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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

HISTÓRIAS DO MG E EU


Foram muitas as aventuras que eu e aquele conversível com volante do lado contrário vivenciamos na década de 70. Algumas já foram contadas neste blog, outras não, como esta a seguir: Certa vez eu,  meus irmãos e um primo fomos a um baile num clube de um subúrbio do Rio, mais precisamente no Social  Ramos Clube. Era uma festa de formatura de uma turma de um colégio e como conhecíamos alguns dos formandos, la fomos nós. Depois de vararmos a Avenida Brasil embicamos para Bonsucesso, onde hoje se inicia a Linha Amarela e descemos na Rua Uranos até chegarmos a Ramos, que é um bairro logo depois. O Clube ficava numa rua alta e possuía, por conseguinte, uma ladeira. Como o MG estava com problemas no motor de arranque e para não pagar mico, parei numa rua atrás, que era uma ladeira propícia para o tranco. Sentamos numa mesa no final do salão para melhor apreciarmos o baile. Logo, outras mesas foram anexadas à nossa e, quando vimos, havia cerca de trinta pessoas comendo e bebendo à vontade no nosso grupo. Perto do final do baile o meu primo achou que a conta seria muito alta e que só tínhamos nós de homens para ratear as despesas, já que naquela época as garotas não pagavam nada, só levavam uma bolsa pequena com os apetrechos femininos, mas nada de dinheiro. A sua ideia então, era que fôssemos dançar e no meio da dança iríamos embora sem pagar nada. Falei que isto não daria certo, pois tinha algumas pessoas que já estavam nos olhando devido ao grande consumo de coisas que não paravam de chegar as nossas mesas. Também lembrei da dificuldade que o carro tinha em pegar, necessitando  de ser empurrado. Ele e meus irmãos falaram, então, que se eu estava com medo, era para ir primeiro para o carro, deixá-lo ligado e assim que pudessem eles iriam também. Assim se deu, saí do clube, fui para o carro e deixei a chave ligada na ignição. Passados alguns minutos, ouço uma correria e gritos de pe...e...e..ga, pe...e..e.....ga. pe....e...e...ga. O carro foi empurrado ladeira abaixo e pegou no tranco. Quando chegamos embaixo na Rua Uranos, descobrimos que meu primo havia ficado para trás. Não havia jeito de ir embora sem ele. Por isto, estacionei o carro longe do clube e voltei por outro lado, como quem não havia saído do baile. Procurando por meu primo fui até a parte de baixo do clube e o vi cercado de seguranças, oferecendo o seu caro blazer, que era de tropical inglês para saldar a conta. Falei na maior cara de pau que eu não havia saído do baile e que era o responsável pela conta e que estava ali para pagar a dívida, o que de fato ocorreu. Depois de pagar as despesas de mais de trinta pessoas que comeram e beberam sem parcimônia,  aí é que eu vi o que é um verdadeiro tranco. Mas tudo bem, naquela época, bem diferente de hoje,  era época  de vacas gordas, pois trabalhava num cartório de protesto de títulos, onde dinheiro não era problema. Havia o bastante para qualquer situação de emergência, sem prejudicar as minhas responsabilidades. Alguns dias atrás, recebi um telefonema de um colecionador de carros residente na Barra da Tijuca, no Nova Ipanema. Disse que depois de muitas dificuldades ele conseguira me localizar e que ele era o atual proprietário do MG. Só que estava com o recibo sem a minha assinatura e queria ver o que eu podia fazer para ajudá-lo. Pensei: se passados tantos anos, o carro ainda estava em meu nome é porque ele ainda faz parte da minha vida. Disse então para o aludido colecionador que já havia assinado um recibo de venda há muitos anos atrás e que não iria assinar outro. Desliguei o telefone com um sorriso juvenil e maroto no rosto.   

2 comentários:

  1. Tu não prestava garoto. Essas lembranças fazem bem, afinal, vivíamos num outro mundo. Hehehe!

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  2. Realmente eu era um bad boy Cesar. Os tempos eram outros e valeu a pena viver em tal período. Abços!!!

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