Para muitas pessoas seria inconcebível que alguém se alimentasse só de ódio. Infelizmente, isto acontece não em número reduzido, mas numa quantidade razoável. Nestes meus anos de vida, tenho visto muitos casais, que depois da separação se tornam inimigos ferrenhos, ao ponto de um deles não procurar reconstruir a sua vida mas ter como alvo ou foco principal, tornar a vida do outro insuportável. Tal pessoa, abdica de todo e qualquer prazer que a vida poderia ainda lhe dar, para infernizar por todos os meios um ex-cônjuge. O combustível que alimenta tal pessoa é o ódio. Tudo gira em torno de se fazer o mal a alguém que antes era querido e amado. Ela não só faz de sua vida um grande dramalhão como, aqueles que estão a sua volta, principalmente os filhos, são instados a compartilhar de sua raiva. Sua vida se torna um torvelinho de emoções rancorosas e negativas, onde não há lugar para o amor, a alegria e a felicidade. De vez em quando está emoções chegam a um ponto em que há verdadeiras explosões de raiva e cólera, assim como acontece com os vulcões literais quando há erupções, despejam o seu magma fervente, destruindo a tudo e a todos a sua volta. Alguns poderiam pensar que, depois de uma grande explosão o ódio se aplacaria e o amor poderia até brotar num coração assim empedernido. Mas não, logo ela começa em fogo brando a aquecer sua raiva e paulatinamente a encher o seu copo de ira e amargura até que haja novas explosões, ficando neste vai e volta eterno. Esta situação, de alimentar-se e viver só de ódio, não acontece apenas no círculo familiar, entre ex-cônjuges, mas em outras relações afetivas, sejam de amizades, de sociedades e entre ex-companheiros de trabalhos. É uma ferida que não cicatriza nunca, pois nem bem começa a criar uma casquinha, esta é logo friccionada até a exasperação para que volte a ficar em carne viva. É muito triste ver pessoas que poderiam ser felizes, optarem por uma vida de ódio, amargura e ressentimento. Muitas vezes algumas pessoas assim, alvos de tanto rancor, nem ficam sabendo de que alguém lhe quer tão mal e dorme tranquila na paz dos justos, enquanto que a outra pessoa, a que odeia, passa as vezes à noite em claro, remoendo todo o seu ódio e ira mortal, arquitetando meios de dar vazão a toda sua maldade, alimentada por um ódio doentio, calcada em bases na maioria das vezes, com premissas falsas. O pior de tudo é quando a pessoa odiada vem a falecer e deixa aquele que o odeia no ar, sem um outro objetivo na vida, totalmente perdido, pois tudo em sua vida, girava em torno do ódio que a alimentava e agora não lhe resta mais nada, só apenas um grande vazio. Então, passa a aguardar que a morte também o alcance, para pôr fim a uma vida, que não valeu a pena ser vivida.
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