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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A FEIJOADA MAIS QUE COMPLETA

Comer é uma das boas coisas da vida. Sim, apreciar boa alimentação, degustando com prazer, pratos bem temperados, azeitados e regados com uma boa taça de vinho, nos dá um enorme prazer. O Criador nos brindou com uma variedade de alimentos e sabores, que nunca ficaremos entediados com esta faceta que é comer e ficar satisfeito com o que nos mantém vivos. Poder comer fora de casa num bom restaurante é um prazer a mais. Sempre que as condições o permitem, gosto de me dar ao luxo a esta regalia. Mas nem sempre foi assim. Muitas vezes o comer tinha como objetivo único matar a fome, o que de certa forma é o que nós basicamente precisamos para vivermos. Me lembro de certos fatos que aconteceram neste período, ou seja, comer qualquer coisa para matar a fome. Quando trabalhava num banco, ia almoçar numa lanchonete na Avenida Treze de Maio, perto do Teatro Municipal no Rio, era uma lanchonete simples, mais para "pé sujo". Uma vez fui com um colega de banco, o Orlando, até tal lanchonete. Ao olhar o "menu" vi que o melhor prato era um rosbife, (roast beefe) com fritas e arroz e pedi um para mim. O Orlando me acompanhou no pedido. Quando chegaram os nossos pratos, o Orlando ao ver aquela carne só tostada por fora e apenas rosada por dentro, disse: - A carne está crua, eu não sou cachorro para comer carne crua. Então lhe disse que rosbife era assim mesmo, carne assada, queimada apenas por  fora. Ele me respondeu enfaticamente:  - Não, rosbife que eu conheço é arroz com bife. Não deu para dialogar e ele mandou devolver o prato comendo outra coisa. Numa outra ocasião, trabalhava num cartório com uma escrevente de nome Iara. Um dia ela jogou no bicho e acertou os números de uma centena. Disse então para nós seus colegas: - Hoje o lanche no Bob`s é por minha conta. Partimos assim para um Bob`s e começamos fazer os nossos pedidos. Enquanto isto, Iara olhava para o cardápio colocado acima em uma tela de acrílico. De repente, grita bem alto para o atendente: - Eu quero um SANDAUDEMARSHIMALOVE. Foi um silêncio geral, com todos os olhares voltados para Iara, que achava a sua pronúncia de inglês perfeita. Após isto, nenhum de nós queríamos ficar perto da Iara, mesmo com ela pagando a conta, fingíamos até que não a conhecíamos de tanta vergonha. Numa outra ocasião, fomos até uma pensão que ficava num sobrado na Rua do Rosário. As mesas eram cobertas de pano xadrez vermelho e branco e a maioria estavam com algumas sujeiras de pingo de feijão, deixado pelos clientes anteriores. O prato do dia era uma feijoada. Todos pedimos a tal feijoada, por mais preguiça que tal comida daria na parte da tarde. Quando chegaram as nossas feijoadas, começamos a almoçar, como se viéssemos da Etiópia. Éramos uns cinco e entre estes estava o Celso, que falou após ver os ingredientes: - Opa, fui premiado com um pedaço de uma orelha de porco, item que ele gostava muito. Ficamos com uma baita inveja do Celso. Aí, ele passou a tentar cortar a aludida orelha para comer e nada. Primeiro pensou que sua faca estava cega e pediu uma melhor ao garçom. Mesmo com uma faca nova, Celso não conseguia cortar a "orelha". Falou então que achava que o porco de quem procedia tal "orelha" era velho, talvez um "cachaço" razão da dificuldade em corta-la, que dita orelha esticava como borracha. Desanimado, Celso, resolveu limpar tal "orelha" do caldo de  feijão que a envolvia, para ver o porque da impossibilidade de corta-la, só então descobriu, que dita "orelha" era na verdade um band-aid, deixado por algum cozinheiro, descuidado. Foi uma debandada geral, perda total da fome e com alguns até passando mal. É tal feijoada estava completa até demais. Época de vacas magras e até feridas!!!  .                      

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O QUE DEUS PENSA DA NOVA MORALIDADE?

