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segunda-feira, 31 de março de 2014

DIREITO DO PACIENTE DE RECUSAR CERTOS TRATAMENTOS

                       

                             


Há uns tempos atrás, escrevia eu para um jornal digital e considerava assuntos que tem a ver com os direitos do paciente, tanto quanto no simples atendimento de uma consulta, ou quanto se encontrassem hospitalizados. Continuando neste tópico, na última coluna postada, falávamos do direito do paciente em sua plena capacidade de decidir, recusar-se a receber certo tratamento prescrito pelo médico ou hospital mas que para ele é objetável, seja por problemas de consciência ou outro qualquer mas apresenta como alternativa médica, um outro tipo de tratamento não tão difundido mas possível dentro dos procedimentos hospitalares, uma coisa razoável e científica, baseada em fatos concretos já utilizados por outros médicos de forma bem satisfatória e com êxito, portanto uma alternativa boa, que para o paciente no seu direito de decidir é a melhor. Até aí nenhum problema, pois o paciente é o melhor guardião de seu corpo e de sua saúde e tem o direito legal de decidir que tratamento deve aceitar ou recusar. Agora, imagine este mesmo paciente indo parar num hospital em estado de coma, mas por prevenção e garantia, porta um documento legal, em que especifica que tipo de tratamento quer receber caso fique inconsciente.  Um parente ou amigo, foi nomeado por ele procurador, através de um documento revestido das formalidades legais para atuar no caso de estar temporariamente sem capacidade de expor sua vontade ou desejo. Deve o médico ou hospital respeitar a vontade expressa do paciente em tal documento e corroborada por seu procurador? É claro que sim.  Não é por que alguém está inconsciente e não pode se expressar, que ele perdeu sua capacidade de decisão, ainda mais se ele se preveniu e fez um documento em que expressa a maneira em que quer ser tratado. Infelizmente alguns médicos, tem procurado a justiça para obrigar os parentes ou procurador nomeado a aceitarem um tratamento que seria recusável para o paciente. Alguns dias atrás, na qualidade de advogado, fui chamado por parentes de uma cliente que estava em coma num hospital, para ajudá-los na sua tentativa de fazer as médicas encarregadas do caso, entenderem e respeitarem os direitos dela, já que tinham uma procuração com firma reconhecida em que dava a um parente os poderes para decidir por ela, neste estado. Uma das médicas me disse, cheia de si, que tal documento não teria mais validade, por que a minha cliente agora estava inconsciente e este documento não falava por ela e que ela iria pedir a intervenção do Ministério Público para obrigar os parentes da minha cliente a aceitarem o tratamento proposto por ela. Falei-lhe que entendia sua posição, baseada no Código de Ética Médica, um estatuto que regula a postura dos médicos em sua profissão, mas que a minha cliente e seus parentes, tinham a garantir-lhe, não o estatuto de uma classe, mas a nossa Lei Maior, ou seja, a Constituição do País, como explicitado no seu artigo 5º, inciso II dos Direitos e Garantias Fundamentais. Disse-lhe ainda que a minha cliente através de seus parentes e o procurador, estavam recusando um tipo de tratamento específico e não todos dos muitos existentes. Voltando ao documento que ela disse não ter mais validade, lhe apresentei uma hipótese como argumento. - Se um parente seu, fizesse em vida um testamento particular, desses simples quase num papel de embrulhar pão e nele escrevera em letras mal redigidas, que lhe deixava por este testamento, tudo o que possuía, uma valiosa herança. Com a sua morte, você acha que deveria ser respeitada a sua vontade ou não? Ela me disse, meio constrangida, que sim. De pronto eu lhe disse:  - Se a vontade de um morto deve ser respeitada, muito mais é a de alguém que apenas momentaneamente está inconsciente, mas que deixou expresso por escrito como quer ser tratada. Ela não teve mais argumentos e dali pra frente, aceitou o desafio de fazer o tratamento alternativo proposto, respeitando assim o direito de tal paciente, minha cliente.

