De vez quando é bom olharmos para trás e ver o que tem sido as nossas vidas a fim de evitarmos cometer os mesmos erros e ver os ajustes que devemos fazer daqui pra frente para que ela tenha algum significado e não seja uma vida vazia e fútil. Ao fazer esta reflexão no meu caso, não gostei das coisas que observei e vi que tenho de fazer muitas mudanças, algumas até mesmo drásticas. Apesar de todo o esforço em sentido contrário para ter uma vida que poderia ser classificada como significativa, tenho vivido de uma forma não muito satisfatória, com poucos projetos ou realizações boas, deixando de ser aquilo que idealizei como meta a ser alcançada para que ao final pudesse dizer: bom, fiz o melhor que poderia ser feito, tenho a consciência tranquila do dever cumprido. Sim, há muito em que melhorar, não para ser perfeito, pois isto seria um alvo inatingível, mas para chegar mais perto do objetivo perseguido, que é ser uma pessoa melhor do ponto de vista de Deus e não dos homens. Tenho feito algum empenho e conseguido algumas coisas neste respeito, mas poderia fazer muito mais. Poderia aproveitar melhor o tempo e o potencial que tenho e que me foi dado imerecidamente, de ter uma mente que eu classificaria até certo ponto como um pouco privilegiada, de conseguir concatenar bem as idéias, de raciocinar razoavelmente bem e chegar a uma conclusão lógica das coisas, podendo com isto separar as coisas boas das ruins, ou como diria, o joio do trigo. Com esta facilidade de mentalizar e poder explicar, poderia ser mais útil a algumas pessoas que andam perdidas neste emaranhado de filosofias humanas, a fim de que possam enxergar a luz no final do túnel, tendo por objetivo ganharem a verdadeira vida. Não tenho usado plenamente o dom que me foi dado e isto poderia ser considerado um desperdício. Tenho ficado muito tempo absorto em banalidades, coisas que não levam a nada ou a coisa alguma, esquecendo algumas vezes a urgência dos tempos em que vivemos, onde as muitas distrações deste sistema podem nos enveredar por um caminho perigoso, escorregadio e, se não estivermos atentos as suas armadilhas, pode até ser fatal. Não que não se possa se distrair, pois a recreação sadia é benéfica e ajuda-nos a recobrar o ânimo e ter mais disposição para os embates da vida, mas deve ser como um tempero que torna a comida agradável, mas não é a coisa principal a nos servir como alimento. Assim, há de se ter equilíbrio quanto a estas coisas, para que elas não venham a ser a coisa principal a ser buscada, como muitos fazem por não terem objetivos e vivem apenas por viver, o que não é o meu caso. Por outro lado, não quero ser um crítico implacável de mim mesmo, exigindo perfeição, transformando-me numa pessoa inflexível, o que de certa forma tornaria minha vida mais difícil, chata, enfadonha, sem nenhuma alegria, o que não seria uma boa coisa para as pessoas que me cercam ou tenho contatos. Tal tipo de vida, onde se quer ser justo demais, sem nenhuma razoabilidade, é uma coisa negativa, ruim mesmo e só aumentaria a minha pesada carga, além de me tirar a alegria de viver por me sentir diminuído e imprestável por não conseguir alcançá-la. Embora não deseje ser compassivo para os meus erros, que são muitos, tenho que ser benigno para com todos, inclusive comigo próprio, encontrando um equilíbrio entre uma coisa e outra. Com estas coisas em mente, pretendo daqui pra frente fazer melhor uso do meu tempo, observando as minhas distrações, para que não ocupem um lugar de destaque, dando mais espaço e lugar as coisas que realmente importam e devem ter prioridades, a fim de não ter remorsos por deixar de fazer o que deveria ser feito. Só espero que depois destas reflexões, eu possa tomar a peito e de forma razoável e ponderada ir fazendo aos poucos as mudanças necessárias, não amanhã, pois pode ser muito tarde, mas hoje, enquanto ainda há tempo favorável para isto, enquanto ainda tenho algum vigor físico e não seja apenas um bagaço de laranja chupada, com pouca utilidade para qualquer serviço, na espera apenas da morte.
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