Ao ver e ouvir os tristes relatos que aconteceram no Rio, com a onda de arrastões, queima de veículos e a invasão policial/militar na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão, me vem a lembrança de fatos que se passaram na minha juventude, perto desses locais. Certa madrugada, quando eu vinha de uma festa, em um lotação, atual micro-ônibus, abarrotado de adultos e crianças, fomos parados numa blitz pelo pessoal da invernada de Olaria. Havia um grande cerco policial naquela área, porque há alguns dias atrás, o inexpressivo bandido "Cara de Cavalo" havia matado o famoso detetive Le Cocque, um dos homens de ouro da polícia, assim como o Detetive Perpétuo, Mariel Mariscot e outros. Naquela época, bandido tinha o maior medo e respeito por policial, ainda mais por tais homens e não havia enfrentamento como há hoje. Depois de várias discussões entre policiais e o motorista do lotação, um policial que estava dentro do veículo gritou para todos ouvirem: - Olha aí, vai todo mundo para a Delegacia. - Quem não tiver documentos vai passar a noite na cadeia. Naquela ocasião, eu estava na companhia de um colega, estudante do colégio militar, mas eu mesmo não estudava, nem trabalhava, vivia apenas de música, tocando saxofone num conjunto de bossa nova, sem possuir documentos de tal atividade, que era a Carteira da Ordem dos Músicos. Fiquei assim, preocupado com a possibilidade de ficar preso. Então, ouvi certas mulheres reclamando de que havia crianças no veículo e que não era justo elas irem de madrugada parar em tal lugar. Diante dos inúmeros pedidos, o tal policial que havia dado a ordem, resolveu ceder e disse finalizando: - Tudo bem, podem descer mas somente as mulheres e as crianças. Vi então uma brecha, pois além do tamanho, não aparentava ter mais que treze anos. Então, me abaixei mais um pouco e segurando de leve na barra da saia de uma mulher que ia na minha frente, fui andando no seu encalço, quase colado ao seu corpo, como se fôssemos uma pessoa, só que ela nada percebeu, pois o veículo mais parecia umas sardinhas em lata, de tantas pessoas que levava em pé, naquela madrugada. Assim passei pelo policial, que estava fiscalizando a saída das pessoas, num dos degraus do micro-ônibus, sem nenhum obstáculo. Já na rua, fiquei dando tchauzinho para o meu colega e futuro cadete que continuou no lotação e depois me contou que mesmo com documentos, passou um aperto na Delegacia. É ...TAMANHO É DOCUMENTO
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