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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

SAUDADES DA MINHA PRETINHA




Há pouco tempo atrás, um amigo postou a foto de uma Pick-up Ford F100, 1959 preta Cadillac. Daí eu logo me lembrei de que possuíra uma Pick-up assim por muitos anos e ao ver tal imagem me bateu uma enorme saudade da minha pretinha. Eu a havia comprado no Rio, dando uma outra Pick-up bem mais nova de entrada, algum dinheiro que eu não me lembro quanto e mais um ar condicionado de 12.000btus, já que eu iria morar na serra e não precisaria mais de ar condicionado. Ela precisava de alguns reparos e algumas adaptações, como foi o caso para colocar o pneu estepe. Tirando assim alguns pequenos problemas, ela estava inteira, a carroçaria não tinha podres, a sua pintura preto Cadillac estava perfeita e o motor era o original, um V8 cromado que fazia um lindo barulho quando se acelerava, próprio de um motor super potente. As suas partes cromadas na frente acima do para-choque estavam impecáveis. Tirei as rodas originais e coloquei quatro aros 24 tala larga de magnésio, também adaptei dois bancos altos de couro. Assim, depois de quase dois meses na oficina para embeleza-la e dar-lhe mais luxo, inclusive com a instalação de ar condicionado para quando fosse a lugares quentes, a minha Pick-up ficou pronta. Era realmente uma belezura ver como as suas linhas arredondadas combinavam harmoniosamente com todo o conjunto e ouvir aquele ronco de um motor potente de muitos cavalos, era demais. Logicamente que ela era uma beberrona, assim, mesmo na estrada ela não fazia mais que 6 kms com um litro de gasolina mas quem vai pensar em gasolina com uma máquina desta. Trouxe-a então para a serra e se não fosse algumas carretas que não davam para ultrapassar, teria subido a serra inteira na quarta marcha que era a sua última marcha, pois não possuía a quinta dos carros mais modernos. Aqui na serra, além de bons passeios em várias cidades com toda a família, muitas vezes eu enchia a sua carroceria de pessoas, meus irmãos, quando íamos na zona rural fazer o trabalho de campo em território isolado, era muito edificante tais passeios e na Pick-up levava-se tudo e ainda sobrava espaço. Me lembro das várias vezes em que fomos fazer o trabalho em Macuco-RJ, um território praticamente virgem, com a pretinha carregada de gente. Em outras ocasiões levei algumas noivas amigas que resolveram se casar em sítio e queriam ter aquela Pick-up para dar um ar mais bucólico e original em seu casamento. Infelizmente depois de alguns anos, a minha ex mulher criou uma implicância com a Pick-up, por conta de que as crianças iam lá atrás na carroceria ao relento, as vezes pegando frio e chuva. Foram tantas as suas reclamações ao ponto de eu ficar tão desanimado com isto, que num momento de desabafo eu resolvi, não vendê-la mas dá-la ao meu irmão mais novo, que a levou de novo para o Rio. Lá ela chegou a virar capa de caderno escolar mas meu irmão não cuidou dela como deveria e ela depois de algum tempo foi deixada por ele num terreno baldio perto do Retiro dos Artistas em Jacarepaguá no Rio. É aquele velho ditado, quando a pessoa não faz nenhum esforço para ter alguma coisa, não lhe dá o devido valor. Assim, depois de alguns anos encostada, ela foi vendida por ele quase a preço de banana, para uma pessoa da região sul do país, sumindo de vez de nossos tristes olhares a sua linda e curvilínea imagem.  

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