Vivemos num período de  grande conhecimento humano em todos os campos. Por conta disto, os homens tem feito várias tentativas de estabelecer um conceito diferente para uma nova moralidade calcada em valores atuais e não nos antigos que segundo estes não correspondem mais a realidade. Assim aquilo que causava aversão ou era repudiado, hoje é aceito plenamente como normal e até elogiado, como uma nova forma de vida ou uma forma alternativa. Gerações nascidas assim, tendem a achar normal o que antes nem se comentava a mesa do jantar. Por não terem um guia correto para se orientarem no que é aceitável ou não as pessoas andam se tateando, ouvindo hoje a opinião de um filósofo, amanhã de um  pensador, depois de amanhã de um psicólogo, mais a frente de guru e a cada vez baixando mais o nível da moral, tornando-se uma sociedade totalmente permissiva, em que praticamente não há qualquer freio, tendo as pessoas que ainda resta um pouco de decência e se chocam com o que aí está, medo de expressar as suas idéias, para não serem taxadas de ultrapassadas ou obsoletas e aí é uma corrida ladeira a baixo na direção do fundo do poço  e salve-se quem puder. As pessoas hoje abandonaram um guia que antigamente servia como modelo para se orientarem na maneira de se comportarem,  a Bíblia, que é considerada como a palavra de Deus. Hoje ela é considerada, mesmo por aquelas pessoas que se dizem líderes religiosos, como não tendo valor prático, ante a nova sociedade humana.  Mas pense, o Criador da raça humana, sabe muito mais do que qualquer filósofo ou pensador sobre o que é melhor para as criaturas, assim como um fabricante por exemplo de um veículo, sabe mais do que o mecânico da esquina, que coloca como anuncio de sua capacidade ser uma  "mecanica specializada". Se não é nem de português muito menos o será do próprio carro. A Bíblia diferente de outros livros, tem as idéias e pensamentos de Deus para instruir os humanos, a como viverem de maneira correta. É como uma bússola ou um manual de instruções que nos informa como podemos evitar as bombas de um campo minado que é o mundo que vivemos. Só o período em que levou a sua escrita do primeiro ao último livro, que foi de 1.600 anos, demonstra que não é obra de homens, embora eles a escreveram mas agiram como meros secretários, escrevendo coisas e pensamentos de um mesmo Autor, no caso Deus.  Há uma completa harmonia entre o primeiro livro e o último, o que descarta ser obra humana.    Mas será que a Bíblia é como os livros de pensadores e filósofos que rapidamente ficam ultrapassados. Podemos dizer com toda certeza que não. Aquilo que foi expresso ha milhares de anos atrás, está atualíssimo e serve para os nossos dias. Isto porque Deus não muda..Ele não sofre a influência do tempo e dos modismos. Aquilo que Ele achava errado lá no passado, continua sendo considerado errado por Ele, hoje. Por exemplo, cidades como Sodoma e Gomorra, foram destruídas por causa da sua crassa imoralidade, envolvendo relações entre pessoas do mesmo sexo. Em Romanos capitulo 1, versículo 26, o apóstolo Paulo fala do julgamento adverso, que terão aqueles que trocam o uso natural de fêmeas e machos, por outro contrário a natureza. Também era condenada  as  relações sexuais de pessoas, sem estarem casadas. Numa ocasião, Deus num só dia, executou 24 mil israelitas, prestes a entrarem na Terra da Promessa, pelo fato de  que haviam tido relações com  mulheres moabitas. Deus mudou a sua forma de pensar com relação a isto? Com toda certeza, NÃO. Ele mesmo afirma em sua palavra no livro de Malaquias capitulo 3, versículo 6 que; "NÃO MUDEI" . Por que se ele tivesse mudado a sua opinião para se adequar aos novos tempos teria de pedir desculpa aos habitantes de Sodoma e Gomorra, bem como a aqueles 24 mil israelitas mortos por conta de terem relações sexuais, sem estarem  casados. O apostolo Paulo em sua primeira carta aos Coríntios no Capitulo 6, versículo 18, aconselha aos cristãos a fugirem da FORNICAÇÃO, que é terem relações sexuais sem estarem casados, Tanto que no mesmo livro, de 1 Corintios, agora no capítulo 7, versículo 9, ele aconselha que se você não conseguir se manter casto sem sexo, que então case-se. Muitas pessoas acham que este pensamento de Deus era no passado e que ele hoje não é tão rigoroso neste assunto, permitindo que se tenha sexo entre pessoas livres e que os envolvidos teriam de evitar as doenças e gravidez, com o uso de preservativos.  Numa outra passagem  bíblica que está no livro de Tiago capitulo 1, versículo 17, falando sobre a atuação de Deus, lá diz que com ele não há variação da virada da sombra, ou seja a sombra muda de acordo com a posição do sol mas Deus não. Sendo assim, estão redondamente equivocados os que acham que Deus mudou os seus pensamentos para se adequar a nova moralidade prevalecente.Os humanos é que tem se adequar as normas de Deus e não ao contrário.  No último livro da Bíblia, Apocalipse, ou Revelação,capítulo 22, versículo 15,  ele é enfático ao dizer que no final dos tempos, ou seja agora,  serão julgados adversamente os que praticam, entre outros pecados a  '"FORNICAÇÃO", que é o sexo sem casamento,  perdendo estes o direito a  vida por isto. Portanto não se deixe enganar, pensando que Deus agora irá passar por alto, aquilo que ele sempre foi contra e condenou os seus praticantes com a pena de morte, para permitir agora uma nova moralidade permissiva."DE DEUS NÃO SE MOFA, O QUE O HOMEM SEMEAR ISTO É O QUE COLHERÁ".

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

VELOZES E FURIOSOS





Era a tarde de um dia 24 de dezembro, quando paro meu Opala branco duas portas num sinal no Largo do Bicão na Vila da Penha no Rio. Já estava parado há alguns instantes, quando de repente uma Kombi que vinha a toda velocidade, não consegue fazer a curva ou frear e atinge em cheio a lateral do Opala, do lado onde estava minha ex esposa, grávida já de nove meses do meu terceiro filho, o qual veio a nascer quatro dias depois. Depois do estrago, falo em sinais com o condutor da Kombi. que diz também em sinais para ir um pouco a frente, um local mais propício para conversarmos. Ele vai primeiro e eu atrás com o Opala, que tinha a lateral toda amassada. Quando eu encosto o carro e vou tentar conversar com o motorista causador do evento ele se manda, subindo a Av. Meriti. Fiquei, fulo de raiva e saí em disparada na perseguição a Kombi, tendo a alcançado, no sinal onde havia a antiga Standard Eletric, hoje o Shopping Carioca. Parei o carro atravessado na pista impedindo qualquer tentativa de fuga e fui tirar satisfação com tal negligente motorista e além de tudo mau caráter. Ao chegar perto da  janela de seu veículo, notei que ele estava alcoolizado e que na Kombi havia mais umas treze pessoas, todas aparentemente bêbadas  já por conta da festa natalina. Ao chegar fui logo dizendo: - Você pensa que eu sou palhaço. Bate no meu carro parado, depois manda eu encostar a frente e se manda. Ele virando-se para mim diz: -  Sou o Russo do Morro do Juramento, se ficar de bobeira, falando lero, como já bati no seu carro, bato em você também.  Aí não prestou, não sou de levar desaforo para casa e não ia ser aquele o primeiro mas vi que não tinha como enfrentar tal cara e mais os que o acompanhavam sem apanhar muito. Enquanto isto o sinal continuava fechado. Voltei pro meu carro e minha ex esposa me perguntou: - E aí? Lhe respondi: -Tudo bem  Liguei o motor, peguei a direção do Opala que estava atravessado na pista e manobrei-a a fim de ficar com o meu carro à frente e a Kombi atrás. Minha ex esposa já quase botando a criança pra fora, pressentindo algo estranho em meu comportamento, falou para eu deixar para lá, que os caras poderiam ser bandidos, do morro que ficava logo ali em frente. Eu lhe disse:- Fica tranquila. Como sempre apesar de pequeno sou abusado. Enquanto esperava o sinal abrir, engatei uma marcha-ré e fiquei com o pé na embreagem. Naquela época ainda não havia a lanterna branca que indica que você engatou uma marcha ré, razão porque ele não sabia nada do meu intento. O meu Opala, tinha um motor V8 de 3.800cc, que dependendo do giro do motor, as vezes dava até para empinar as rodas dianteiras. Quando o sinal abriu, soltei rapidamente o pé da embreagem e só ouvi aquele barulho de vidros de faróis quebrados. Não deu para ver o estrago feito, mas não estava disposto a sair dali com o carro batido e ainda alguém falar que se eu desse mole iria me bater. O meu medo era de que as garras do para-choque do Opala, agarrassem nas da Kombi, aí eu teria de sair arrastando-a ate se soltar, ou se as marchas do Opala trepassem com a batida e não pudesse passar outra. O jeito seria correr, para não ser linchado pelo pessoal da Kombi. Mas nada disso aconteceu e o Opala não estava em meu nome, não havendo como o tal Russo me identificar. Saí do local cantando pneus, que soltaram uma enorme fumaça e nunca mais soube do Russo do Morro do Juramento. Hoje depois das mudanças que fiz em minha vida, sei que não agi correto, que poderia até ter sido morto, mas naquela época éramos assim, jovens, velozes e furiosos, não dando o menor valor a vida, nem levando desaforo para casa.        

