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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

VERÃO E O BELO CANTO DAS CIGARRAS




Acordo de manhã, com o canto alto e sonoro de uma cigarra, que esta pousada no galho de uma grande árvore fora de meu jardim. Ela começa o seu canto à principio baixo e alternado, mas depois que engrena fica contínuo e cada vez mais alto, chegando fácil há mais de cem decibéis. Ela é uma cigarra macho e adulto, pois as fêmeas quase não cantam. Dizem os entendidos, que quando as cigarras estão adultas e as vemos cantando, pouco tempo elas tem de vida, apenas uns dois meses. Há maior parte de sua vida que é longa para um inseto, é debaixo da terra, onde pode alcançar mais de quinze anos. Assim, quando chega o verão, as que já estão adultas, saem em bando da terra para acasalar-se e viverem os últimos dias de suas vidas. O canto das cigarras, me remete para os dias gloriosos da minha infância no Rio onde sempre passava o verão na casa de meus pais, por causa das férias escolares dos estudos que fazia no interior do Estado. Naquela época, quando os dias ficavam bem quente, era elas que anunciavam o verão e havia o canto das cigarras pra todo lado nas muitas árvores que havia no nosso quintal. Quase sempre elas escolhiam árvores bem altas para entoarem seus cantos. Nós, meus irmãos e outros garotos subíamos em tais árvores para pegá-las enquanto elas continuavam cantando. Na maioria das vezes quando íamos dar o bote com os dedos da mão fechada em forma de concha, para segura-las, elas levantavam voo, deixando-nos desapontados nas grimpas daquelas frondosas árvores. Outras vezes conseguíamos pegar algumas e as colocava numa lata com a boca virada para baixo mas com vários furos, que dava para observar a beleza de suas asas transparentes e os seus grandes olhos que sobressaiam da sua cabeça. Muitas vezes aqueles que ficavam embaixo da árvore enquanto outro subia para pega-la era surpreendido com um jato de urina que ela expelia antes de levantar voo. Me lembro de que certa vez, um colega de apelido "Dôdô" subiu numa alta árvore, um pé de eucalipto, para pegar uma cigarra e eu fiquei embaixo para orienta-lo. Devido a altura da árvore e a localização da cigarra, ele subiu carregando um bambu com uma sacola de papel colocado em sua ponta com o seu bojo aberto, para que quando a cigarra levantasse voo, fosse para dentro da sacola. De repente "Dôdô" deixa cair aquele enorme bambu que vem de ponta e me acerta no "cucoruco" da cabeça, abrindo um grande corte que doeu e sangrou bastante, O machucar e se ferir fazia parte de nossas inúmeras travessuras. Depois de um certo tempo em que acabava a nossa curiosidade de aprisionar as cigarras para as observar, nós levantávamos a vasilha e as deixávamos alçar voo. Good time, de uma época em que nós crianças tínhamos muitas brincadeiras sadias e mesmo nas peraltices que é prender animais por um curto período de tempo mas não havia qualquer sombra de maldade como há hoje em dia em que vemos adultos maltratando e matando indefesos animais pelo simples prazer de fazerem o mal. A infância era vivida de maneira plena por nós moleques travessos de um Rio de Janeiro que não existe mais. A construção de inúmeros prédios, os "arranha-céus" acabaram com os grandes quintais e seus arvoredos, com isto, praticamente expulsaram as cigarras para outros ares.            

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