Sou do tempo em que as pessoas conversavam com os vizinhos nos portões de suas casas até tarde da noite. Neste tempo as famílias sentavam-se à mesa para jantar e falar sobre os problemas do dia e quando chegava a época própria, os jovens namoravam de mãos dadas andando pela orla marítima ou dando volta pelas praças. Hoje para muitos, isto seria uma coisa totalmente ultrapassada, de um passado muito distante que não condiz com o mundo atual. Primeiro a televisão e depois a internet foi aos poucos separando os membros de uma família, esfacelando o aconchego familiar, fazendo com que as pessoas de um mesmo lar, se isolem nos seus aposentos e tenham uma vida privada independente, onde virtualmente suprem as suas carências e necessidades emocionais com pessoas de fora, muitas vezes de lugares bem distantes. Depois com o surgimentos das redes sociais, aí é que a coisa degringolou de vez, as amizades virtuais passaram a ocupar o lugar dos amigos reais, dos colegas de escola, de trabalho, dos vizinhos e outros que contatamos no dia a dia. A cada dia que se passa, vamos nos enroscando mais e mais nestes meios de comunicação social, postando as vezes os nossos problemas íntimos ou a consecução de alvos atingidos no dia, à espera de ajuda dos comentários ou aprovação destes nossos "amigos", mesmo que seja com um simples click em "curtir". Isto tem feito muitos de nós prisioneiros desta teia à ponto de não conseguirmos passar um dia sem dar uma olhada ou mesmo postar algo. Logicamente que em tudo há o lado bom e o lado ruim, neste caso tem de haver equilíbrio e fazer bom uso desta ferramenta de comunicação entre as pessoas. Quem não descobriu através de uma rede social, pessoas que há tempos você não tinha qualquer contato e agora pode sempre falar com elas? Quantas coisas boas, inteligentes e de grande utilidade, você só ficou sabendo através das redes sociais? Foram e tem sido muitas. Em compensação, quantas pessoas tiveram a sua vida íntima e privacidade expostas a execração pública e por conta disto até cometeram suicídios? Um bom número, principalmente de ainda meninas que confiavam em seus "amigos" namorados e se deixaram filmar ou fotografar por estes na sua intimidade e não conseguiram segurar a barra. Um outro aspecto negativo é o tempo que nós perdemos bisbilhotando as redes sociais ou interagindo com alguém. As redes sociais são altamente viciantes, por isto despercebemos a quantidade de horas gastas, muitas vezes em assuntos triviais, bobos, de nenhuma utilidade a não ser, satisfazermos o nosso ego que é ter a aprovação de feitos postados. Sim, a nossa carência neste sentido de esperarmos ter aprovação de muitos, para sentir-nos bem e a falsa impressão de que somos queridos, demonstra de um certo modo a nossa fraqueza, da dependência ou opinião dos outros para sermos felizes. As redes sociais de uma certa forma passaram a atuar como nossos psicólogos, onde pessoas estranhas nos ajudam a conviver com as nossa crises emocionais e existenciais. Isto acaba sendo um grande perigo e os danos podem ser bem desastrosos, pois os conselhos muitas vezes vem de quem não está apto a fazê-lo. Por isto é bom lembrar que a vida com suas belezas e o tempo são as coisas mais preciosas que temos, nada os pode suprir ou substituir. Assim, ao invés de termos uma vida totalmente virtual que nos isola da vida real, do viver no exato sentido da palavra, que optemos pela última, pois com certeza há muita vida agradável e boa fora das redes sociais, pronta para serem vividas, basta de vez em quando darmos uma trégua e sairmos da frente de nossos aparelhos de comunicação e usufruí-la.
Otima reflexão!!! tambem penso desta maneira! adorei seu texto!
ResponderExcluirObgdo Anônimo!!!
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