Estamos vivendo um período de uma pobreza cultural sem precedentes na história das artes, não em um mas em todos os seus seguimentos. Nunca houve uma época assim, onde a expressão de cultura desceu a um nível tão baixo. Seja na música, no cinema, no teatro, nas artes plásticas, em livros ou qualquer outra forma de expressão, o que se vê é uma avalanche de mediocridade. Parece que todos os bons artistas ou morreram ou deixaram de produzir seus trabalhos, sucumbidos que foram por um tsunami anti-cultura. O que impera agora é o vulgar, o chulo, o barato, a falta de criatividade, uma pasmaceira geral, uma falta de ebulição e de efervescência para liberar pessoas e obras de valor. Enquanto a década de sessenta foi rica na produção cultural, o que estamos presenciando agora é uma enxurrada de basbaquice, de cópias mal feitas, de cover e de falta de originalidade. Não há mais um Andy Warhol ou um Jean Michel Basquiat para nos surpreender com seus trabalhos e conceitos inovadores de arte. Um Pablo Picasso ou um Salvador Dali para vermos que corpos podem possuir formas diferentes, cubísticas e surrealistas. Mesmo no nosso continente, possuíamos poetas e escritores do quilate de um Pablo Neruda, de um Jorge Luis Borges, de um Gabriel Garcia Marquez e do nosso Jorge Amado que nos brindavam com suas obras literárias. No cinema havia Jean-Luc Godard que ainda é vivo mas está inoperante, um Luis Buñuel, um Federico Fellini, um Michelangelo Antonioni, um François Truffaut, um Bergman, um Glauber Rocha, que mesmo no entretenimento da telona nos faziam pensar a fim de separar o que era realidade da ficção. Um Augusto Boal que nos mostrava a luz para um teatro contemporâneo e vigoroso, o teatro dos oprimidos, para não falarmos do nosso dramaturgo maior, Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. Na música então aí é que a coisa despencou ladeira abaixo. Não há mais beleza musical, não há mais harmonia, não se houve os acordes sincopados de um jazz, de uma bossa nova ou de um blue. O rock expressão maior de uma juventude rebelde e que tanta inovação trouxe ao cenário musical, foi substituído pelo sertanejo, pelo axé, pelo funk e por pagode pobre de rima e versos. A falta de nomes que inovassem, ou de algum gênio criativo que nos tirasse do obvio e corriqueiro, fez proliferar o banal, o medíocre, os Justin Bieber, as Lady Gaga, os Restart e os Calipsos da vida, com isto deu-se enfase ao que é ruim, enchendo a bola das duplas sertanejas e também na mesma toada, a dos cantores solos do mesmo gênero, as cantoras de axé e até as da música gospel com as suas estridentes vozes vociferantes. Todos faturando horrores, como se fossem astros de primeira grandeza, por conta da mídia estúpida que só pensa nos lucros, fabricando assim tais fantoches, que são aclamados por um público alienado e de um mau gosto musical que chega as raias da boçalidade. Sim,o que vemos é a mediocridade imperar, dominando a todos, nos empurrando goela abaixo o que é intragável, o plágio, o lixo absurdo que tais "artistas" produzem. Andy Warhol que conseguiu fazer arte até em latas de sopa, vaticinou que no futuro todos teriam os seus quinze minutos de fama, só não conseguiu prever que muitas pessoas, sem nenhuma luz ou brilho próprio, teriam não quinze minutos, mais dias e mais dias expostas como sendo famosas, em horários nobre na telinha da tv, nos reality shows. É duro ter de aturar isto!
Achei brilhante o texto
ResponderExcluirObgdo Thalia. Abços!!!
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