Nasci e vivi boa parte da minha infância e o início da minha adolescência, tendo como base os ensinos da maior religião ocidental. Assim, desde cedo fui instado a ter preconceito contra tudo o que fosse ao contrário do que eu acreditava, sob a pálida advertência de que "seriam os falsos instrutores que surgiriam no tempo do fim" que Jesus alegara em seus evangelhos. Na minha juventude comecei a desconfiar daquilo que me falaram e me enveredei pelo caminho quase da descrença, por me deixar influenciar por pensadores tais como Bertrand Russel e Jean Paul Sartre, embora no fundo sempre acreditara em Deus, mas não podia imaginá-lo da forma como me passaram, de um Deus super cruel, que castigaria os maus num inferno para todo o sempre. Isto ia de encontro a toda lógica, pois se alguém fosse mau durante toda a sua vida, por exemplo, uns 90 anos, como poderia receber uma pena tão pesada, de ficar bilhões, trilhões, quintilhões de anos e outros mais, queimando num inferno? Isto faria de Deus um ser mais injusto do que os humanos, porque haveria um excesso, uma exacerbação de pena em face dos poucos anos vividos, ainda que maus. Ao entrar para uma faculdade, num período fértil da contra-cultura, onde havia como palavra de ordem a rebeldia contra a ordem estabelecida, em que poetas como Allen Ginsberg com suas poesias ácidas pregavam outra forma de viver, passei a consumi-las. Depois veio o período das religiões orientais, dos Hare Krishna, de Lao Tsé, do dualismo da vida, da luta do bem contra o mal e passei a pesquisá-las na busca da verdade, porque não sou dos que apenas repetem o que lhes foi dito, por seus pais e outras pessoas de destaque ou posição, sempre questionei aquilo que me foi passado. Não sou daqueles que dizem "Nasci assim e vou morrer assim". Existe um ditado popular que diz: "Só os tolos não mudam". Ora, se alguém me provar com lógica que aquilo que acredito está errado é uma premissa falsa e eu disser que mesmo assim vou continuar na minha crença, por causa de tradição, de amigos, estarei passando um atestado de "burro" e eu não estou disposto a dar este gostinho a ninguém, embora não me intitule como alguém inteligente ou sábio, mas sim um homem em busca de respostas dos porquês da vida, que não me satisfaço com filosofia barata, comprada no armazém da esquina. Na época em que pesquisava as religiões orientais, em que me foi mostrado o dualismo da vida, o qual gerava o equilíbrio do universo com as premissas: bem/mal, dia/noite, saúde/doença, vida/morte, juventude/velhice, sol/lua, luz/escuridão, yang/yng, positivo/negativo, deus/diabo; a princípio concordei porque eu via estas duas forças coexistindo no universo. Mas eu sou assim, quando me dão um problema muito grande, eu gosto de "trocar em miúdos", para sair da abstração das coisas macras para coisas reais, as micros do cotidiano em que eu possa entender. Então um dia, peguei um lápis e fiquei com ele em uma mão e na outra segurando uma borracha. Assim tentei escrever algo com um lápis em uma mão, enquanto na mesma hora a outra mão com a borracha apagaria. O que descobri então? É um princípio de física que "quando duas forças são iguais e antagônicas elas se anulam". Assim, concluí que se Deus, a personificação do bem e o Diabo, a personificação do mal, fossem forças iguais não haveria o universo ou qualquer outra criação. Vi claramente que o Diabo não é alguém com uma força ou poder igual ao de Deus. Assim, voltei as minhas raízes do cristianismo, não da cristandade, mas sem os preconceitos que me afetara, tendo um alicerce sólido em sua Palavra, que é como uma bússola a nos mostrar o verdadeiro caminho, que é único, estreito e poucos são os que estão nele enquanto a maioria prefere a estrada larga de quase nenhuma regra, onde tudo é aceitável. Encontrei lógica naquilo que acredito, em que os maus não receberão a pena de um inferno eterno, mas sim da morte, o deixar de existir, que é o salário do pecado. Que Deus tem um propósito para esta nossa Terra, que não a criou simplesmente para nada, que a formou mesmo para ser habitada e não para ver o homem destruí-la. Assim como um proprietário não destrói a sua casa por causa de maus inquilinos, despeja-os, Deus fará o mesmo com os que não querem viver de acordo com as suas normas. Que os bons, poderão viver aqui mesmo na Terra sem os graves problemas que hoje tanto nos afetam e logicamente, livre daqueles que a poluem e a destroem. Que estas coisas estão disponíveis a todos e de graça, basta um pouco de boa vontade e não ter medo de fazer mudanças, assim como o apóstolo Paulo fez, caso isto seja necessário, porque se você insistir naquela frase famosa de que "nasci assim e vou morrer assim" , tenho um triste anúncio a lhe dar: VAI MORRER MESMO. Eu e milhares de pessoas em todo o mundo queremos é viver e estamos fazendo esforços para isto.
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