sábado, 12 de fevereiro de 2011

É SÁBIO FICAR EM CIMA DO MURO?

Muitos acham que, por não terem certeza de nada, a melhor coisa que podem fazer em suas vidas é ficar em cima do muro, esperando alguma coisa que o ajude a definir de que lado deve ficar. É sensato tal proceder? É sábio? Podemos dizer sinceramente, que não. Isto porque alguém assim dúbio não pode esperar nada de bom ou alguma recompensa. Ele é uma pessoa que não possui opinião própria e vive jogado para lá e para cá, levado por opiniões ou filosofias, como uma onda ao sabor do vento. Em assuntos triviais do dia a dia em que não estão envolvidas grandes questões, mas apenas decidir sobre coisas corriqueiras ou opiniões é admitido se ter dúvidas no que fazer, aliás todos têm. Mas em assuntos importantíssimos que envolvem a própria vida, não se pode brincar adiando indefinidamente a sua decisão. Ser assim, uma pessoa indecisa,  não lhe acrescenta nada. Ter dúvidas reais, tudo bem mas não fazer qualquer esforço para dissipar tais dúvidas, aí significa que para ele, estas devem continuar a fim de não ter de  tomar qualquer posição. Me lembro de um primo que era assim, o Gilson. Ele sabia o que era certo e o que fazer a respeito, mas me dizia, que como sabia que faltava algumas coisas para acontecerem ele iria curtir e aproveitar a vida e que quando estivesse perto dos fatos derradeiros, do qual tinha plena ciência, ele voltaria rapidamente a fim de ter a aprovação de Deus. O que aconteceu? Tentando aproveitar o máximo a vida, Gilson morreu. Não deu tempo para ele voltar e se portar  como um verdadeiro cristão. O instituto da dúvida serve para aqueles que não estão dispostos a fazer quaisquer mudanças, justificando-a sob a pálida alegação da dúvida, que no fundo nem mesmo tem, senão procurariam meios para sana-las. A maioria destes conhecem qual é o lado certo mas ficam esperando um momento oportuno para se decidirem, pensando que o melhor seria mais tarde, quando já estiverem mais velho, um bagaço de laranja chupada. Se esquecem que a morte não atinge só pessoas idosas mas todos. Se alguém for a alguma capela mortuária no Rio, São Paulo ou mesmo no interior, verá que lá, terá sempre algumas pessoas jovens que ontem, sonhavam em casar-se, entrarem para uma faculdade, começar um novo emprego e muitos outros projetos de vida e hoje estão sendo veladas para amanhã serem enterradas. Não tenham dúvidas a morte atinge a todos. Desta forma não adie a sua decisão, pois ninguém sabe quanto ao dia de amanhã. No aspecto de decidirmos em relação a vida que levamos não pode haver dúvidas, já que temos de  tomar uma posição em face ao assunto mais fundamental que é, se estamos do lado do Criador ou de seu Opositor, não há como ficar neutro ou em cima do muro. Só em ficarmos no meio e não do lado de Deus,  significa que apoiamos o Opositor, que questionou a de que as pessoas teriam dúvidas quanto a maneira de Deus governar se seria a melhor para a raça humana. Portanto, se você está no meio, está contra Deus é como Jesus falou: - Quem comigo não ajunta, espalha, conforme transcrito em Mateus 12:30, ou seja se você não estiver ajuntando está espalhando. O discípulo e meio irmão de Jesus, Tiago diz o seguinte, no livro que leva seu nome no capítulo 1 versículos  6, 7 e 8 :-  "POIS QUEM DUVIDA É SEMELHANTE A UMA ONDA DO MAR, IMPELIDA PELO VENTO E AGITADA. DE FATO NÃO SUPONHA TAL HOMEM QUE HÁ DE RECEBER ALGO DE DEUS, ELE É HOMEM INDECISO, INSTÁVEL EM TODOS OS SEUS CAMINHOS. Vemos assim que não há como se ficar em dúvidas e não procurar dissipa-las, ficar neste estado resulta em desaprovação de Deus. Ficar em cima do muro, pra Deus é pior do que alguém que fica do lado do Opositor Dele. Veja como isto é uma verdade, no conselho que Jesus deu a Congregação de Laodiceia, conforme se vê em Apocalipse ou Revelação Capítulo 3, versículos 15 e 16 onde lemos" Conheço as tuas ações, que não és nem frio nem quente. Quisera eu que fosses frio ou quente. Assim, porque és morno, e não és nem quente, nem frio, vou vomitar-te da minha boca". Em linguagem figurada alguém que fica no meio entre uma coisa e outra é como se fosse morno. Jesus falou que tal pessoa era pior, pois preferia que ela fosse uma coisa ou outra. O resultado desta postura, chegava a causar nojo a Jesus, pois ele diz que "iria vomitar da sua boca". Assim, se você acha que ficando neutro, em cima do muro e não procurando dissipar as dúvidas para poder justificar um comportamento de indecisão. A sua relação com Deus está bem pior do que,  os que a ele se opõe. Finalizando não demore a tomar uma decisão em sua vida, pensando que com isto você não tem muita responsabilidade, já que acha que não apóia o outro lado. Pra Deus não há meio termo ou estamos do seu lado e iremos receber a recompensa da vida ou se ficarmos em cima do muro, vamos receber a sentença de morte eterna, tal como os que estão do lado contrário. Hoje é o dia para decidirmos, sanar as dúvidas reais que possam existir, pular para um lado do muro, amanhã...amanhã.... talvez seja bem tarde. Portanto, pare de criar desculpas esfarrapadas e pule, não vai doer nada!!!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A FUGA EM ZIG ZAG



