em fase de edição e hoje posso dizer que ele foi um divisor de águas, em termos de amizades e popularidade. O antes e o depois do MG. Infelizmente todo aquele glamour de suas linhas foram banalizadas pela cópia feita pelo MP Lafer. Hoje eu posso dizer que não foi o soldado o premiado naquele sorteio no quartel; com toda certeza eu fui o grande ganhador.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
AS INUSITADAS VIAGENS DE TREM SUBURBANO
Antes de existir o metrô, algumas vezes por necessidade ou por ser a melhor opção, eu fiz viagens de trem, quando tive de ir no subúrbio do Rio servido pela Central do Brasil ou pela Leopoldina. Na maioria das vezes aconteceram fatos pitorescos que me vêm a lembrança. Numa ocasião, por causa da greve dos ônibus, eu estava de manhã numa plataforma lotada esperando um trem para ir trabalhar. Depois de um longo período de espera, que só fez aumentar o número de passageiros, chegou aquele bicho comprido de ferro e aço e parou. Só que as suas portas continuavam fechadas, com exceção do vagão que estava a minha frente, que já veio com as portas abertas. Eu era o ponta de lança e fui o primeiro a pisar dentro do trem. A multidão veio logo atrás de mim me empurrando, sem nem me deixar pisar no chão, com isto, não pude me desviar para o interior do trem e acabei entrando de um lado e saindo do outro, vendo o mesmo partir e eu ali na plataforma contrária, com cara de bobo, tão desolado que até desisti de ir trabalhar naquele dia. Em outra ocasião, fui visitar num domingo um amigo que morava em Madureira, então ele me falou que estava pensando em ir ao Estádio Mario Filho assistir Botafogo e Flamengo, me chamando para ir com ele. Ele falou que a melhor condução era irmos de trem. Fomos para a plataforma e pegamos o parador que, nos dias de jogos, para na estação Maracanã, bem em frente ao estádio. Quando entramos no trem, embora não houvesse lugar para sentar, ele estava vazio, mas a cada estação entrava uma leva de gente, principalmente de torcedores, que nos fazia parecer sardinhas em lata. Depois de algumas estações, fui empurrado para uma parte em que não tinha onde me segurar, pois a chupeta ou alça de ferro que serve para tanto estava com sua mola virada para cima. Por consequência, eu ficava caindo em cima de uma ou de outra pessoa, que reclamavam. De repente, o trem deu uma freada brusca que fez as pessoas se acomodarem, saindo um pouco de onde estavam. Aproveitei aquela oportunidade do espaço que se abriu, dei um salto e agarrei a tal chupeta, trazendo-a para baixo. Deu certo na subida, só que aconteceu outro problema: o espaço aberto se fechou. Eu não conseguia fazer meus pés chegarem ao chão por mais que eu tentasse. Assim, durante o trajeto de duas estações, eu viajei a bem dizer no alto, em cima das pernas de um brutamontes que chiou bastante, até que eu consegui colocar os pés no chão. Sim, andar de trem lá no subúrbio sempre foi problemático para mim, nunca foi meu forte, por isso resolvi que só iria andar num deles de novo quando houver o prometido trem bala que levará duas horas do Rio até São Paulo. Fora disto andar de trem no Rio, nunca mais.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
A VIDA É FEITA DE ESCOLHAS
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
FOGO NO CABELO NÃO
Muitas vezes nos metemos em confusão por nada, sem nenhum motivo, apenas por causa das circunstâncias. Me lembro de uma situação assim. Após sagrarmos tri-campeões no México e sermos muito bem tratados lá, o Brasil resolveu retribuir tal hospitalidade com um jogo da amizade contra os mexicanos. O jogo foi marcado para a noite no meio da semana no Maracanã. Sem termos programado nada antes, eu e um colega de banco que trabalhava comigo à noite, depois do expediente, resolvemos assistir tal partida, para ver de perto o melhor time de futebol que já tivemos. Estacionamos o carro e fomos comprar ingressos para a arquibancada. Chegamos aos guichês e não havia mais nenhum ingresso, a não ser para a geral que naquela época ainda existia. Não vimos qualquer cambista vendendo bilhetes. Desistimos então de assistir o jogo e fomos ao local onde havíamos estacionado pegar o carro para irmos para casa assistir pela TV. Chegando lá, vimos que o carro estava cercado de veículos por todo o lado, o que tornava impossível sairmos de lá antes do jogo acabar. Decidimos então que o melhor a fazer era assistirmos o jogo mesmo na geral. Compramos os ingressos e procuramos ficar numa posição que se pudesse ver aquele dream team de Pelé, Tostão e Cia. Na minha frente, a princípio, estava tudo bem, sem nenhum obstáculo, mas depois ficou um sujeito com aquele cabelo black power imitando talvez outro craque da seleção, o Jairzinho, o que me obrigava a ficar de vez em quando pulando para ver direito o jogo. O pessoal da arquibancada não parava de jogar coisas em quem estava na geral. Reclamar era pior. Pois aí sim é que vinha uma chuva de bagaços de laranja, sacos d'água e outros líquidos menos nobres. De vez em quando eu reclamava do black, de que ele