Páginas

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

REVIVAL DE MINHA ADOLESCÊNCIA

É noite, quando de repente o meu celular toca. Depois de me identificar, uma voz masculina me pergunta:- Sabe quem está falando? Eu respondo que não. A voz desconhecida insiste, dando algumas dicas.- É um amigo seu dos anos sessenta, e aí se lembrou? Depois de vasculhar meu baú de memórias auditivas, respondo desconcertado que não. Então depois de uma pausa ele diz: - É o Carlinhos, filho do seu Waldemar e da Dona Maria...o Carlinhos "Leiteiro". Bom, após isso, não havia como não se lembrar. Depois de rememorarmos nossas vidas, o que tinha acontecido de bom e de ruim, ele me disse que estava programando pro mês seguinte um almoço com todos os que haviam vivido naquele pedaço de rua os bons anos sessenta. Na data marcada desci a serra, com um dos meus filhos. Ao chegar a rua, fui observando as mudanças que haviam ocorrido neste longo período tempo. Cheguei enfim, a casa onde ocorreria o almoço e olhares atentos nos observavam do terraço da casa. Logo apareceram pessoas que me envolveram em longo abraços, até que um senhor de cabelo grisalho se apresentou: era o Carlinho "Leiteiro" o promotor da festa. Aquele reencontro e aquela rua onde eu havia passado parte da minha adolescência me remeteram para aqueles anos felizes, cheios de sonhos de uma juventude que acreditava poder mudar o mundo com uma nova filosofia de vida. Lembrei-me dos anos de chumbo na faculdade, onde muitos colegas foram presos, torturados e alguns até mortos, por conta disto, quando íamos para a aula, além de livros, levávamos bolas de gude e cortiça para derrubarmos os cavalos da polícia, que invadia o prédio para nos bater. Não dá para esquecer da chegada as lojas de discos, dos  novos Lps do Creedence, dos Rolling Stones, dos Beatles, do Simon and Garfunkel, do conjunto Santana e outros. Das idas ao Cine Paissandú para assistir a sessão da meia-noite, filmes como: "A Bela da Tarde" de Luiz Buñel; "Um Homem e Uma Mulher", de Claude Lelouch; "Depois Daquele Beijo" (Blowup) de Michelangelo Antonioni e os vários filmes de Godard e Fellini. Do show inesquecível de Wilson Simonal no Maracanãzinho, desbancando o nosso internacional Sergio Mendes e o Brasil 66. Dos festivais da canção, onde compositores e maestros do porte de Jimmy Webb e Quincy Jones foram vaiados, apesar do apresentador Hilton Gomes salientar que Quincy era aliado de Martin Luther King, na época ainda vivo, na luta pelos direitos humanos. Do Geraldo Vandré, tentando impedir que a platéia continuasse vaiando Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque de Holanda e como não conseguiu, disse:- A VIDA NÃO SE RESUME A FESTIVAIS. E atacou cantando "Pra não dizer que não falei de flores", sendo ovacionado até ao delírio quando dizia a frase, "e acreditam nas flores vencendo canhão". Foram tantas as recordações que esta década me trouxe que não dá para resumir num link, todo o revival de minha adolescência a não ser um curta-metragem  na sessão nostalgia.       

Nenhum comentário:

Postar um comentário