sábado, 22 de março de 2014

UM NOVO CAMINHO PARA A ÍNDIA







A história nos conta que o Brasil foi descoberto por que o navegador português Pedro Álvares Cabral, estava procurando seguir o caminho marítimo para se chegar a Índia, caminho este descoberto há dois anos antes por seu conterrâneo, o navegador Vasco da Gama mas devido a calmaria dos ventos as naus desviaram-se tanto de tal rota, vindo a parar na costa brasileira. Sim, houve um tempo em que a Índia com suas especiarias, tais como o cravo, a canela, a pimenta, o gengibre, o açafrão e outros condimentos era alvo de muitas viagens a princípio terrestres e depois marítimas, onde comerciantes iam na busca destas preciosidades, que dão tanto sabor e aroma aos alimentos, a ponto de serem consideradas o Ouro da Índia. Ainda hoje o mercado indiano, enche os olhos dos visitantes com suas cores vivas, além é claro do gostoso aroma emanado de suas ervas. Infelizmente alguns povos se achando superiores em raça, escravizaram por muito tempo a Índia, até que Mahatma Gandhi através de uma onda de protestos mas sem violência e agressão, conseguiu desvencilhar os indianos do Império Britânico que os dominava. Hoje a Índia é um país pujante que abriga a segunda maior população mundial e tem uma boa renda per capita, embora haja grandes desigualdades, assim como no Brasil, onde uns poucos tem muito e a grande maioria não e alguns vivem até numa linha abaixo da pobreza. Para nós que estamos acostumados há um tipo de vida ocidental, há um verdadeiro choque cultural, pois o estilo de vida indiano é um verdadeiro contraste com a vida que levamos, onde coisas corriqueiras como um simples banho quente, lá não é fácil consegui-lo, nem se tem supermercados ou shoppings mas em compensação tem ótimas feiras com as suas cores exuberantes, onde se compra de tudo à preços bem baratos. Sim, conhecer a Índia e seu povo bonito com suas vestes coloridas e sempre sorridente apesar das dificuldades que alguns passam, nos fazem repensar os valores que damos aos bens materiais, ao conforto e o consumismo ocidental. Muitos tem aceitado o desafio e descoberto um novo caminho para a Índia, a fim de se familiarizarem e aprenderem desta vasta cultura milenar, coisas que para nós ocidentais nesta agitação e corre corre do dia, as vezes passamos por alto, mas que os indianos dão muito valor e prezam, que é toda a forma de vida, a família e coisas espirituais. Embora tenhamos um conceito diferente deles no que diz respeito a sua espiritualidade, pois temos forte convicção nos escritos e promessas bíblicas de que um dia iremos todos viver irmanados e sem barreiras raciais, neste belo planeta Terra, que será restaurado e voltará a ter condições paradisíacas, mas respeitamos com sinceridade o ponto de vista hindu e suas crenças. Temos plena consciência de que a cristandade é a grande culpada pela rejeição que os hindus tem à Bíblia como guia, rejeição esta, pela violência, racismo e opressão a que submeteu o povo indiano por muitos anos, razão porque muitos povos não veem com bons olhos os ensinos de Jesus, achando que eles não levam a paz, mas à guerra, principalmente a guerras de conquistas. Enquanto a cristandade promove as guerras, o verdadeiro cristianismo, sempre fez com que seus seguidores levassem uma vida pacífica, abstendo-se violência, agressão e qualquer envolvimento em guerras, preferindo antes serem presas, torturadas e até mortas do que matarem o seu semelhante, assim como também preconizava o líder hindu Gandhi, que sempre usava as palavras de Jesus, ditas há dois mil anos atrás no seu famoso Sermão do Monte, de que devemos amar não apenas os que nos amam mas também os nossos inimigos para provar que somos realmente filhos de Deus.          

quarta-feira, 19 de março de 2014

HÁ VIDA ALÉM DAS REDES SOCIAIS






Sou do tempo em que as pessoas conversavam com os vizinhos nos portões de suas casas até tarde da noite. Neste tempo as famílias sentavam-se à mesa para jantar e falar sobre os problemas do dia e quando chegava a época própria, os jovens namoravam de mãos dadas andando pela orla marítima ou dando volta pelas praças. Hoje para muitos, isto seria uma coisa totalmente ultrapassada, de um passado muito distante que não condiz com o mundo atual. Primeiro a televisão e depois a internet foi aos poucos separando os membros de uma família, esfacelando o aconchego familiar, fazendo com que as pessoas de um mesmo lar, se isolem nos seus aposentos e tenham uma vida privada independente, onde virtualmente suprem as suas carências e necessidades emocionais com pessoas de fora, muitas vezes de lugares bem distantes. Depois com o surgimentos das redes sociais, aí é que a coisa degringolou de vez, as amizades virtuais passaram a ocupar o lugar dos amigos reais, dos colegas de escola, de trabalho, dos vizinhos e outros que contatamos no dia a dia. A cada dia que se passa, vamos nos enroscando mais e mais nestes meios de comunicação social, postando as vezes os nossos problemas íntimos ou a consecução de alvos atingidos no dia, à espera de ajuda dos comentários ou aprovação destes nossos "amigos", mesmo que seja com um simples click em "curtir". Isto tem feito muitos de nós prisioneiros desta teia à ponto de não conseguirmos passar um dia sem dar uma olhada ou mesmo postar algo. Logicamente que em tudo há o lado bom e o lado ruim, neste caso tem de haver equilíbrio e fazer bom uso desta ferramenta de comunicação entre as pessoas. Quem não descobriu através de uma rede social, pessoas que há tempos você não tinha qualquer contato e agora pode sempre falar com elas? Quantas coisas boas, inteligentes e de grande utilidade, você só ficou sabendo através das redes sociais? Foram e tem sido muitas. Em compensação, quantas pessoas tiveram a sua vida íntima e privacidade expostas a execração pública e por conta disto até cometeram suicídios? Um bom número, principalmente de ainda meninas que confiavam em seus "amigos" namorados e se deixaram filmar ou fotografar por estes na sua intimidade e não conseguiram segurar a barra. Um outro aspecto negativo é o tempo que nós perdemos bisbilhotando as redes sociais ou interagindo com alguém. As redes sociais são altamente viciantes, por isto despercebemos a quantidade de horas gastas, muitas vezes em assuntos triviais, bobos, de nenhuma utilidade a não ser, satisfazermos o nosso ego que é ter a aprovação de feitos postados. Sim, a nossa carência neste sentido de esperarmos ter aprovação de muitos, para sentir-nos bem e a falsa impressão de que somos queridos, demonstra de um certo modo a nossa fraqueza, da dependência ou opinião dos outros para sermos felizes. As redes sociais de uma certa forma passaram a atuar como nossos psicólogos, onde pessoas estranhas nos ajudam a conviver com as nossa crises emocionais e existenciais. Isto acaba sendo um grande perigo e os danos podem ser bem desastrosos, pois os conselhos muitas vezes vem de quem não está apto a fazê-lo. Por isto é bom lembrar que a vida com suas belezas e o tempo são as coisas mais preciosas que temos, nada os pode suprir ou substituir. Assim, ao invés de termos uma vida totalmente virtual que nos isola da vida real, do viver no exato sentido da palavra, que optemos pela última, pois com certeza há muita vida agradável e boa fora das redes sociais, pronta para serem vividas, basta de vez em quando darmos uma trégua e sairmos da frente de nossos aparelhos de comunicação e usufruí-la.      

