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quinta-feira, 30 de junho de 2011

UM ESTRANHO NO NINHO


De vez em quando, por necessidade ou para interação social entre colegas de profissão, me vejo cercado de homens,  alguns com pouco contato e outros até podem ser classificados como meus amigos, cujas conversas além do que é a manchete do dia nos noticiários, os feitos esportivos e mais algumas piadas sem graça,  o restante quase sempre gira em torno de suas façanhas amorosas, onde discorrem bravatas sobre suas últimas conquistas neste campo. Confesso que me sinto um estranho no ninho ou um peixe fora d`água, já que não possuo nada a relatar, seja para simplesmente, concordar ou discordar com este ou aquele comentário. Aqueles que me conhecem realmente, sabem da minha posição neste campo, mas outros que apenas sabem de mim, o superficial, de que sou uma pessoa divorciada, acham que com isto sou um cara livre e que posso dar tiro pra todo o lado, sem ter que prestar contas a ninguém. Estes que pensam assim, ao me verem então num carro esportivo conversível, acham que sou um cara privilegiado neste campo, que deve chover mulher em minha horta e outras baboseiras de quem não tem a mínima ideia de quem sou eu e o que penso. Toda esta imagem é um ledo engano. Primeiro, porque tenho mais responsabilidades e contas a prestar do que quem é realmente casado e vive uma vida dupla. Segundo, tenho um duplo papel em minha família, de pai e mãe ao mesmo tempo, criando, zelando, cozinhando, levando pra escola e trabalho, trazendo à noite, sobrando pouco para minhas coisas pessoais, exceto o caminhar e correr pela manhã. Quando saio para jantar fora, ir a um cinema, ver alguma peça de teatro ou a um show, ou mesmo fazer um passeio é na companhia de meus filhos, dificilmente faço estas coisas sozinho. A família para mim, vem em primeiro lugar mesmo a custas de algum sacrifício, como aconteceu por ocasião da separação, onde tive de abdicar de alguns serviços bem remunerados em outra cidade, para estar por perto e cuidar de meus filhos, já que eles são a minha herança e o meu bem mais precioso. Faço as coisas com a melhor boa vontade, não como uma obrigação mas com prazer e sem reclamações. Não acho que isto seja um grande feito, ou me qualifique como um pai melhor que outros, sim, há outros pais que fazem muito mais do que eu e nem por isto se jactam do que realizam. Sei também que as vezes falho, mas tenho me esforçado em não decepcionar meus filhos e agora também, meus netos. Para cumprir bem esta minha obrigação, sempre me espelho na figura de meu pai, este sim, não apenas um bom pai, mas o meu melhor amigo a quem eu devo tudo que hoje sou, como exemplo que foi, de uma pessoa digna, bondosa, hospitaleira, de caráter ilibado, sempre alegre e disposto, temente e obediente a Deus, sendo um pregador zeloso, cuja lembrança dos que o conheceram é a melhor possível, o que me orgulha muito. Além destas coisas, ele era um sábio tendo me ensinado o que é de verdadeiro valor nesta vida, onde os bens e as coisas materiais, sempre ficaram em segundo plano, enquanto que os valores espirituais é o que faz um homem ter caráter e devem ter a primazia. Nestas coisas tenho pensado e buscado incessantemente, como um alvo a ser alcançado, embora eu reconheça as minhas limitações e alguns fracassos inerentes a todo ser humano. Só espero um dia, que eu possa ter dos meus filhos o mesmo reconhecimento que tenho de meu pai, que me deixou uma herança incorruptível que ninguém poderá me roubar.        

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