Certa feita, um professor pegou uma folha branca, de uma brancura impecável e com um lápis crayon fez um ponto bem assinalado em seu meio. Chegou então para os alunos de sua classe e perguntou-lhes: - O que é que vocês estão vendo? A resposta foi quase unânime: - Um ponto preto. Sim, todos notaram aquele ponto preto assinalado, mas nenhum deles reparou na coisa maior, que era a folha toda branca. A nossa imperfeição nos faz ver apenas as pequenas coisas ruins que os outros nos fizeram, esquecendo por completo, às vezes, o contexto maior, que é o bem que nos fizeram numa maior medida que o mau. Não chegamos nem a lhes dar o desconto do beneplácito instituto da dúvida, para tentar entender as razões do que está por trás daquele ato mau. Mesmo que o erro tenha sido intencional, será que queremos saber o porquê de tal atitude? O que levou alguém, que tinha um modo de viver até certo ponto correto, a agir assim? Havíamos feito algo que pudesse acarretar tal comportamento? Somos extremamente implacáveis no nosso julgamento, como se fôssemos perfeitos e não errássemos nunca. Devemos nos lembrar que todos somos réus e teremos nossos atos julgados por alguém Superior e não gostaríamos de enfrentar um julgamento rigoroso ou exigente demais. Da mesma forma que julgais sereis julgados. Voltando ao assunto do erro, se comprovada nossa culpa temos de assumi-la e tentar consertar ou minimizar, seja uma atitude impensada feita num momento de falta de equilíbrio ou um ato errado em si mesmo. Não queremos com isto justificar um erro feito mas compensar os seus efeitos danosos. Se mesmo assim nada surte resultado, se é um esforço em vão tentar explicar aquele nosso ato ruim, que agora nós reconhecemos como indigno, os benefícios que se fez ao longo de anos foram realmente em vão. Só restou mesmo aquele ponto escuro na folha em branco, uma cicatriz, tal como uma marca feita a ferro e fogo, que nunca mais será apagada. A vida é assim mesmo, temos de conviver com as nossas imperfeições, que não são poucas e as das outras pessoas. Somos como vários porcos espinhos que são mantidos presos em um compartimento bem pequeno e apertado. Por mais que não queiramos, vamos ferir e ser feridos uns pelos outros. A lição que podemos tirar disto tudo é: Temos de ter a grandeza de quando errarmos, assumirmos o erro e tentarmos minimizar os seus efeitos e não apenas arranjar uma desculpa para estes. Também não podemos esperar que a parte magoada de pronto aceite as nossas desculpas e tudo bem. Desculpas não curam feridas. Só o tempo tem este poder de cura, anulando e suavizando os efeitos de uma mágoa. Também ele, o tempo, demonstrará no geral quais foram as nossas ações: se totalmente ruins ou apenas alguns atos isolados, naturais de seres humanos imperfeitos. Da nossa parte, que não fiquemos o tempo todo absortos nos pequenos detalhes ou falhas, como quem fica bisbilhotando com uma lupa a procura de pequenas imperfeições, mas que olhemos o conjunto de obras de alguém para que o julgamento seja verdadeiramente justo. Esperamos que este dia possa chegar para que a paz volte a reinar e possamos viver sem nos ferir, nem ser feridos.
^^ gostei mto dessa interpretação sobre o ponto preto na folha branca! que a nossa visão esteja sempre em expansão e não somente limitada a um ponto. Abraços!
ResponderExcluirValeu Anônimo. Abços!!!
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