Fiz faculdade de direito durante o regime militar mas precisamente quando foi instituído o temível AI- 5 que reprimiu de forma violenta toda e qualquer manifestação contrária ao regime de exceção. Foram os chamados "anos de chumbo" em que muitos foram mortos, outros tantos torturados, muitos tiveram os seus direitos políticos caçados e foram para outros países como exilados ou estão entre os muitos desaparecidos sem que os seus familiares possam saber de seu paradeiro. Ser estudante universitário naquela época era sinônimo de subversivo ou comunista. Havia entre os colegas, alunos que na verdade estavam lá plantados como espiões para delatar aos órgãos de repressão os que eram agitadores. Para enfrentar a cavalaria que por diversas vezes invadiu a faculdade, muitos de nós além de livros e apostilas levávamos rolhas de cortiças e bolas de gude. Não havia cavalo que ficasse em pé com tais objetos derramados no chão. Mesmo não tendo nenhuma ideologia comunista, fui a diversas passeatas ao lado de muitos artistas famosos. Algumas vezes em tais passeatas cheguei a sofrer agressões de policiais. Mas me lembro de uma passeata que ocorreu e da qual nem estava participando. Naquela ocasião trabalhava num cartório de protestos na Praça XV no centro do Rio. Na hora do lanche eu e mais dois funcionários do cartório, o Luiz e o Itamar, resolvemos faze-lo no "Bob's" que havia na Rua do Rosário. Atravessamos a 1º de Março e quando estávamos na citada rua do Bob's na altura da Rua do Carmo, ouvimos o eclodir de bombas e tiros vindo da Avenida Rio Branco onde havia uma passeata. Como muitos fugiram descendo a Rua do Rosário no sentido da 1º de Março, eu que no momento estava ao lado de um colega de faculdade, que encontrara no caminho, o Flavio, que possuía uma cara de subversivo por seu cabelo grande e uma barbicha a la "Che Guevara" também passamos a correr, fugindo dos policiais armados que davam tiros de verdade e não de festim ou de borracha. De repente me vejo agarrado por um policial civil, que passa a me desferir várias bolachadas de cassetete. Depois de alguns segundos consigo me desvencilhar do aludido policial. Começo então a correr no sentido contrário ao da passeata, ou seja para a 1º de Março. Como eu já havia visto em outras ocasiões policiais atirando para valer em estudantes que se soltaram de suas mãos, alguns serem atingidos e outros até mortos, corro, não de forma natural em linha reta, mas em ZIG e ZAG. Embora não visse o policial sacar da arma, depois de me soltar, pensei comigo, se ele o fizer,  para me acertar terá mexer muito na pontaria, o que tornaria difícil o acerto, pois eu seria um alvo móvel. Pode ser que se ele der um tiro no ZIG eu esteja no ZAG e não me acerte e assim fui pulando de um lado da rua ao outro. Tanto o Luiz como o Itamar meus colegas de cartório quando me viram seguro e apanhando, pararam de correr e ficaram só observando. Eles me contaram que viram o policial, após eu me soltar, puxar da arma e fazer pontaria contra mim mas a minha forma de corrida frustrou o seu intento. Chegamos ao cartório, todos brancos como vela, mas vivos, principalmente eu por conta da minha maneira excêntrica de correr. Coisas do passado que marcaram a minha juventude e toda uma geração, que gerou protestos, livros, filmes, mini-séries, pedidos de reabertura do caso no Congresso para julgamento dos culpados e manifestação da OAB para apurarem o paradeiro dos inúmeros desaparecidos. Sim as vezes é preciso se adaptar as necessidades do momento e naquele momento a corrida que não ganharia qualquer medalha em Jogos Olímpicos mas me premiou com um troféu maior que é a vida, foi a do ZIG e ZAG!!!