estava me atrapalhando ver o jogo, não só pela sua altura como por seu enorme cabelo e ele aí se mexia um pouco e abria espaço para eu continuar assistindo a partida. A chuva de troços continuava a cair solto e nos acertar. Sem que eu soubesse quem foi o autor, alguém da parte de cima jogou um cigarro aceso no meio do cabelo seco do black; dali a pouco começou a sair uma fumaça e senti um cheiro forte de cabelo queimado. Depois de tirar a guimba acesa de seu cabelo, ele virou-se para trás, olhando fixamente em mim com muita raiva e disse: - Tudo eu aguento, mas FOGO NO CABELO NÃO. Não adiantou dizer que eu não fumava, que deveria ter sido o pessoal da arquibancada, mas ele já partiu pra cima de mim e antes que ele me acertasse um tapa, o jeito foi corrermos para outro local aos trancos e barrancos, no meio daquela enorme massa de gente, perdendo com isto boa parte daquele grande espetáculo, em que mais uma vez saímos vencedores.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
NOS BAILES DA VIDA
Durante alguns anos vivi só de música, tocando saxofone em um conjunto musical onde o baterista era meu pai. Fiz vários bailes em alguns lugares nobres e outros nem tanto e também toquei em algumas rádios, na época só havia Rádios-AM. Dentre os bailes que eu fiz houve alguns inusitados que permanecem até hoje na minha lembrança, vamos então a estes. Certa vez, fomos contratados para tocarmos na Associação dos Surdos e Mudos que ficava no bairro das Laranjeiras no Rio, perto de onde havia a antiga TV Continental. Imaginei: vai ser um dinheiro mole de ganhar; as pessoas são surdas, não vai haver necessidade de grandes esforços para fazer o baile. O mesmo será quase na base dos gestos. Ledo engano. Alguns dos associados, surdos, ouviam alguma coisa e estes é quem davam início as danças. Mas, para eles dançarem era preciso haver uma vibração forte, um som bem alto. Só sei que ao final do baile estávamos estourados e eu com o beiço inchado, necessitando de fazer bochechos na salmoura para melhorar. Numa outra ocasião, fomos tocar na Associação dos Moradores do Jacarezinho que ficava dentro da favela. Os táxis por nós alugados para levar-nos junto com os instrumentos, nos deixava num local um pouco distante, fora da favela, que naquela época não possuía ruas, só vielas. Assim, íamos a pé de onde o táxi nos deixou, carregando os instrumentos até chegarmos ao local do baile, uma grande casa de dois andares. Estávamos lá tocando, quando vimos no fundo do salão uma grande briga, onde se jogava cadeiras, garrafas e outros objetos. Como a música que na ocasião tocávamos era lenta, não sei se um blue ou um samba canção, o presidente do clube foi até a gente e disse para tocarmos um outro tipo de música mais animada, para que mais pessoas passassem a dançar e menos pessoas ficassem envolvidas com a briga que continuava. Na mesma hora demos um corte musical e atacamos de um samba bem agitado, daqueles que não deixam ninguém ficar parado. Estávamos assim tocando animados quando se aproximou do palco um cidadão de porte atlético e perguntou: - Vocês não estão vendo a briga que está acontecendo nos fundos do salão? - Vocês têm que parar de tocar. O presidente do clube ouvindo aquela ordem para que nós parássemos de tocar nos disse: - Se vocês pararem de tocar, não vão receber ao final do baile. Algum tempo depois, o troglodita foi mais uma vez até a gente e ameaçou: - Se continuarem tocando vão levar um tiro cada um. Ficamos perplexos, sem saber o que fazer dali pra frente: Ou ficávamos sem receber nada ou enfrentávamos aquela ameaça de levarmos um tiro. Passado algum tempo, aquele cara que nos havia ameaçado e outros que estavam envolvidos na briga, foram jogados escada abaixo pelos seguranças do clube. O baile continuou normalmente até o final e recebemos o combinado do tesoureiro da Associação. O problema agora era como sair de madrugada daquela favela, andando por aquelas vielas tortas e escuras a pé até chegarmos aos carros, que já deveriam estar nos esperando do lado de fora. O medo de encontrar aqueles que nos havia ameaçado, fazia com que andássemos todos juntos, de olhos e ouvidos atentos a quaisquer movimentos e com passos acelerados, quase correndo. Eu me lembro que ia com a caixa do meu instrumento na frente como se fosse um escudo para me proteger das possíveis balas de um três oitão, única arma disponível naquela época, tão diferente do pesado armamento de hoje. Graças a Deus não houve mais nada e chegamos sãos e salvos nos carros que partiram a toda velocidade. É, músico às vezes passa por situações bem difíceis tocando nos BAILES da VIDA, mesmo assim era muito gratificante, pena que este tempo acabou, durou apenas uns três anos mas foi o suficiente para marcar indelevelmente a minha vida. Meu pai ainda continuou sendo baterista de um conjunto de bossa nova por mais alguns anos, depois também parou de fazer bailes, só tocando na nossa casa, que era como um clube, onde havia bailes quase todo final de semana. GOOD TIME!!!
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