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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

NO LUGAR ERRADO NA HORA ERRADA

Há algum tempo atrás, os meios de comunicação mostraram que a maior favela da América Latina, a Rocinha, havia sido retomada pelas forças públicas de segurança, passando a ter também um policiamento ostensivo da PM, uma UPP, o que causou grande alegria nos seus milhares moradores. No dia seguinte ao da retomada, uma segunda-feira de ponto facultativo, passei em frente ao Vidigal e a Rocinha e como sempre numa boa, sem nenhuma preocupação ou medo. Me lembrei que alguns anos atrás, quando havia um confronto entre bandidos do Vidigal e da Rocinha, eu tinha um cliente que possuía um apart-hotel na Barra, mais precisamente na Av. Pepê, de frente ao quartel dos bombeiros, onde eu também ficava nas vezes que ia Rio. Para chegar até a Barra da Tijuca indo pela Av. Niemeyer eu passava defronte a favela do Vidigal e depois em São Conrado em frente a favela da Rocinha, logicamente que lá embaixo. Muitas vezes, á noite quando a troca de tiros corria solto entre as duas facções das favelas rivais, nós tínhamos que esperar a coisa se acalmar para irmos em frente para chegar a Barra. Lá nesta avenida a Niemeyer, no sentido Leblon - Barra é o seguinte, depois que você passou o Sheraton Hotel, não tem como voltar, você tem de prosseguir haja o que houver à frente. Numa destas vezes, ao chegar no apart-hotel depois de atravessar tais caminhos perigosos, o meu cliente me ligou dizendo que estava numa churrascaria a "Laço de Ouro", que ficava em Jacarepaguá e que eu deixasse o carro no hotel e pegasse um taxi a fim de encontra-lo na aludida churrascaria. Assim o fiz e as 19:00hrs parti para tal churrascaria, que ficava na Av. Edgar Wernek, avenida que atravessa a Cidade de Deus, lugar tido como altamente perigoso. Ficamos em tal churrascaria até depois da meia-noite e voltamos para a Barra da Tijuca para o apart-hotel, de novo atravessando a Cidade de Deus, sem nenhum contra-tempo, apesar da hora ser bem avançada. De manhã, fomos para o centro do Rio, onde o acompanhei numa audiência trabalhista, após o que, vim para a serra onde resido. Estava tranquilo trabalhando em meu escritório, quando por volta das 17:30hrs, o Oficial de um Cartório que se localiza no prédio onde tenho escritório, veio até a minha sala e disse para eu fechar o escritório, pois em outro Cartório também no prédio, houve um assalto a mão armada, com roubo de vultosa quantia e que funcionários e outras pessoas que lá estavam, foram todos amontoados e presos num banheiro. Fiquei perplexo pensando: Passei pela favela do Vidigal, da Rocinha e por duas vezes na Cidade de Deus, uma delas já quase de madrugada e sem nenhum transtorno ou preocupação. Agora, em Friburgo cidade serrana aparentemente muito mais calma, sem nenhum confronto e é aqui que estava o perigo. Constatei que independente do lugar ondo você mora ou está passando, se você estiver no lugar errado e na hora errada, tudo pode acontecer, inclusive ser morto por uma bala perdida, ou não tão perdida se ela te achar. Além do fato acima, já passei pela linha Amarela de madrugada, com o "Caveirão" carro blindado da PM, indo à frente ha uns trezentos metros e na altura dos bairros de  Bonsucesso e Higienópolis, balas vindas das favelas que margeiam a linha, ricocheteavam na blindagem do "Caveirão", tudo sem aquele medo apavorante, além da cautela normal, porque quem tem medo não deve nem sair da casa, muito menos cruzar a linha Amarela de madrugada. Mas tudo de ruim acontece, como já disse, se você estiver no lugar errado na hora errada. As pessoas medrosas, querem estar sempre no lugar certo na hora certa mas isto nem sempre é possível, porque viver é um desafio e um grande risco e quem não arrisca não petisca.        

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