A FALHA DE CARÁTER

De vez em quando ouvimos a notícia de que alguém agiu de uma maneira anti-ética ou mais precisamente de uma forma absurda no seu relacionamento humano, mostrando total falta de caráter. As pessoas envolvidas, principalmente as que amam, ficam chocadas. Não conseguem entender como pode alguém agir assim se lhe deram tudo de bom, todo o seu amor. Ficam vasculhando as suas atitudes ou ações passadas na ânsia de encontrar erros que possam justificar o comportamento do outro. Embora reconheçam que são humanos e portanto sujeitos a erros, não encontram nada de grave que venha a ser motivo de uma ação tão deletéria e negativa. Como diria certo provérbio popular "nem Freud explica". O escritor deste blog que não é nenhum psicólogo ou coisa parecida mas apenas um atento observador do comportamento humano, tem opiniões e conclusões sobre o assunto, não que isto seja uma coisa definitiva e verdadeira mas é o que eu pude observar e por fim concluir. Uma coisa que tenho observado em todos os que demonstram falta de caráter em sua personalidade é um padrão de comportamento mais ou menos idêntico: Primeiro deles:  Se acham ou se fazem de vítimas. Pra este tipo de pessoas todos são "bandidos" e só ela é o "mocinho" da estória. Acham que desde que nasceram sofreram discriminação e foram preteridos. Estas pessoas não só acham que são sempre as vitimas como se comportam como vítimas. Ficam deprimidas, de baixo astral, reclamam de tudo e de todos, espalham a infelicidade ao seu redor. Quem não as conhece  verdadeiramente acham que são boazinhas mas é só casca. Elas tem o poder de torcer o que foi dito em seu benefício. São dissimuladas e pérfidas, engendrando coisas torpes para justificarem  a sua ação. Por que no fundo querem como que "roubar" sua vida. Segundo: Não admitem seus erros. Jamais acham que errou, o erro pertence aos outros. Em pouquíssimas vezes pedem perdão por algum ato chocante de sua parte, mas tal pedido, quando o fazem não é sincero já que no fundo acham mesmo que o erro não é seu. Passados poucos dias de tal pedido, fazem ou cometem as mesmas barbaridades e aí fica aquele círculo interminável de atos errados e pedidos falsos. Querem sempre que a outra pessoa mude o seu modo de agir, pensar e de viver enquanto ela não está disposta a fazer qualquer mudança por menor que seja em prol do bem comum. Terceiro:  Não possuem amigos. Todos os que o cercam não são confiáveis por isto não prospera nenhuma amizade. Em razão disto surge o Quarto fator: Não confiam em ninguém. Todos são traidores. Chegam a sonhar com a traição de que se acham vítimas. Prova disto é que monitorizam todos os atos das outras pessoas. Se pudesse teria uma escuta e uma câmera para captar os pensamentos alheios e ver quais são as suas intenções para evitar a suposta "traição" de que acha será vítima no futuro. Possuem um ciúme doentio Quinto: São falsos moralistas. Pregam uma coisa e fazem outras. Exigem de outra parte uma atitude como se fosse de uma beata enquanto ele/ela mesmo é um libertino/a. Assim que podem dão vazão a seus atos imorais. Sexto:  São totalmente egoístas. Só os seus problemas é que são importantes. A vida gira em torno de seus alvos. Ele é o artista principal, os outros que o cercam são meros coadjuvantes. Só olham o seu próprio umbigo. Sétimo: não respeitam a outra parte, a sua vontade é que prevalece. Dizem e fazem coisas que fere os outros sem nenhuma dor de consciência. Oitavo: Estão sempre de mau humor, a vida é sempre vista pelo seu lado negativo. Tem raros momentos de alegria e descontração. Nona: São mentirosos compulsivos, fingem e mentem descaradamente para justificarem os seus atos e ações. Décima e última: São pessoas infelizes e acham que todos também devem compartilhar de sua infelicidade. Não sabem ser felizes. Quando tudo parece estar bem criam ou inventam qualquer coisa para começar uma briga a fim tornar a relação infeliz. Têm prazer na infelicidade que se pudesse seria a regra de sua vida e não a exceção. Ao ver estes padrões de comportamento de todos os que tem falhas graves de carácter, espera o editor deste blog, poder ajudar os que sofrem em tal relacionamento, para em reconhecendo isto, verem que nada que pudesse ter feito mudaria a situação, pois se trata de pessoas doentes. Em conclusão do assunto: Nem mesmo o maior amor do mundo teria o poder de reverter esta falha, por isto anime-se: O ERRO NÃO É SEU,        

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A "FURIOSA" ATACA PELA MANHÃ

Morei por conta de estudar, um certo tempo numa cidade bem pequena em Carmo-RJ. A vida no interior era limitada e eu acho que ainda é, com poucas opções de diversão, por conta disto, você tinha e tem de arranjar algo para fazer, para preencher o tempo que não andava e não anda, ainda mais quando se é jovem, ai é que ele se arrasta. Por isto eu e mais uns amigos, fomos até a sociedade musical local, para apreendermos a tocar algum instrumento, que no meu caso o maestro optou por um clarinete de treze chaves. Depois das aulas teóricas de conhecimento e solfejo musical, passei para a aula prática. O instrumento que me foi cedido era novo e por conseguinte bem seco, não possuindo a sonoridade encontrada em outros instrumentos já amaciados. Aconselhado, muitas vezes, coloquei cachaça no clarinete para ele ficar mais macio, não sei se esta dica possuía algum valor real ou era simples boato de algum músico que gostava de beber. Depois de algum tempo de aprendizado, quando consegui ter uma razoável embocadura, recebi a incumbência de ser o quinto clarinetista da banda e passei a tocar não só na localidade, como em várias cidades fluminenses e da zona da mata mineira. Viajávamos de madrugada para as cidades e antes das 6:00 horas, lá estávamos perfilados, marchando de baixo de um foguetório danado, atacando num dobrado decorado, acordando todas pessoas pelas ruas onde passávamos, assim como acontece com todas as bandas que fazem alvorada. Em muitas cidades tocávamos na praça principal,onde havia um coreto. Só que em algumas tal coreto não possuía cobertura e ficávamos tocando debaixo de um sol causticante, que aumentava ainda mais o calor dentro daquela farda cinza chumbo, com um quepe do mesmo tecido, tipo comandante. Era o inferno de Dantes. Alegria mesmo era quando o maestro anunciava a pausa para almoçarmos. O almoço era sempre muito bom, numa mesa farta, normalmente num clube ou ginásio, com um período de folga depois, porque ninguém é de ferro. Quando na cidade havia um rio próximo, quase todos nós íamos para lá para se refrescar, deixando as nossas fardas penduradas nas árvores a beira do rio. O difícil nesses dias quentes era reagrupar o pessoal para enfrentarmos o sol da tarde. Era um tal de se esconder debaixo dos bambuzais, porque ninguém queria sair da água. Muitas das vezes a banda começava o programa da tarde faltando vários membros. A noite de cima do coreto começávamos a paquerar as garotas que estavam próximas, fazendo muitas vezes alguns destonar, sob o olhar e ouvido atento do maestro, que tudo percebia. O bom de tudo isto era que ao final, além do passeio, sobrava algum trocado, mesmo que fosse pouca coisa para mim o quinto clarinetista da sociedade musical. Um fato curioso aconteceu numa localidade me parece que Volta Grande em Minas Gerais. Debaixo de muitos foguetes, começamos a desfilar em passos rápidos pelo centro da cidade, fazendo a alvorada, acordando a todos, tocando um dobrado bem decorado. Nele havia uma parte em que o primeiro clarinetista fazia um solo em alguns pedaços. Me lembro então, que num determinado momento o maestro olhou para o primeiro clarinetista como a dizer, a banda toda está em suas mãos nesta hora. Ele então ao invés de tocar, gritou para o maestro, com aquela voz gozada, como se tivesse um ovo na boca, própria de alguém sem dentes: - Agora não posso..., minha dentadura caiu lá atrás... e alguém a chutou. Foi uma debandada e riso geral, com todos depois procurando a dentadura do primeiro clarinetista, que foi encontrada no meio de uma moita de capim. Ele apenas soprou os matos que estavam grudados nela e em seguida a colocou na boca. Depois de re-alinhar o grupo, o maestro levantou a sua vareta: - E É UM,... E É DOIS....E É JÁ, dá-lhe "furiosa" - pamparaam...paraampampampam, parampampam...pam...pam..pam...pam..pam...pam...pam!!!     

