Páginas

domingo, 13 de abril de 2014

SALTANDO SEM REDE DE SEGURANÇA






Me lembro de quando criança, ter assistido um filme épico dirigido por Cecil B.DeMille, "O Maior Espetáculo da Terra" que chegou a ganhar o "Oscar" de melhor filme do ano, embora não fosse um primor de destaque na sétima arte. O filme conta uma história que se desenrola num grade circo, com vários bons números circenses que encheram os meus olhos infantis de emoção e entre tais coisas, havia espetaculares números acrobáticos de trapézio. Lá pelo meio do filme, o trapezista principal, Sebastian, a fim de ganhar uma disputa pessoal com Holly a mocinha e também trapezista, resolve dar um salto mortal triplo mas manda tirar a rede de segurança, que ficava embaixo, para o proteger no caso de alguma queda. Na vida, assim como no filmado circo, as vezes agimos assim. Por causa de fama, disputa ou para ganharmos notoriedade, corremos grandes riscos desnecessários, tirando espontaneamente a rede de proteção, ou seja, qualquer coisa que nos daria mais segurança em nossa tarefa. Passamos a agir como tolos, achando que nada de mal vai nos acontecer, que somos praticamente imortais. Também agimos assim por causa de dinheiro, adrenalina ou outra promoção qualquer e vamos aceitando desafios cada vez maiores, até que um dia acontece um fato trágico que podemos classificar de até certo ponto previsível, somos vencidos por ele e perdemos a vida ou ficamos entrevados numa cadeira de rodas. Sim, quantas pessoas que nós conhecemos que viviam desafiando à morte em esportes radicais em que se exigia muito adrenalina e hoje, ou estão mortos ou paraplégicos. Há uma centena deles. Isto não significa que vamos agora ficar com medo de tudo e nem sair de casa para não corrermos quaisquer riscos. A própria vida em si, neste velho sistema é um risco e muitos perderam à sua vida em casa, com um simples escorregão no banheiro. Há de se ter então um equilíbrio quanto aos riscos que todos os dias temos de enfrentar, estes aumentam ou diminuem nas escolhas que fazemos, evitando assim os riscos maiores, à toa e desnecessários como muitos o procuram por simples adrenalina. Sempre que pudermos, vamos fazer uso da "rede de segurança", que é qualquer coisa que torne o risco menor. Voltando a história do filme, o grande trapezista Sebastian, resolve fazer então um número radical para desafiar a estrela do espetáculo, também trapezista por quem se apaixonara mas que não era bem correspondido, pois ela amava outro, no caso o dono do circo. Assim, ele resolve dar um tríplice salto mortal no trapézio mas manda que os empregados do circo, tirem a rede de segurança que estava armada embaixo de toda extensão do trapézio. Às suas ordens, embora superpreocupados os ajudantes do circo, retiram a rede de proteção e assim Sebastian começa a balançar-se para lá e para cá, a fim de efetuar a manobra arriscadíssima. Quando Sebastian viu que estava na altura e velocidade desejada, parte para o voo acrobático, onde faz várias piruetas antes de tentar agarrar o outro trapézio lançado por um outro trapezista ajudante, que deveria estar em sincronia com a sua chegada. Acontece que por milésimos de frações de segundo, o trapézio não está no local devido e Sebastian cai de uma grande altura e se estatela no chão, para espanto de toda uma assistência que o observava admirada. Socorrido à tempo ele consegue sobreviver mas fica paralítico e nunca mais pôde subir num trapézio e fazer grandes manobras acrobáticas como fazia, passando a trabalhar no circo como um simples ajudante e não mais sendo o "ás" do espetáculo como era, tudo porque resolveu saltar sem rede de proteção. Que tenhamos sempre isto em mente, nunca corrermos riscos desnecessários ou dispensar coisas que nos podem proteger por simples exibicionismo.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário