As novelas e filmes sempre foram fontes do modismo, seja no estilo de vida, nas roupas e em outras peças do vestuário. Ha pouco tempo atrás tivemos umas bolsas pequenas, tipo carteira chamadas de "norminha" graças a uma personagem da novela das oito. Depois tivemos uma novela, cujo enredo principal se passava na Índia e lá foi aquele enxame de coisas indianas. Quando era jovem as vezes também usei alguma coisa que tinha a ver com algum personagem novelesco. Logicamente que tinha que combinar com o meu tipo físico. Em particular lembro-me de uma novela que foi de grande audiência na minha juventude, que foi "Cavalo de Aço". Um dos personagem usava umas botas com o salto bem alto. Á partir daí surgiram botas com o mesmo estilo e altura, cujos saltos eram enormes, deixando as pessoas baixas, com uma estatura acima da mediana. Eu possuía logo três pares. Quando tinha que ir a algum lugar e parecer mais alto, lá estava eu de "cavalo de aço". Por esta época, havia uma garota que eu paquerava, uma morena alta, que tinha mais ou menos 1,80 m de altura. De vez em quando eu ia até a sua casa e ficávamos lá conversando, ou dentro do carro ou quando me aventurava fora, ficava sentado em cima dele, já que o carro era um baixinho conversível amarelo, um MG TD 52, isto para diminuir as nossas diferenças. Certa ocasião à noite, estávamos no seu portão conversando, quando de repente, lá dentro da casa da garota, houve um tumulto enorme, uma gritaria e a mãe dela clamando por socorro. Resolvemos de pronto correr para dentro do quintal até chegar a sua casa para ver o que estava acontecendo. Andar com o "cavalo de aço" era uma coisa, correr era outra e foi um verdadeiro desastre, pois eu torci o pé e tive de ser carregado, pela garota para a varanda da casa, que continuava com briga, com o padrasto ameaçando de faca a sua mãe. Foi o caos, gente gritando de um lado e eu gemendo de dor sem poder fazer nada do outro. Depois de cessada briga com a retirada da faca do poder padrasto que estava completamente alcoolizado e acalmados os ânimos, passaram a me dar atenção mas assim que a dor diminuiu e me senti melhor, saí pulando numa perna só e envergonhado peguei o carro e nunca mais voltei a casa daquela "nefilin". Por causa da minha altura eu nunca fui muito fã de motos, ainda mais que não existia naquela época motos menores de poucas cilindradas. Mas depois de assistir ao filme Easy Rider (Sem Destino) fiquei animado e achei que poderia ter uma parecida com a daquela película. Ainda mais que dinheiro naquela ocasião em que trabalhava num cartório, não era o problema. Assim, em parceria com meu irmão Gécio, compramos uma Norton 500 cilindradas (a "Poderosa" do companheiro do "Che" na sua viagem pelo continente era também uma Norton de 500cc) e passamos a fazer as modificações necessárias para que ela ficasse igual. Primeiro mandamos fazer um garfo comprido e meio deitado para a roda da frente, que tinha um aro menor. Atrás, no local onde fica o bagageiro, colocamos um ferro alto em curva e bem cromado que ultrapassava a cabeça, chamado de "santo antônio". Pintamos a moto de branco e com alguns detalhes em azul e vermelho como se fosse estrelas de uma bandeira. Ficou bem semelhante a do aludido filme, modelo Capitão América. Era uma moto grande e pesada, pois ainda não existia as feitas de fibra de vidro ou mesmo de plástico em algumas partes, como são as de hoje em dia. Era lataria de puro aço mesmo. Por causa desta linda moto eu e meu irmão éramos conhecidos por "Sem Destino". Quando saia, eu procurava estacionar a moto junto ao meio fio, onde eu poderia colocar o pé, para facilitar as coisas. Certa feita, resolvi dar um passeio de moto com minha ex-esposa. Depois de alguns bordejos paramos num semáforo. Como de costume eu usava uma bota de cano alto, com o salto a lá "cavalo de aço" e encostei a ponta do pé esquerdo no chão na expectativa da abertura do sinal. Estava assim por dizer, só com o dedão de uma unha encravada segurando aquele peso todo, como se fosse um bailarino no fuetê. De repente minha ex-esposa, que não me ajudara em colocar também um pé de apoio, pendeu para um lado e ambos terminamos no chão, tendo eu uma enorme dificuldade para levantar tal moto. Nesta minha vida eu aprendi muito do slogan de uma antiga distribuidora de petróleo, a Atlantic que dizia: "QUEM NÃO É O MAIOR TEM DE SER O MELHOR".
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