O CASAMENTO IMPOSSÍVEL E A PROTEÇÃO DIVINA

Algumas vezes na minha profissão, fui procurado para resolver casos inusitados que eu nem sei se tem algum similar. Um desses foi quando uma senhora me procurou para resolver o problema de pensão do antigo INPS deixada por seu filho, que falecera alguns meses antes. Ele possuía três filhas da sua primeira união, só que se separou e passou a conviver com uma outra mulher perto da data de seu falecimento. A mulher com quem ele fora morar no final de sua vida, conseguira casar-se com ele. É conhecida a possibilidade jurídica de que alguém no seu leito de morte, não querendo que sua companheira fique desamparada, demonstre a sua vontade de casar-se com ela, porém o fazendo na presença de testemunhas, que irão depois, em um processo, dar validade ao aludido casamento chamado de "in extremis". Só que o casamento feito não obedecera as exigências legais e, por incrível que pareça, o filho de minha cliente falecera em fevereiro e a esperta casou-se com ele em julho do mesmo ano. Ou seja, o indigitado casou-se, ou mais precisamente foi levado ao casamento, cinco meses depois de sua morte. Não sei se por conta disto houve a famosa "lua de mel".  Tal fato ou aberração jurídica se deu no Município de Caxias/RJ, onde muitas pessoas diziam naquela ocasião que "em Caxias tudo pode". Hoje eu sei que tal Município, um dos maiores e mais progressistas da baixada fluminense é governado por leis de um Judiciário atento, que jamais permitiria tal proceder de alguém assim em sua Comarca. Só sei que tal casamento foi anulado e a pensão foi revertida para as suas filhas, até que elas completassem a maioridade. Já havia passado algum tempo desde que solucionara o caso para minha cliente, quando antes das sete horas da manhã, ouço palmas em meu portão, numa casa no subúrbio do Rio. Minha ex-esposa, que estava grávida da minha segunda filha, fala aborrecida: - Quem será que vem tão cedo perturbar a gente? Será que não tem simancol?  Vou até a porta da frente e abro uma janelinha no meio desta para ver quem está batendo palmas no portão. Depois de ver, digo para minha ex-mulher: - É a dona Josina, aquela que eu resolvi o caso de pensão para as netas dela.  A minha ex fala: - Mas dona Josina tinha de vir tão cedo?  Não dei muita atenção a isto. Me vesti e fui até o portão para abri-lo e atender a dona Josina Alexandre. Ela se desculpou por ter vindo a minha casa tão cedo, dizendo: - Dr. Paulo, fiquei preocupada que o senhor saísse, por isto vim neste horário, me desculpe. Eu lhe disse em resposta: - Não tem nada não, dona Josina, o dia está tão quente e não dá para ficar na cama muito tempo. Mas o que a senhora manda?  Ela me disse: - Sabe aquele caso de pensão deixada por meu filho para as minhas netas? Os atrasados saíram agora. Eu lhe disse em resposta: - Fico contente com isto. Aí ela acrescentou: - Eu vim aqui para lhe pagar os seus honorários. Em adição eu disse que ela não estava me devendo nada, já que no início do processo ela havia me dado um dinheiro para as custas e sobrara o suficiente, que eu entendia ser o valor dos meus honorários. Ela disse: - Não, aquilo foi só para as suas despesas de ida a Caxias e custas, os honorários são outra coisa.  Eu não sabia o que cobrar a dona Josina, porque do meu ponto de vista ela não me devia nada. Mas ela insistia: - Quanto? Me diz quanto é os seus honorários, Dr. Paulo? Naquela manhã eu estava praticamente duro, só com o dinheiro para comprar as coisas do café. Teria também de pagar naquele dia o aluguel da casa, senão me sujeitaria ao acréscimo da multa, o que seria bem difícil para mim, já que a casa fora alugada na época de vacas gordas, quando ainda trabalhava no cartório e era um aluguel bem alto. Mas nada disto justificava eu cobrar algo se, do meu ponto de vista, ela nada me devia. Quando minha ex-esposa me viu relutando em receber os honorários e sabendo que eu estava duro e nenhuma perspectiva de alguma importância para pagar o aluguel, se esqueceu do mau humor de acordar cedo,  levantou rapidamente e foi falar com dona Josina, que ela já conhecia: - Oi dona Josina, tudo bem?  Ela lhe disse: - Tudo bem e o neném para quando é? Em resposta minha ex disse: - Para o mês que vem, é uma menina. Eu vou fazer um café para a senhora. E saiu para a cozinha. Eu não sabia mais como explicar para dona Josina que ela não me devia nada e ela insistindo: - Quanto é seus honorários?  Devido a sua insistência,  falei um valor aleatório, só para acabar com aquele impasse. Quando eu disse o valor, dona Josina me disse de pronto: - O quê? Isto é muito pouco. Em ato contínuo, puxou de sua bolsa um bom dinheiro e me deu o dobro do valor que eu havia falado e chamou minha ex-esposa, que estava na cozinha preparando um cafezinho. Quando ela chegou com uma xícara, dona Josina lhe disse com um dinheiro na mão: - Isto é para a menina que vai nascer. O total dado por dona Josina Alexandre foi a quantia exata para eu pagar o aluguel da casa. Só posso atribuir isto a uma  proteção divina, o fato de alguém vir a minha casa  tão cedo  pagar algo que eu não esperava e nem me devia e no valor exato que eu precisava. Sou muito grato ao meu Deus Jeová, por ter sempre cuidado de mim nas minhas tribulações, muito mais do que mereço.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

