Ultimamente todo fim de verão tem chovido bastante. Parece que as chuvas que não caíram no mês de fevereiro, despejam todas de uma só vez no final de março. A precipitação pluviométrica (mm) chega ao limite máximo de um mês, devido ao fenômeno conhecido como La Niña, que acrescido a rajadas de ventos soprando forte, há quase 90 kilometros por hora, causam derrubada de grandes árvores e postes, estilhaçam vidraças e provocam enchentes em vários lugares. Isto tem sido, quase uma constante nos finais de verão nos últimos tempos. Mas nem sempre foi assim. Eu me lembro, quando criança, que as chuvas caíam forte, mas essencialmente em janeiro, quando os termômetros na Cidade Maravilhosa chegavam fácil aos 40º graus na sombra. Hoje, com a nossa estupidez em desmatar florestas, usar de maneira errada as fontes de energia, causar um desequilíbrio ambiental, provocar o efeito estufa que aqueceu o nosso planeta, conseguimos também alterar as épocas das estações. Assim, em pleno inverno temos dias quentes quais verões e no verão temos tido dias bastante frio, quais inverno, ou ainda no mesmo dia, sentimos a presença das quatros estações. Eu não sei como as lojas que vendem roupas e outros acessórios, com base nas estações, para ditar a moda verão/inverno, que nos ajudam a enfrentar os dias quentes ou frios, tem conseguido viver nesta corda bamba de mudanças drásticas e repentinas a que estamos sujeitos, porque as estações delineadas pelos meses, já não existem mais. Também não existem meia estações, ou temos uma coisa ou outra. Assim março, era um mês que ainda chovia bem, mas não de forma torrencial como o vemos hoje, como se estivessem derrubando um grande balde de água num só lugar. No passado estas chuvas já não tinham a mesma força do auge do verão, onde raios barulhentos clareiam os céus e cortam o sossego das noites ainda quentes. Elas apenas fechavam um ciclo. Sim, como disse sabiamente o nosso Tom Jobim, as águas de março fechavam o verão, mas não abriam crateras, quais feridas em nossos corações, como tem acontecido em muitos lugares, nestes verões emocionais onde vivemos em eternas vigílias noturnas, preocupados com a segurança de nossas vidas e moradias.
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