quarta-feira, 12 de março de 2014

VOCÊ PRESTA A DEVIDA ATENÇÃO AO QUE UMA CRIANÇA LHE FALA?




É bem provável que você responda que sim, que tudo o que seu filho, seu sobrinho, seu neto ou outra criança qualquer lhe fale ou lhe pergunte, você dá a devida atenção para depois responder corretamente. Até pouco tempo atrás, eu também pensava que agia assim, que estava sempre atento as perguntas dos meus filhos e agora dos netos e os respondia à base do que eles me indagavam. Ultimamente tenho visto que minhas respostas a eles não tem sido boas, quase sempre são mecânicas, monossílabas, de um sim ou um não, como para me livrar de ser importunado por frases ou pedidos que eu achava tolos, sem se dar conta do que eles estavam realmente me falando ou pedindo. Por conta disto em algumas ocasiões fiquei enrascado, por que eu aquiesci com os pedidos deles, sem ver a profundidade das coisas e me dei mal, por que a palavra dada deve ser cumprida. Com minha neta de quatro anos então, eu tenho que ter mais cuidado ainda, por que ela não pensa como uma criança de quatro anos mas como uma quase adulta e faz altas indagações. Assim, depois de que ela me fala alguma coisa e eu dou uma resposta pueril como se tivesse entendido o assunto mas na verdade não entendi nada, ela vendo a bobeira e falta de razoabilidade da minha resposta, diz de pronto: - Qual a parte que você não entendeu do que eu falei?  Aí, para não pegar mal, de ser criticado por uma criança de quatro anos, eu digo apenas uma parte obscura da estória e depois que ela me esclarece o ponto nebuloso, eu tento concatenar as demais nuances do porque da sua pergunta, para não passar por tão bobo para ela. Sim, muitas vezes nós adultos achamos que crianças só falam bobagens, coisas inverossímeis e não lhes damos a devida atenção, quando na verdade nos dias de hoje as crianças estão bem mais antenadas do que muitos adultos e levantam questões sérias de comportamento humano, razão porque devemos refletir naquilo em que elas estão se expressando, para não passarmos por alienados. Isto me faz lembrar do relato recente de um garoto que estava na sala vendo o noticiário da televisão, enquanto sua mãe estava na área de serviço colocando roupas na máquina de lavar. De repente o garoto grita para a mãe: - Mãeeee, sumiu o Boeing! A mãe irritada com tanta roupa para lavar, lhe diz em resposta: - Vá tratando de encontrar esta tralha de boieng, porque se eu tiver de ir aí na sala e encontrar este negócio, eu vou lhe enfiar o boieng goela a baixo. A criança não entendeu nada do absurdo que sua mãe lhe dissera. Sim, muitas vezes nós falamos em respostas as nossas crianças, coisas absurdas, próprias de pessoas dementes que não sabem de nada e estão totalmente por fora dos acontecimentos recentes. Por isto, tanto eu como você que as vezes não damos muito crédito ao que nossos pequenos nos falam é bom daqui pra frente, prestarmos bastante atenção para não falarmos bobagens e passar por pessoas débeis que não sabem sequer dialogar com uma criança.