HISTÓRIAS DO MG E EU


Foram muitas as aventuras que eu e aquele conversível com volante do lado contrário vivenciamos na década de 70. Algumas já foram contadas neste blog, outras não, como esta a seguir: Certa vez eu,  meus irmãos e um primo fomos a um baile num clube de um subúrbio do Rio, mais precisamente no Social  Ramos Clube. Era uma festa de formatura de uma turma de um colégio e como conhecíamos alguns dos formandos, la fomos nós. Depois de vararmos a Avenida Brasil embicamos para Bonsucesso, onde hoje se inicia a Linha Amarela e descemos na Rua Uranos até chegarmos a Ramos, que é um bairro logo depois. O Clube ficava numa rua alta e possuía, por conseguinte, uma ladeira. Como o MG estava com problemas no motor de arranque e para não pagar mico, parei numa rua atrás, que era uma ladeira propícia para o tranco. Sentamos numa mesa no final do salão para melhor apreciarmos o baile. Logo, outras mesas foram anexadas à nossa e, quando vimos, havia cerca de trinta pessoas comendo e bebendo à vontade no nosso grupo. Perto do final do baile o meu primo achou que a conta seria muito alta e que só tínhamos nós de homens para ratear as despesas, já que naquela época as garotas não pagavam nada, só levavam uma bolsa pequena com os apetrechos femininos, mas nada de dinheiro. A sua ideia então, era que fôssemos dançar e no meio da dança iríamos embora sem pagar nada. Falei que isto não daria certo, pois tinha algumas pessoas que já estavam nos olhando devido ao grande consumo de coisas que não paravam de chegar as nossas mesas. Também lembrei da dificuldade que o carro tinha em pegar, necessitando  de ser empurrado. Ele e meus irmãos falaram, então, que se eu estava com medo, era para ir primeiro para o carro, deixá-lo ligado e assim que pudessem eles iriam também. Assim se deu, saí do clube, fui para o carro e deixei a chave ligada na ignição. Passados alguns minutos, ouço uma correria e gritos de pe...e...e..ga, pe...e..e.....ga. pe....e...e...ga. O carro foi empurrado ladeira abaixo e pegou no tranco. Quando chegamos embaixo na Rua Uranos, descobrimos que meu primo havia ficado para trás. Não havia jeito de ir embora sem ele. Por isto, estacionei o carro longe do clube e voltei por outro lado, como quem não havia saído do baile. Procurando por meu primo fui até a parte de baixo do clube e o vi cercado de seguranças, oferecendo o seu caro blazer, que era de tropical inglês para saldar a conta. Falei na maior cara de pau que eu não havia saído do baile e que era o responsável pela conta e que estava ali para pagar a dívida, o que de fato ocorreu. Depois de pagar as despesas de mais de trinta pessoas que comeram e beberam sem parcimônia,  aí é que eu vi o que é um verdadeiro tranco. Mas tudo bem, naquela época, bem diferente de hoje,  era época  de vacas gordas, pois trabalhava num cartório de protesto de títulos, onde dinheiro não era problema. Havia o bastante para qualquer situação de emergência, sem prejudicar as minhas responsabilidades. Alguns dias atrás, recebi um telefonema de um colecionador de carros residente na Barra da Tijuca, no Nova Ipanema. Disse que depois de muitas dificuldades ele conseguira me localizar e que ele era o atual proprietário do MG. Só que estava com o recibo sem a minha assinatura e queria ver o que eu podia fazer para ajudá-lo. Pensei: se passados tantos anos, o carro ainda estava em meu nome é porque ele ainda faz parte da minha vida. Disse então para o aludido colecionador que já havia assinado um recibo de venda há muitos anos atrás e que não iria assinar outro. Desliguei o telefone com um sorriso juvenil e maroto no rosto.   

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

FESTA NO INTERIOR E AS ARTIMANHAS DE UM GAROTO ESPERTO


Quando garoto, estudei numa cidade do interior e havia em julho uma festa que durava uma semana. Nestas ocasiões, vinham muitos vendedores autônomos de fora e instalavam as suas barracas ao redor da praça central. Nestas barracas havia de tudo, desde comidas típicas a cachorros quentes, maçãs do amor, algodão doce, artesanatos, roupas e até as que eram chamadas barracas da sorte. Em algumas destas havia um coelho preso em uma caixa e depois solto pelo barraqueiro, que premiava aquele que havia escolhido o local onde o coelho fosse entrar; outras eram de tentar encaixar argolas em garrafas, que ficavam em cima de uma mesa. Como era criança, além de ser proibido participar de alguns sorteios e por ter pouco dinheiro, me contentava em ir nas barracas em que você comprava números escritos a caneta, dobrados em um pequeno papel que estavam dentro de um saco de pano. Era pagar, meter a mão no saco e tirar um papel para ver o que você  ganhou. O prêmio era o correspondente ao número que estava escrito no papel e ficava exposto em prateleiras na aludida barraca. Assim, por várias vezes, imaginando tirar um daqueles bons prêmios expostos nas prateleiras, fui a estas barracas e nada. Só conseguia tirar grampos de cabelo, caixas de fósforo, pentes vagabundos, prêmios que valiam aproximadamente um décimo do valor que havia pago para tentar a sorte. Certa feita, quando tinha aproximadamente uns treze anos, fui a uma destas barracas e comprei o direito de enfiar a mão no saco para tentar ver o que seria o prêmio. Como sempre, me parece que foi um pente pequeno chamado "flamengo". Só que, após isto,  fui para casa levando não só aquele "ótimo prêmio", como também o papelzinho com o número escrito a caneta. Vi que era um papel almaço com linhas azuis, cortado a tesoura em quadrados pequenos. Naquela época,  meu tio possuía um armarinho que tinha papel idêntico, bem como a caneta usada para grafar o número, para ficar igual o do papel comprado. Assim, voltei à barraca e para não gerar qualquer desconfiança adquiri um novo direito de tentar a sorte, que na verdade não existia, mas passei a observar os prêmios expostos e o respectivo número. Vi o melhor prêmio que poderia ganhar, caso tirasse o seu número. Voltei  para casa e já com os papéis almaço cortados na mesma disposição, comecei a procurar imitar o tipo de letra com o número do melhor prêmio. Depois de algumas tentativas, vi que havia conseguido fazer um semelhante. Assim à noite, quando o movimento era bem grande e acompanhado de quatro amigos, maiores e mais fortes, fui até a aludida barraca tentar ver se conseguia ganhar alguma coisa valiosa. Chegando lá, com aquele alvoroço todo, paguei o valor cobrado para o direito de tentar a sorte. Só que eu já tinha colocado entre os dedos de uma forma invisível, o papelzinho com o número desejado. Fiquei como que tentando apanhar um número no fundo do saco. Na verdade, o que eu estava fazendo era passar o número que estava entre meus dedos para a minha mão, sem pegar outro. Depois de alguns instantes, tirei o número e falei o número bem alto para todos ouvirem. As pessoas ali presentes, entre elas os meus amigos, quando viram que o número que eu gritara batera com o do best prêmio,  não acreditavam no que estava acontecendo, só ouvi dizerem: - Caramba você acertou em cheio! O barraqueiro ficou boquiaberto, não sabendo, a princípio, o que dizer, dado a surpresa de que foi tomado, pois com certeza aquele número não havia sido colocado no saco. Passados os primeros instantes de incerteza e vendo o barraqueiro que não poderia dizer que aquele número não havia sido colocado, senão a multidão que comemorava comigo poderia até linchá-lo, com muita raiva ele começou a gritar: - Saiu, saiu o grande prêmio, saiu!!! - Olha o felizardo ganhador, apontando para mim e já me entregando o cobiçado prêmio. Ao fazê-lo vi no seu olhar aquele ódio mortal,  cheio de pura raiva, como a dizer, você me paga seu moleque espertinho, mas se conteve. Fui para casa imediatamente com o grande prêmio e só voltei de novo a praça quando a festa já havia acabado e os barraqueiros ido embora. Naquela época pensei: pra esperto, esperto e meio. Hoje não faria mais isto, nem me aproximaria das barracas ou outros locais que lhe oferecem a oportunidade de tentar a sorte que não acredito... Foram coisas de criança, sem a devida instrução, mas fazer o que agora, apenas lembrar as minhas peripécias de moleque!!!         

