Viajar de trem atravessando cidades, estados e até países é muito bom. Infelizmente o nosso país, com um território imenso de proporções intercontinentais, possui hoje poucas linhas ferroviárias em uso e as que tem, a maior parte é para o transporte de cargas, principalmente de minérios para os portos. A malha ferroviária foi substituída pelas estradas que atravessam todo o território nacional, em grande parte em péssimos estados de conservação, mesmo se pagando tão alto os Ipvas, que foram instituídos com esta finalidade. Diferente dos países da Europa, onde você pode cruzar toda ela indo até o Oriente, viajando em trens superconfortáveis e dependendo da classe, com preços até certo ponto, módicos. Não se esquecendo dos trens balas japoneses, que atingem velocidades fantásticas com muita segurança. Em contra-partida, há os trens velhos e superlotados da Índia, que tem milhares de passageiros apinhados por fora deste, até mesmo na frente das locomotivas, atrapalhando a visão dos maquinistas e em consequências, há vários acidentes, quase sempre com muitos mortos. Antes de iniciar a viajem, você tem de adquirir a passagem na estação. Comprada esta, você se dirige ao vagão onde se encontra o lugar anotado em sua passagem. Passados pouco tempo, vem um fiscal e carimba a sua passagem, demonstrando assim, que você não é nenhum clandestino, está ali devidamente credenciado. Da mesma forma ocorre quando você está para chegar ao local para o qual você adquiriu sua passagem. De novo o fiscal a carimba pela última vez, porque você chegou ao seu destino, agora é aproveitar a sua estada no local para onde você se dirigiu. Na vida, também é assim, ao nascermos adquirimos a passagem para uma viagem que pode ser curta e outras bem longas, atravessando gerações, algumas confortáveis e a preços baratos, outras nem tanto, são caras, cheias de percalços e apinhadas de problemas. Ao nos localizar e acomodar em nosso espaço, somos contatados não por um, mas por vários fiscais: primeiro nossos pais, depois professores, namorado/namorada, marido/esposa. E a vida vai prosseguindo, como uma viajem, onde entram novos passageiros, pessoas que passam a se tornar nossos amigos, sentando ao nosso lado, alguns até dormindo no nosso camarote e outros deixam de sê-los, ou vem a falecer, como que descendo do trem em alguma estação. Antes de chegar ao nosso destino final, somos de novo contatados por outros fiscais, desta feita conselheiros, pessoas mais experientes que nos ajudam a encontrar e carimbar a nossa passagem, agora como um visto final de aprovação, um verdadeiro passaporte para uma vida mais significativa, plena, sem as nuances e os problemas atuais. Que atentemos por seus conselhos e admoestações, mudando as nossas posturas, reformulando nossos conceitos, endireitando nossas veredas, a fim chegarmos ao nosso destino sãos e salvos que é, a Estação Paraíso.
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