Acordei de manhã e ao me dirigir até o jardim, verifiquei um amontoado de terras que as formigas tinham acumulado durante à noite. De pronto, peguei a mangueira e fiz jorrar bastante água, derribando aquele montículo de terras, deixando a grama aparecer de novo. Imaginei que aquele forte jato de água tivesse levado para sempre as formigas para outro local, longe do meu quintal. Qual não foi a minha surpresa quando no outro dia pela manhã, ao ir ao mesmo local, verifiquei que havia um monte de terras ainda maior. Mais uma vez, despejei água até a saturação do solo, no afã de expurgar as formigas do meu jardim. Nada, elas eram tenazes e persistentes e resistiam a toda água que eu colocava nos possíveis buracos. O jeito foi apelar para outros elementos, tais como sal, álcool, detergente e outros repelentes, só assim me vi livre das saúvas. O que mais me admira nas formigas é a sua persistência e tenacidade em começar do zero, vez após vez, apesar de toda a catástrofe que se abata sobre elas. Todos nós, de vez quando sofremos algum revés na vida, mas a maioria age diferente das formigas, não somos persistentes, somos abatidos por um cansaço e quedamos como se estivéssemos mortos. Leva bastante tempo, para juntarmos forças e começar tudo de novo. Sim, o recomeço é muito difícil para a maioria das pessoas. É mais difícil, que o começo em si, quando tudo é novo. Somos atingidos por um desânimo latente que nos abate, que nos faz ver as coisas com perspectiva negativa, de que não adianta recomeçar pois, poderá dar errado de novo. Deveríamos todos nós procurar imitar o exemplo da sabedoria instintiva das formigas. Não é qualquer coisa que as faz desistir de seu objetivo, no caso, em prol do formigueiro. São capazes de recomeçar sempre, de contornar obstáculos, de mudar seu trajeto, para alcançarem seu objetivo, nada as detém. Há uma fábula que contam, não das formigas mas das moscas, animais da mesma espécie. Havia então duas moscas que caíram num pote de leite. A primeira, apesar de forte, tentou sair daquela situação, batendo apenas um pouco suas asas, não conseguindo seu intento, desistiu e se afogou. A segunda, embora não fosse tão forte, era tenaz, persistente e continuou batendo as suas asas sobre o leite, até que este se tornou uma pasta, virando depois manteiga e ela pôde afinal sair. Sim, a persistência sempre tem o seu galardão. Que sejamos como as sábias formigas, ou a tal mosca persistente da fábula, que não desistamos nunca, que sempre estejamos dispostos a recomeçar, apesar de tudo que possa nos acontecer. Com certeza se assim agirmos, a nossa luta nunca será em vão. Pois como dizia o grande poeta Gonçalves Dias "a vida é uma luta que aos fracos abate e aos fortes enobrece". Sim, nós não somos daqueles que desistem com facilidade, iremos sempre lutar, desistir jamais deveria fazer parte de nosso vocabulário, mesmo que seja num eterno recomeço, porque não queremos nadar, nadar e morrer na praia, por conta da arrebentação..
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