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

AS CURIOSAS E O SAPATO FURADO


Com o intuito de estudar, na minha infância fui morar com uma tia e a avó materna em Carmo, uma cidade do Estado do Rio, que faz fronteira com o Estado de Minas Gerais. Isto porque, meus pais eram pobres, não tinham condições de pagar um colégio particular e naquela época havia poucas escolas públicas na antiga Capital e era bem difícil conseguir alguma vaga. Assim, cheguei em Carmo e procurei me adaptar ao modo de vida do interior, onde não havia  modismo e os mais velhos é que ditavam o que você deveria usar e não como é hoje, em que os nossos filhos já bem cedo fazem as suas escolhas e só querem usar roupas e tênis de marca. Por exemplo, naquela época, tênis só havia os sem marca, que só eram usados em desfiles escolares. No mais, eram sapatos tipo "boot" que varavam anos, tendo em vista que se trocava a sua sola inteira. Falando em sola, a usada não era a que se usa hoje, mas feita de borracha de pneus. Então, nós garotos, quando nos reuníamos,  ficávamos virando a sola  para mostrar qual era a marca do pneu usada pelo sapateiro. Uns diziam com orgulho: - O meu é Firestone. Outros alegavam: - Mas o meu é Goodyear ou Pirelli e saíamos procurando fazer derrapagens em alguma calçada lisa, procurando demonstrar a superioridade de um sobre o outro. Ao voltar para a casa de meus pais no Rio, levei aquela mania meio mineira de aproveitar ao máximo a coisa comprada, principalmente os sapatos. Então, certa vez, eu estava com um par de sapatos que no pé direito era só furos, sujando a meia de terra e me obrigando a sempre estar olhando para onde pisava, a fim de evitar pisar numa guimba de cigarro ainda aceso e queimar o pé. Vi  então, que teria de comprar outro par de sapatos porque aquele estava um bagaço. Estando no centro, fui até a Rua da Carioca e lá, depois de algumas escolhas, comprei o sapato e já fiquei usando o novo, mas falei para o vendedor que iria levar os sapatos velhos para o conserto. O vendedor franziu a testa como a dizer, este aí não serve para mais nada, mas me atendeu, depois de colocar os sapatos velhos na caixa do novo, embrulhou-a com um papel reluzente e colocou-a numa sacola de plástico, que tinha o nome e endereço da sapataria.  Assim, saí da loja e fui até a Avenida Rio Branco, a fim de pegar um ônibus para Copacabana. O ônibus estava quase vazio, praticamente um passageiro em  cada banco. Sentei num banco bem atrás e fiquei na janela para observar a paisagem do Aterro do Flamengo, que ainda não havia sofrido a transformação do magistral paisagista Burle Max. Passado algum tempo, comecei a raciocinar sobre o par de sapatos velhos que estava levando e vi que eles estavam muito ruins. Assim, comecei a pensar em como me desfazer dos mesmos. Quando o passageiro que estava no banco bem a frente se levantou para descer, indo para a frente do veículo, aproveitei e fui para o lugar vago, deixando no banco de trás a sacola com os sapatos velhos. Num ponto antes, já haviam entrado uma senhora idosa e uma jovem, aparentemente sua neta, e foram direto para o banco onde eu estava anteriormente sentado. Vendo a sacola e o cidadão que já iria descer, gritaram: - Senhor, senhor, você esqueceu a sua sacola! Ele, virando-se para trás e observando a sacola disse: - Não é minha. Soltando logo a seguir. Eu, que estava no banco logo a frente da senhora e sua neta, fiquei antenado e comecei a ouvir os seus comentários sobre a sacola deixada. A senhora idosa falou para a jovem: - Sacola bonita! O que será que tem dentro?  Em ato contínuo sacudiu a sacola e concluiu: - É sapato. A neta, muito curiosa, falou para a avó: - Vamos ver se é  de mulher, quem sabe não é um lindo e caro par de sapatos? - Pelo embrulho, o que está dentro deve ser sim. Então começaram a tirar da sacola aquele bonito embrulho que envolvia a caixa... E eu só ouvindo tudo no banco da frente. Quando descerraram o embrulho, abriram a caixa e viram aquele trapo de sapatos todo furado, disseram: - Que coisa horrorosa e fedida, parece coisa de mendigo... Arghhhhhhhhh!!! Eu no banco logo a frente não conseguia controlar o meu riso, vendo o desconforto daquelas duas, tentando se livrar da sacola. Pouco tempo depois soltei na Rua Barata Ribeiro, mas ainda ouvi a velha dizer para a neta: - Temos de passar numa farmácia para comprarmos álcool e desinfetar nossas mãos. Pensei: CURIOSIDADE MATA,  só  de  cheirar!