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terça-feira, 17 de março de 2015

O QUE EU OUVI, LI E VI NESTAS ÚLTIMAS DÉCADAS







Antigamente as notícias só chegavam em nossas casas através do rádio, em especial com "O Repórter Esso" na voz de Heron Domingues ou lendo os jornais da época, O Correio da Manhã, O Jornal do Brasil, Última Hora, A Tribuna da Imprensa e outros que surgiram mais tarde como o sarcástico O Pasquim. Também havia as revistas que nos informavam algumas coisas: "O Cruzeiro", "Manchete", "Mundo Ilustrado" "Fatos & Fotos", "Realidade" e a "Seleções de Reader`s Digest", que continua até os dias de hoje, da mesma forma como alguns jornais citados. Assim, foi através das rádios AM, que fiquei sabendo do aparecimento do rock and roll e de seu rei, Elvis Presley, da morte de James Dean pilotando a sua Porsche prateada, do lançamento do primeiro satélite a entrar em órbita na Terra, o Sputinik russo. Do primeiro homem no espaço sideral, o cosmonauta russo Yuri Gagarin, que viu que a Terra era azul. Da revolução cubana vinda de Sierra Maestra, que pôs fim ao ditador Fulgêncio Batista e introduziu na América Central um regime comunista, sob a liderança de Fidel Castro e do Comandante "Che" Guevara. Havia também o cine-jornal semanal do Canal 100, que passava nos cinemas e antecedia os filmes, mas este tinha mais a ver com os eventos esportivos e alguns desfiles de misses. Com a chegada da televisão, que ainda não era global e em preto branco, começamos a ver os acontecimentos. As mortes John Kennedy, de Lee Oswald, de Martin Luther King, de Robert Kennedy. A marcha de mais de um milhão de pessoas nos Estados Unidos, contra a guerra do Vietnam e também contra o preconceito racial. O aparecimento de personagens polêmicas e radicais tais como, Malcolm X e Patrice Lumumba. Da Inglaterra vitoriana, chegaram aqueles que revolucionaram o cenário musical: os Beatles e os Rolling Stones que persiste com a sua rebeldia até os dias de hoje, passados já cinquenta e três anos, tocando e fazendo shows. Os distúrbios estudantis em maio de 1968 na França, que teve o apoio de figuras de destaque, como Jean-Paul Sartre e Jean-Luc Godard, acendeou um rastilho que veio até o nosso país, com as marchas de milhares de pessoas após à morte de um estudante no calabouço, desembocando no Ato Institucional de nº 5 e os terríveis anos de chumbo que se seguiram. Nos Estados Unidos, surgiram cantores de protestos, tais como Bob Dylan e Joan Baez, que combatiam com suas músicas, o modo de vida americano e em especial a repudiada guerra do Vietnam. Da morte de "Che" Guevara na selva boliviana. Um outro fato notável que pude assistir, ficando acordado até bem tarde da madrugada com os olhos grudados na tv, foi ver Neil Armstrong, descer a escada do módulo e pisar pela primeira vez no solo da lua, isto lá em 1969. Por conta de alguns jornalistas, no caso Watergate, o Presidente Nixon teve de renunciar, antes disto no nosso país, Jânio Quadros já havia renunciado o que resultou na subida ao poder do vice, João Goulart que foi derrubado por um golpe militar que perdurou por vinte anos. Nos Estados Unidos, surgiu o movimento hippy que pregava paz e amor e que teve seu ponto alto no festival de Woodstock, símbolo da contracultura e do estilo de vida americano. Este sonho foi atropelado e acabou quando Charles Manson e alguns membros da "Família Manson", assassinaram seis pessoas, entre elas, a atriz Sharon Tate grávida de oito meses do diretor Roman Polanski. Não podemos esquecer de Andy Warhol, Basquiat e outros que com sua vanguarda mudaram o rumo, do que se conhecia como arte, para a pop art, ou arte popular. No cenário americano um outro personagem que ficou notável nestas décadas foi Cassius Clay, mais conhecido agora como Muhmmad Ali, o maior pugilista de todos os tempos, que perdeu o título por que não quis ir lutar no Vietnam, tendo o recuperado depois. Nós também tivemos um grande pugilista, mas numa categoria menor, peso galo, o Eder Jofre, o nosso Galo de Ouro. Outro que também trocou o seu nome de origem americana para um islâmico, foi o famoso cantor Cat Stevens, que se tornou Yusuf. Islam. No Brasil, surgiu o movimento da bossa nova, com músicos e cantores do calibre de um João Gilberto, Tom Jobim, João Donato e outros, que após um concerto no Carnegie Hall, influenciaram até mesmo o jazz americano, sendo gravada pelos maiores artistas daquele país. De uma praia que se tornou mais famosa por conta de uma canção e das latas de maconha que vieram dar na praia, despejada por um cargueiro que quis se livrar da prova do crime. A bossa nova foi sucedida pelo Tropicalismo de Gilberto Gil e Caetano Veloso. Vi a União Soviética esfacelar-se em vários países menores e a derrubada do muro que separava as duas Alemanhas. Na música mundial surgiu um cantor americano, que se tornou o maior fenômeno da pop music, Michael Jackson. No nosso esporte mais popular, o futebol, apareceu o desportista do século, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, que em três copas consagrou o nosso país ao lado de gênios, tais como Garrincha e Didi. Infelizmente os bons tempos neste campo acabaram-se e hoje amargamos uma derrota vergonhosa na última copa e em casa, e o que se ouve nas rádios e se vê nas televisões nos horários nobres é o péssimo som dos funks e das músicas sertanejas. Sim, estas últimas décadas foi de uma efervescência nunca antes compartilhada e eu posso dizer: que: OUVI,  LI  E VI, tudo isto acontecer.
Obs: Na foto acima: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagalo!

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