Uma das coisas que nós brasileiros gostamos bastante, é de vez em quando tomar umas batidas, ou drink's. Seja de limão, de coco, de amendoim, de morango e de tantas outras frutas. Já ouvi falar de batidas de bombons misturados com leite condensado e guaraná, de cidra de maçã e pêssegos em caldas e tantas coisas que na verdade tudo pode virar uma batida, ou um drink's, o Paulo do "larica total" que o diga. Sim, sempre pode haver uma batida diferente. Me lembro que lá na Avenida Brás de Pina, na Vila da Penha no Rio, havia um bar que era conhecido como "Rei do Limão" frequentado por vários artistas famosos, que se despencavam da Zona Sul para um subúrbio carioca da Zona da Leopoldina, a fim de tomar uma excelente batida de limão, que o barman caprichava na boa da casa. Logicamente que hoje com a Lei Seca, só poderemos tomar alguma se não formos dirigir, para não causarmos algum mal e até mesmo sermos presos. Deixando de lado este tipo de batidas, ou drink's, vamos falar de um outro tipo de batida, a musical. Mas o que é uma batida musical? Pra entendermos um pouco, no compasso musical há o som, a batida propriamente dita e o espaço vazio, entre um som e outro. Quando isto é feito de forma natural, no mesmo compasso, a música é métrica, agora, quando este espaço vazio, ou descompasso é entrecortado por uma batida, que é uma síncope, como acontece no jazz, há uma batida diferente. Até os anos cinquenta a música nacional brasileira de raiz, ou seja o samba, tinha um tipo de batida, aquela simétrica em que a batida forte era no lugar correto e não na parte fraca. De repente nos surge um rapaz vindo do sertão da Bahia, com um violão debaixo do braço e uma voz pequena, tocando e cantando de uma maneira sui-generis, sem esticar as palavras e dando ênfase a frases que eram ditas de uma só vez e não as palavras em si mesmo. Seu nome: João Gilberto. Daí pra frente a batida do samba, que é a música popular mais representativa do país, nunca mais seria a mesma. Estava lançado os alicerces para o que ficou conhecido como "bossa nova", que influenciou toda uma geração de músicos nos anos sessenta, como até mesmo o próprio jazz, a mais criativa e sincopada música americana, que andava meio sem perspectiva devido a invasão do rock, precisando de um caminho novo a seguir. Muitos achavam que cantar da forma como o João cantava era fácil, já que não se precisava de um vozeirão como possuíam os cantores famosos da época, mas isto não era bem assim, porque cantar da forma como ele cantava e ainda canta, exige uma sonoridade e uma compreensão rítmica fora do comum para não desacertar o compasso, além é claro de uma afinação perfeita. Assim, os seus covers que surgiram em grande quantidade Brasil afora, foram aos poucos desaparecendo, só restando mesmo o inigualável João Gilberto, que até hoje lota imensos teatros e grandes casas de shows, não só no Brasil como em qualquer parte do mundo onde se apresenta, porque apesar de já terem se passados mais de cinquenta anos, desde a sua primeira batida, com chega de saudade, a do bim-bom e ôba-la-la, ela continua perfeita é uma batida diferente, única, tal como uma inigualável caipirinha da boa, como era lá do Rei do Limão, que eu não sei se ainda existe. Agora, se você que estava lendo este link, gostaria mesmo é de uma receita de uma batida ou drink's totalmente diferente, daquelas drásticas, vai lá: é a batida de cerveja, pra isto usa-se o líquido de duas latas de cervejas, três medidas de cachaça, uma lata de leite condensado, tudo batido no liquidificador, depois coloque gelo à vontade. Nunca experimentei, por isto não sei no que vai dar, além é certo de uma tremenda dor de cabeça se você exagerar e beber demais, porque em tudo deve-se haver moderação.
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