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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

DA JOVEM À VELHA GUARDA COM ESTILO







Ao ver o programa de fim de ano da Globo, que comemora os 40 anos de Roberto Carlos naquela casa, onde o "Rei" reprisou como sempre velhos sucessos, alternando algumas canções com versos e frases de amor, tendo a companhia de jovens cantores que deram novas roupagens a sua consagrada discografia, fiquei refletindo sobre à sua trajetória. Dizem os mais entendidos que com base numa frase do filósofo revolucionário russo Vladimir Lenin, "O futuro pertence a jovem guarda, porque a velha guarda está ultrapassada", em meados da década de sessenta, surgiu um programa televisivo em São Paulo, liderado por Roberto Carlos, cujo nome era "JOVEM GUARDA" que foi um enorme sucesso. Ele tinha em sua companhia no comando, Erasmo e Wanderléa e um amontoado de cantores jovens, que inovaram o cenário musical brasileiro, a princípio com versões de rocks internacionais e depois com suas próprias canções sempre pautadas em temas simples de amor e seus conflitos, como o eram também as músicas dos Beatles. Roberto Carlos, que no início de carreira, começou tentando imitar João Gilberto e o estilo da bossa nova, logo viu que havia uma grande lacuna aberta e que poderia ser preenchida por sua turma jovem. Dono de um timbre de voz baixa, cristalina e de uma sonoridade perfeita, logo se tornou um ícone musical, arrastando atrás de si toda uma geração de músicos e cantores. A princípio foi rejeitado por aqueles que eram elitistas e engajados contra o movimento político que se instalara no país e que não viam com bons olhos aquele cantor, que para eles era um alienado ao que acontecia. Ao ser aceito e respeitado pelos líderes do movimento tropicalista, como Caetano e Gilberto Gil, Roberto Carlos virou de um dia pra outro um "cult" e "Rei", com direito a coroa e tudo no programa do Chacrinha. Não que ele não merecesse tal título, pois já provara pela sua extensa obra musical com composições que perduram até hoje, de que é um campeão nacional, sem nenhum concorrente à sua altura. Você como eu, pode até achar meio brega o seu show de fim de ano e as suas últimas composições, de que ele vive de certa forma do que produziu lá no passado. Você também pode não aprovar a sua postura ante àquele escritor que tentou publicar a sua biografia e foi impedido judicialmente por Ele. Você pode até achar como alguns acham, de que algumas composições que levam sua autoria, foram compradas ou furtadas de outros compositores. Mas, o que não se pode negar é que Ele possui uma excelente voz, umas centenas de ótimas composições e um carisma enorme, que tem atravessado gerações que o amam e o admiram, como um verdadeiro "Rei". Fico eu, revolvendo um passado não muito distante, quando por umas duas ou três vezes, eu e o "Rei" ocupávamos o mesmo espaço pequeno do elevador que nos levava até o vigésimo quinto andar da Avenida Treze de Maio número vinte e três, no Centro do Rio, que era o auditório da Rádio Guanabara, onde ele se apresentava no programa do Carlos Imperial. Naquela ocasião ninguém poderia imaginar que ele chegaria tão longe como de fato chegou. Enquanto hoje, os novos cantores sertanejos ficam alardeando que tudo irá mudar quando eles tiverem na direção de um "Camaro Amarelo", que custa uns míseros duzentos mil reais, o "Rei" aos 72 anos, portanto longe da jovem e já na velha guarda, desfila na zona sul do Rio onde mora, pilotando uma caranga, verdadeira máquina quente, a sua Lamborghini Gallardo conversível branca, que custa por baixo um milhão e meio de reais mas nem por isto, alardeia que tem tudo por conta do carro. Coisa de quem é um verdadeiro "Rei".

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