Há algum tempo atrás, fiz uma viagem de barco para uma das praias na Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro. Apesar do tempo já estar ruim com densas nuvens negras, deu para sair do porto de Angra dos Reis e no começo a embarcação apenas balançava muito. Tão logo saímos para o mar aberto, começou a soprar um vento sudoeste fortíssimo, seguido de uma grande tempestade, com uma borrasca que fazia nosso barco parecer mais uma caixa de fósforo no meio de ondas gigantescas. Formou-se também no mar, um pequeno ciclone tropical, que levantava como que um lençol d`água. Quando vimos estávamos praticamente no meio dele, com várias coisas sendo varridas do convés e todo mundo tendo que se agarrar em alguma coisa resistente e segura, para não cairmos no mar. Embora o barco fosse pesado, pois era um tipo de traineira de pesca e estava bem carregado, teve várias partes quebradas, inclusive o leme, o que nos fez ficar a deriva por algumas horas até que fosse consertado pela tripulação, depois que o tempo amainou. Sim, por alguns minutos, estivemos como que no olho do furacão. Na nossa vida as vezes acontece situações assim aflitivas. Densas e sombrias nuvens, começam a se formar no horizonte. Para onde quer que nos olhamos não vemos nenhuma saída é como se as portas todas estivessem cerradas para nós, tudo passa a dar errado. Poucos são os amigos que nestas horas permanecem ao nosso lado, apenas os verdadeiros, é como diz um ditado popular, quando o barco está indo a pique os primeiros a pularem fora são os ratos. Mas é nestas horas que conhecemos as verdadeiras amizades. Ainda bem que elas existem, senão seria muito difícil sairmos de tal situação que é simbolicamente como que, estarmos no olho do furacão. Mas uma coisa é certa. A tempestade nunca dura para sempre. Depois do período mais crítico, os ventos param de assoprar e começa uma calmaria é a bonança. Depois de avaliarmos os estragos, passamos a consertar os seus danos e quando vemos, o nosso barco da vida está novo, totalmente recuperado e pronto para zarpar por mares nunca dantes navegados. Sim, a vida é assim. De vez em quando somos testados e peneirados para ver até onde vai a nossa fé para suportar tais provações. Se mantivermos fortes, quando estas acontecem, saímos mais fortalecidos dela. Agora, se formos do tipo de pessoa que se acovardam ante as intempéries da vida, certamente sofreremos um naufrágio, sem nenhuma perspectiva de salvação.
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